Afinal, quem somos?
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
A
sociedade terrena encontra-se mergulhada numa situação muito difícil. Não nos
referimos aqui tão somente às mortes e aos efeitos econômicos nefastos decorrentes
da pandemia da Covid-19, que se apresenta como um fator agravante de algo que
já não estava bem.
Com
efeito, mesmo antes da pandemia os órgãos de comunicação nos mostravam multidões
morrendo à míngua em diversos países do planeta, milhares de famílias vitimadas
por flagelos naturais inúmeros, crianças sem lar e sem abrigo, jovens partindo do
mundo após um aborto malsucedido, políticos flagrados com o dinheiro da
corrupção, números crescentes de violência contra crianças e mulheres, bem como
a eterna e insolúvel luta entre traficantes e polícia... e por aí afora.
Se
acrescentarmos a isso as tribulações pessoais, veremos mais: o drama dos
milhões que se encontram desempregados, os jovens que buscam nas drogas ou no
suicídio a solução para os seus dilemas e a falência moral da sociedade
contemporânea, que engendra o crime, a violência, a corrupção e o desespero,
até mesmo em um país rico como o nosso, onde a população, em sua imensa
maioria, se intitula adepta dos ensinamentos de Jesus.
Afinal,
quem somos?
Como
Allan Kardec escreveu certa vez, se a Humanidade fosse considerada somente pelo
ângulo da vida no planeta Terra, poder-se-ia concluir que a espécie humana
triste coisa é. Seria como se analisássemos a população de uma grande cidade
levando-se em conta somente os enfermos de um hospital ou os detentos de uma
penitenciária. Ocorre que a população de uma cidade não se resume aos que vivem
nos referidos locais, mas é, sim, a soma de todos os elementos que a compõem:
os enfermos, os criminosos, as pessoas sadias, os pobres, os ricos, os idosos,
os jovens e as crianças.
Da
mesma maneira que em uma penitenciária não se encontra toda a população de uma
cidade, a Humanidade não se acha inteiramente na Terra. Os Espíritos do Senhor
não pertencem exclusivamente ao nosso orbe. Existem muitas moradas na casa do Pai, conforme Jesus fez questão de revelar. E todas elas são necessárias
para que alcancemos a meta a que estamos destinados, ou seja, a perfeição
relativa que é possível ao ser humano atingir.
No
planeta em que vivemos ocorre o que muitos chamam de estranho paradoxo. O
avanço científico extraordinário dos últimos cem anos coincidiu com a eclosão
de duas guerras mundiais e com o estado de alerta permanente dos povos que
temeram por muito tempo, com razão, o advento de uma terceira grande guerra,
que certamente seria a última.
A
contradição apontada por alguns é, porém, falsa, porque o planeta sempre esteve
envolto em guerras, que têm, infelizmente, marcado a história dos povos.
Como
o progresso científico verificado no globo não foi acompanhado de um
equivalente progresso moral, tem-se a impressão de que se verifica na Terra um
processo de involução ou retrocesso, quando o que ocorre é, efetivamente, uma
revolução, derivada dos séculos de tortura, perseguições, exploração e morte. E
a finalidade dessa revolução é limpar o terreno para as futuras gerações
comprometidas com a paz e a justiça social. Nesse sentido, devemos ter sempre
em mente estas palavras de Jesus: “Bem-aventurados os mansos, porque eles
herdarão a terra”. (Cf. Mateus 5:5.)
Nunca
será demais repetir que a morte e a reencarnação estabelecem um sistema de
trocas entre o plano material e o plano espiritual. A morte leva daqui, todos
os dias, as gerações acumpliciadas com a velha ordem. A reencarnação traz de
novo à cena os seres que, havendo por aqui passado inúmeras vezes, retornam com
novas ideias e ânimo redobrado no sentido de estabelecer o reino de Deus na
Terra.
É
necessário, contudo, que as ideias materialistas, fortalecidas pelo materialismo dos que se intitulam
cristãos, não concorram para o efeito contrário, que seria a destruição em vez
da preservação desta morada acolhedora que dá o alimento e o amparo a todos os
que a buscam com espírito de tolerância, trabalho e solidariedade.
O
estado de fome e penúria em que vivem muitos povos é um fenômeno antes moral
que econômico, visto que ninguém ignora que os recursos aplicados na arte da
guerra são mais que suficientes para erradicar a miséria e implantar as escolas
de que o mundo carece.
Obviamente,
não devemos chegar ao ponto de somente mirar as coisas do céu, porque em tudo o
meio termo é sinônimo de bom senso. Mas não deixemos que a visão estreita da
vida, esse materialismo desenfreado que nos consome, aniquile as possibilidades
imensas que se encontram à nossa disposição para o nosso crescimento no rumo do
infinito, o qual nos aguarda a todos, queiramos ou não, seja qual for a
concepção que tenhamos da vida, a cor da nossa pele ou a crença que ostentamos.
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