domingo, 9 de maio de 2021

 



Reencarnação é heresia; evocação é pecado. Parvoíce ou verdade?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Os teólogos mudaram por completo o tom das críticas que fazem ao Espiritismo. Já foi o tempo em que as comunicações mediúnicas eram tidas como coisa do “demônio” e em que os médiuns não passavam de farsantes.

Essa postura nova pode ser encontrada em obras diversas, como por exemplo no livro intitulado “Espiritismo e Fé”, de frei Boaventura Kloppenburg, publicado pelo Círculo de Leitura em 1986.

Frei Kloppenburg, que faleceu em 8 de maio de 2009, tornou-se bastante conhecido dos espiritistas brasileiros, devido às diversas publicações de sua lavra dirigidas contra os “heréticos” do século XX. Na obra citada o teólogo assumiu, no entanto, uma posição curiosa. Primeiro, declara que jamais a Igreja atribuiu oficialmente ao demônio as comunicações do Além. De acordo com seu ponto de vista, as comunicações espíritas são perfeitamente possíveis; o erro seria evocar os Espíritos e estaria aí o “pecado” dos espiritistas.

A evocação – ou seja, o chamamento dos Espíritos por parte de médiuns ou evocadores – seria um “pecado” condenado pela Bíblia e constituiria, segundo seu ponto de vista, um dos dois grandes males do Espiritismo. O outro, chamado por ele de “heresia”, é a crença na reencarnação. Heréticos seriam, pois, todos aqueles que acreditam na tese da volta de um Espírito a um novo corpo físico para dar prosseguimento à sua marcha evolutiva. Esse, o núcleo das novas ideias divulgadas pelo ilustre teólogo.

Evidentemente, cabe-nos respeitar todas as opiniões sinceras. Frei Boaventura foi, sem dúvida, um teólogo respeitável e sincero; merece por isso o nosso maior respeito. Mas é preciso esclarecer que nem a reencarnação, muito menos a evocação dos Espíritos, foram objeto de condenação por Jesus de Nazaré, o verdadeiro autor da doutrina cristã, que é superior, sob todos os pontos de vista, à doutrina contida no Antigo Testamento, a que recorrem os críticos do Espiritismo para buscar a proibição da evocação dos mortos.

A reencarnação é um dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita e, sem dúvida, um dos seus pontos fortes. Quem o diz são os espíritas recém-convertidos, que explicam que foi graças ao conhecimento da reencarnação que puderam compreender melhor seus problemas de ordem existencial e resolvê-los.

Depois dos trabalhos publicados por Ian Stevenson e Banerjee, que se ocuparam por longo tempo com o assunto, a reencarnação deixou de ser a crença ingênua atribuída aos espiritistas para ingressar na área acadêmica. E foi exatamente um psicólogo de formação protestante – o americano Morris Netherton – quem, há mais de quarenta anos, fundou uma nova técnica terapêutica baseada em nossas vidas ou vivências passadas, à qual se filiam médicos e profissionais da área da saúde em várias partes do mundo.

A comunicação dos chamados mortos tem convertido mais de um pai desesperado que encontra na carta post mortem do filho querido a mensagem confortadora da fé, da imortalidade e da esperança.

Chico Xavier foi instrumento de centenas de casos dessa ordem. Mas não foi ele quem evocou os jovens que partiram. Foi a saudade, o desejo do reencontro, o sofrimento dos pais que fizeram – e ainda fazem – com que tais Espíritos voltem até nós para dizer que estão vivos, que a morte não existe e que é em Jesus que encontraremos a verdadeira senda para a felicidade com que sonhamos.

A evocação direta dos Espíritos foi um processo adotado por Kardec e por inúmeros discípulos do Codificador para a estruturação da Doutrina Espírita. Kardec levava às reuniões um rol contendo várias indagações. Os Espíritos as respondiam. Assim surgiu “O Livro dos Espíritos”. Atualmente, porém, não se pratica a evocação, tão condenada por Frei Boaventura. Os instrutores do Plano Espiritual, Emmanuel à frente, chamam-nos a atenção para a desnecessidade atual das evocações diretas, de modo que os Espíritos comunicam-se nas sessões espíritas espontaneamente, segundo a permissão de Deus, o tempo de que dispõem e sua própria necessidade ou vontade de se manifestar por meio de um médium.

 

 

 

 


Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.

 

 

  

3 comentários:

  1. Muito bom o artigo. Enxuto, objetivo e esclarecedor.

    ResponderExcluir
  2. Gostei do artigo. Quem sabe vc poderia agregar a bibliografia q utilizou p escreve -lo? Gostaria de saber em q livro Emmanuel teceu estes comentários sobre evocacao

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Emmanuel tratou do tema evocação na questão 369 do livro “O Consolador”, que adiante reproduzimos:
      369 – É aconselhável a evocação direta de determinados Espíritos?
      - Não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum. Se essa evoca-ção é passível de êxito, sua exequibilidade somente pode ser examinada no plano espiritual. Daí a necessidade de sermos espontâneos, porquanto, no complexo dos fenômenos espiríti-cos, a solução de muitas incógnitas espera o avanço moral dos aprendizes sinceros da Doutri-na. O estudioso bem-intencionado, portanto, deve pedir sem exigir, orar sem reclamar, ob-servar sem pressa, considerando que a esfera espiritual lhe conhece os méritos e retribuirá os seus esforços de acordo com a necessidade de sua posição evolutiva e segundo o mere-cimento do seu coração. Podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação dire-ta, procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador, aliada a necessidade de méritos ainda distantes da esfera de atividade dos aprendizes comuns.

      Excluir