sexta-feira, 30 de julho de 2021

 



Fatos Espíritas


William Crookes


Parte 10

 

Damos prosseguimento nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.

Nosso propósito é que este estudo sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados Clássicos do Espiritismo.

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que fotografia de Katie King é considerada por Crookes uma das mais interessantes?

B. Que diferenças físicas entre Katie e a Srta. Cook foram notadas por Crookes?

C. Como foram os momentos finais da despedida entre Katie e a médium Florence Cook?

 

Texto para leitura

 

181. Referindo-se à Srta. Cook, William Crookes diz que durante esses seis últimos meses ela lhe fez numerosas visitas e demorava-se algumas vezes uma semana em sua casa, trazendo consigo pequena mala de mão, que não fechava à chave.

182. Durante o dia estava em companhia da Sra. Crookes, dele próprio ou de algum outro membro de sua família. Não dormia só e, portanto, não tinha ocasião de preparar algo, mesmo de caráter menos aperfeiçoado, que fosse apto para representar o papel de Katie King.

183. Ele mesmo preparou e dispôs sua biblioteca, assim como a câmara escura, e, como de costume, depois que a Srta. Cook jantava e conversava com a família, ela se dirigia logo ao gabinete. A seu pedido, ele fechava à chave a segunda porta, guardando a chave consigo durante toda a sessão; então, abaixava-se o gás e deixava-se a Srta. Cook na escuridão.

184. Entrando no gabinete, a Srta. Cook deitava-se no soalho, repousando a cabeça num travesseiro, e logo depois caía em letargia. Durante as sessões fotográficas, Katie envolvia a cabeça da médium com um xale, para impedir que a luz lhe caísse sobre o rosto. Várias vezes Crookes levantou um lado da cortina, quando Katie estava em pé, muito perto, e então não era raro que as 7 ou 8 pessoas que estavam no laboratório pudessem ver, ao mesmo tempo, a Srta. Cook e Katie, à plena claridade da luz elétrica.

185. Não se podia então perceber o rosto da médium, por causa do xale, mas todos notavam suas mãos e pés, e viam-na mover-se, penosamente, sob a influência dessa luz intensa e, por momentos, ouviam-lhe os gemidos.

186. Diz Crookes: “Tenho uma prova de Katie e da médium fotografadas juntamente; mas Katie está colocada diante da cabeça da Srta. Cook. Enquanto eu tomava parte ativa nessas sessões, a confiança que em mim tinha Katie aumentava gradualmente, a ponto de ela não querer mais prestar-se à sessão, sem que eu me encarregasse das disposições a tomar, dizendo que queria sempre me ter perto dela e perto do gabinete. Desde que essa confiança ficou estabelecida, e quando ela teve a satisfação de estar certa de que eu cumpriria as promessas que lhe fazia, os fenômenos aumentaram muito em força e foram-me dadas provas que me seriam impossíveis obter se me tivesse aproximado da médium de maneira diferente”.

187. Katie King o interrogava muitas vezes a respeito das pessoas presentes às sessões e sobre o modo de serem colocadas, pois nos últimos tempos se tinha tornado muito nervosa, em consequência de certas sugestões imprudentes, que aconselhavam empregar a força para tornar as pesquisas mais científicas.

188. Uma das fotografias mais interessantes é aquela em que Crookes está em pé, ao lado de Katie, tendo ela o pé descalço sobre determinado ponto do soalho. Vestiu-se em seguida a Srta. Cook como Katie; ela e ele se colocaram exatamente na mesma posição, e foram fotografados pelas mesmas objetivas colocadas perfeitamente como na outra experiência, e alumiados pela mesma luz.

189. Quando os dois esboços foram postos um sobre o outro, as duas fotografias de Crookes coincidiram perfeitamente quanto ao porte, etc., mas Katie era maior meia cabeça do que a Srta. Cook e perto desta parecia uma mulher gorda. Em muitas provas, o tamanho do seu rosto e a estatura do seu corpo diferem essencialmente da médium e as fotografias fazem ver vários outros pontos de dessemelhança.

190. A fotografia é, no entanto, tão impotente para representar a beleza perfeita do rosto de Katie quanto as próprias palavras o são para descrever o encanto de suas maneiras. A fotografia pode, é verdade, dar um desenho do seu porte; mas como poderá ela reproduzir a pureza brilhante de sua tez ou a expressão sempre cambiante dos seus traços, tão móveis, ora velados pela tristeza, quando narrava algum acontecimento doloroso da sua vida passada, ora sorridente, com toda a inocência de uma menina, quando reunia os filhos de Crookes ao redor de si e os divertia contando-lhes episódios das suas aventuras na Índia?

191. Crookes viu tão bem Katie, recentemente, quando estava alumiada pela luz elétrica, que lhe é possível acrescentar alguns traços às diferenças que, em precedente artigo, estabeleceu entre ela e a médium.

192. Afirma Crookes: “Tenho a mais absoluta certeza de que a Srta. Cook e Katie são duas individualidades distintas, pelo menos no que diz respeito aos seus corpos. Vários pequenos sinais, que se acham no rosto da Srta. Cook, não existem no de Katie. A cabeleira da Srta. Cook é de um castanho tão forte que parece quase preto; um cacho da cabeleira de Katie, que tenho à vista e que ela me permitira cortar de suas tranças luxuriantes, depois de ter seguido com os meus próprios dedos até ao alto da sua cabeça e de haver convencido de que ali nascera, é de um rico castanho dourado”.

193. Continua Crookes: “Uma noite, contei as pulsações de Katie; o pulso batia regularmente 75, enquanto o da Srta. Cook, poucos instantes depois, atingia a 90, seu número habitual. Auscultando o peito de Katie, eu ouvia um coração bater no interior e as suas pulsações eram ainda mais regulares que as do coração da Srta. Cook, quando, depois da sessão, ela me permitia igual verificação. Examinados da mesma forma, os pulmões de Katie mostraram-se mais sãos que os da médium, pois, no momento em que fiz a experiência, a Srta. Cook seguia tratamento médico por motivo de grave bronquite”.

194. Quando chegou o momento de Katie os deixar, Crookes pediu-lhe o obséquio de ser ele o último a vê-la. Chamou ela a si cada pessoa da sociedade e lhes disse algumas palavras em particular, dando instruções gerais sobre a proteção a dispensar à Srta. Cook. Essas instruções, que foram estenografadas, dizem o seguinte: “O Sr. Crookes sempre agiu muito bem, e é com a maior confiança que deixo Florence em suas mãos, perfeitamente convicta de que não faltará à confiança que tenho nele. Em todas as circunstâncias imprevistas, o Sr. Crookes poderá agir melhor do que eu mesma, porque tem mais força”.

195. Tendo terminado suas instruções, Katie convidou-o a entrar no gabinete consigo e permitiu-lhe ficar nele até o fim. Depois de fechada a cortina, conversou durante algum tempo, em seguida atravessou o quarto para ir até à Srta. Cook, que jazia inanimada no soalho. Inclinando-se para ela, Katie tocou-a e disse-lhe: “Acorda, Florence, acorda! É preciso que eu te deixe agora!”

196. A Srta. Cook acordou e, em lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda. “Minha cara, não posso; a minha missão está cumprida; Deus te abençoe!”, respondeu Katie, e continuou a falar à Srta. Cook. Durante alguns minutos conversaram juntas, até que enfim as lágrimas da Srta. Cook a impediram de falar. Seguindo as instruções de Katie, Crookes precipitou-se para suster Cook, que ia cair sobre o soalho e soluçava convulsivamente. Olhou ao redor de si, mas Katie, com o seu vestido branco, tinha desaparecido. Logo que a Srta. Cook ficou suficientemente calma, trouxeram luz e ela foi conduzida para fora do gabinete.

197. As sessões quase diárias, com que a Srta. Cook favoreceu as pesquisas de William Crookes, muito esgotaram as suas forças. A qualquer prova que ele propusesse, concordava ela em submeter-se com a maior boa vontade; sua palavra é franca e viva e vai diretamente ao assunto. Crookes nunca viu nela a menor coisa que pudesse assemelhar-se à mais ligeira aparência do desejo de enganar. E na verdade, não acreditava que ela pudesse levar uma fraude a bom termo, porque, se o tentasse, seria prontamente descoberta, por ser completamente estranho à sua natureza tal modo de proceder.

198. Concluindo suas anotações, diz Crookes:

“E quanto a imaginar que uma inocente colegial de 15 anos tenha sido capaz de conceber e de pôr em prática durante três anos, com grande êxito, tão gigantesca impostura como esta, e que durante esse tempo se tenha submetido a todas as condições que dela se exigiram, que tenha suportado as pesquisas mais minuciosas, que tenha consentido em ser examinada a cada momento, fosse antes, fosse depois das sessões; que tenha obtido ainda mais êxito na minha própria casa do que na casa de seus pais, sabendo que ia para ali expressamente com o fim de se submeter a rigorosos ensaios científicos, quanto a imaginar que a Katie King dos três últimos anos é o resultado de uma impostura, isso faz mais violência à razão e ao bom senso do que crer que Katie King é o que ela própria afirma ser. Não me seria conveniente concluir este artigo sem agradecer igualmente ao Sr. e à Sra. Cook as grandes facilidades que me proporcionaram para poder prosseguir nas minhas observações e experiências. Os meus agradecimentos e os de todos os espiritualistas são também devidos ao Sr. Charles Blackburn, pela sua generosidade que permitiu à Srta. Cook consagrar todo o seu tempo ao desenvolvimento dessas manifestações e, em último lugar, ao seu exame científico.”

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Que fotografia de Katie King é considerada por Crookes uma das mais interessantes?

Trata-se de uma fotografia em que Crookes está em pé, ao lado de Katie, tendo ela o pé descalço sobre determinado ponto do soalho. Vestiu-se em seguida a Srta. Cook como Katie; ela e ele se colocaram exatamente na mesma posição, e foram fotografados pelas mesmas objetivas colocadas perfeitamente como na outra experiência, e alumiados pela mesma luz. Quando os dois esboços foram postos um sobre o outro, as duas fotografias de Crookes coincidiram perfeitamente quanto ao porte, etc., mas Katie era maior meia cabeça do que a Srta. Cook e perto desta parecia uma mulher gorda. Em muitas provas, o tamanho do seu rosto e a estatura do seu corpo diferiam essencialmente da médium e as fotografias mostram vários outros pontos de dessemelhança. (Fatos Espíritas – Última aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica.)

B. Que diferenças físicas entre Katie e a Srta. Cook foram notadas por Crookes?

Segundo ele, vários pequenos sinais, que se achavam no rosto da Srta. Cook [a médium], não existiam no de Katie King [o Espírito materializado]. A cabeleira da Srta. Cook era de um castanho tão forte que parecia quase preto; um cacho da cabeleira de Katie, que ele próprio cortou de suas tranças, era de um rico castanho dourado. Uma noite, ele contou as pulsações de Katie; o pulso batia regularmente 75, enquanto o da Srta. Cook, poucos instantes depois, atingia a 90, seu número habitual. Auscultando o peito de Katie, ele ouviu um coração bater no interior e suas pulsações eram ainda mais regulares que as do coração da Srta. Cook, quando, depois da sessão, ela lhe permitiu igual verificação. Examinados da mesma forma, os pulmões de Katie mostraram-se mais sãos que os da médium, pois, no momento em que fez a experiência, a Srta. Cook seguia tratamento médico por motivo de grave bronquite. (Obra citada – Última aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica.)

C. Como foram os momentos finais da despedida entre Katie e a médium Florence Cook?

Foram comoventes. Katie atravessou o quarto para ir até à Srta. Cook, que jazia inanimada no soalho. Inclinando-se para ela, Katie tocou-a e disse-lhe: “Acorda, Florence, acorda! É preciso que eu te deixe agora!”  A Srta. Cook acordou e, em lágrimas, suplicou a Katie que ficasse algum tempo ainda. “Minha cara, não posso; a minha missão está cumprida; Deus te abençoe!”, respondeu Katie, e continuou a falar à Srta. Cook. Durante alguns minutos conversaram juntas, até que enfim as lágrimas da Srta. Cook a impediram de falar. Seguindo as instruções de Katie, Crookes precipitou-se para suster Cook, que ia cair sobre o soalho e soluçava convulsivamente. Olhou ao redor de si, mas Katie, com o seu vestido branco, tinha desaparecido. (Obra citada – Última aparição de Katie King, sua fotografia com o auxílio da luz elétrica.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 9 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/07/blog-post_23.html

 

 

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele nos propicia.

 

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário