A Gênese
Allan Kardec
Parte 12
Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
89. Qual é o fenômeno
particular que acompanha sempre a encarnação do Espírito?
O fato que sempre acompanha a encarnação do Espírito é o estado de
perturbação, que se verifica desde que o Espírito é apanhado no laço fluídico
que o prende ao gérmen, e que aumenta à medida que o laço se aperta, perdendo o
Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que
jamais presencia seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a
recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e
consolidam os órgãos que lhe hão de servir às manifestações. (A Gênese, cap. XI, item 20.)
90. Por que o Espírito,
no processo reencarnatório, ao recobrar a consciência de si mesmo, perde a
lembrança do passado?
É bom ter em mente que o Espírito perde a lembrança do seu passado, mas
não perde as faculdades, as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas,
que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que, voltando à
atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e melhor do que antes. Ele renasce qual se
fizera pelo seu trabalho anterior; o seu renascimento lhe é um novo ponto de
partida, um novo degrau a subir.
O esquecimento temporário do passado se deve à bondade do Criador, visto
que a lembrança do pretérito, adicionada aos amargores de uma nova existência,
poderia turbá-lo e criar-lhe embaraços. Eis por que ele apenas se lembra do que
aprendeu, uma vez que isso lhe é útil, e se às vezes lhe é dado ter uma
intuição dos acontecimentos passados, essa intuição é como a lembrança de um
sonho fugitivo. Ei-lo, pois, um novo homem, por mais antigo que seja como
Espírito, o qual adota novos processos, auxiliado por suas aquisições
precedentes. E quando retorna à vida espiritual, seu passado se lhe desdobra
diante dos olhos e ele julga de como empregou o tempo, se bem ou mal. (Obra
citada, cap. XI, item 21.)
91. O esquecimento das
vidas passadas é absoluto ou relativo?
Esse esquecimento é, como vimos, relativo. Não há solução de continuidade
na vida espiritual, sem embargo do esquecimento do passado. Cada Espírito é
sempre o mesmo “eu”, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas,
uma fase da sua existência. O próprio esquecimento se dá tão somente no curso
da vida exterior de relação. Durante o sono, desprendido em parte dos liames
carnais, restituído à liberdade e à vida espiritual, o Espírito se lembra de
fatos anteriores, visto que, então, já não tem a visão tão obscurecida pela
matéria. (Obra citada, cap. XI, itens 21 e 22.)
92. Em que condições a
alma se ensaia para a vida e desenvolve suas primeiras faculdades?
Passando pelos diversos graus da animalidade é que a alma se ensaia para
a vida e desenvolve, pelo exercício, suas primeiras faculdades. Esse seria para
a alma, por assim dizer, o período de incubação. Chegada ao grau de
desenvolvimento que esse estado comporta, ela recebe as faculdades especiais
que constituem a alma humana. Haveria assim filiação espiritual do animal para
o homem, como há filiação corporal. Este sistema, fundado na grande lei de
unidade que preside à criação, corresponde à justiça e à bondade do Criador, e
dá uma saída, uma finalidade, um destino aos animais, que deixam então de
formar uma categoria de seres deserdados, para terem, no futuro que lhes está
reservado, uma compensação aos seus sofrimentos. (Obra citada, cap. XI, item
23.)
93. Por que é útil ao
Espírito sua união à matéria?
A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover ao alimento do corpo,
à sua segurança, ao seu bem-estar, o força a empregar suas faculdades em
investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu
adiantamento é sua união com a matéria. Daí o constituir a encarnação uma
necessidade. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu
proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso material do
globo que lhe serve de habitação. É assim que, progredindo, colabora na obra do
Criador, da qual se torna fator inconsciente. (Obra citada, cap. XI, item 24.)
94. A encarnação do
Espírito é um estado permanente ou transitório?
A encarnação é um estado transitório. Além disso, deixando um corpo, o
Espírito não retoma imediatamente outro. Durante mais ou menos considerável
lapso de tempo, vive da vida espiritual, que é sua vida normal, de tal sorte
que insignificante vem a ser o tempo que lhe duram as encarnações, se comparado
ao que passa no estado de Espírito livre. (Obra citada, cap. XI, item 25.)
95. O Espírito progride
também na erraticidade?
Sim. No intervalo de suas encarnações, o Espírito progride igualmente, no
sentido de que aplica ao seu adiantamento os conhecimentos e a experiência que
alcançou no decorrer da vida corporal. Ele examina, então, o que fez enquanto
habitou a Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça
planos e toma resoluções pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a
ideia de melhor se conduzir. Desse jeito, cada existência representa um passo
para a frente no caminho do progresso, uma espécie de escola de aplicação. (Obra
citada, cap. XI, item 25.)
96. Que acontece ao
Espírito que, por negligência, retarda o seu avanço?
Quando o Espírito retarda o seu avanço, prolonga o número de suas
reencarnações materiais, que, então, se lhe tornam uma punição, pois que, por
falta sua, ele permanece nas categorias inferiores, obrigado a recomeçar a
mesma tarefa. Depende, pois, do Espírito abreviar, pelo trabalho de depuração
executado sobre si mesmo, a extensão da necessidade das encarnações. (Obra
citada, cap. XI, item 26.)
Observação: Para acessar
a Parte 11 deste estudo, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/09/a-genese-allan-kardec-parte-11.html
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