Fatos Espíritas
William Crookes
Parte 18
Damos prosseguimento nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Nesta obra são citados outros fenômenos em que os
Espíritos materializados foram reconhecidos?
B. Um fato marcou em especial a aparição do sacerdote
citado na questão precedente. Que fato foi esse?
C. Que circunstância cercou a manifestação de um
ex-operário do Sr. Brown, que falecera na Austrália anos antes?
Texto para
leitura
316. O Sr. Keulemans desenhou também
diferentes luzes, que aparecem nessas sessões de materialização. A temperatura
das luzes encarnadas é a do sangue humano quente; são espécies de discos
brilhantes, que são muitas vezes seguros por mãos luminosas. Certas partes
desse discos assemelham-se exatamente à matéria cinzenta do cérebro; seu poder
radiante é mais ou menos notável. Pode-se supor que esses discos sejam a
matéria radiante ou a matéria ódica de Reichenbach, mas a mão luminosa que os
segura torna a questão mais complexa. “Algumas vezes, diz o Sr. Keulemans,
essas luzes tomam a forma de uma cruz.”
317. Materialização de diversos Espíritos, que são reconhecidos –
Havendo em São Francisco uma excelente médium, a Sra. Moore, tratou o Sr. H. J.
Brown, com ela, uma sessão particular, à qual só a sua família assistiria. A
Sra. Moore fez que fosse examinado o quarto e o lugar onde ela se devia
localizar.
318. Os pais do Sr. H. J. Brown
materializaram-se e foram reconhecidos. A governanta dos seus filhos, a Sra.
Réa, viu e reconheceu vários parentes, porém o mais curioso fenômeno foi a
aparição de um sacerdote, que a Sra. Réa havia conhecido; ele apontou para a
garganta, como se não pudesse falar, depois desapareceu. Nessa época, a Sra.
Réa não sabia que esse sacerdote tinha morrido; soube mais tarde, chegando a
Nova Iorque, que ele havia falecido de um cancro doloroso na garganta.
319. O lado característico dessa
sessão é que os assistentes acreditavam que, apontando para a garganta, a forma
materializada do sacerdote queria dar a entender que não podia falar, ao passo
que seu fim era indicar que ela tinha sido afetada na garganta. Os dois fatos,
reunidos, completam-se de maneira admirável.
320. Em outra sessão, com as mesmas
pessoas, houve uma materialização não menos interessante. Um mecânico chamado
Charlie, que trabalhava com o Sr. Brown, na Austrália, acidentando-se por
imprudência, foi conduzido moribundo para Melbourne e não pôde pronunciar senão
alguma palavras; o Sr. Brown compreendeu que ele lhe recomendava a sua mulher,
que, graças a uma subscrição, pôde manter uma pequena loja para não cair na
miséria. “Empreguei tantos operários, diz o Sr. Brown, que certamente não podia
pensar no que me aparecia materializado”. Assim, quando a sua forma
materializada apareceu diante dele, não a reconheceu. De repente, sua mulher,
que a tinha examinado, exclamou: “Mas este é o homem acidentado em nosso
estabelecimento!”
321. A forma materializada mostrou um
semblante satisfeito e fez sinal afirmativo com a cabeça; depois,
aproximando-se, disse em voz baixa: “Obrigado, obrigado”. O que há de mais
curioso nesse fato é que a aparição não se produziu na Austrália, após o incidente,
mas muito tempo depois, na América, durante uma viagem, e quando esses detalhes
estavam esquecidos.
322. Narração de uma experiência científica feita por Crookes e Varley –
O fato se deu em uma das sessões de materialização do Espírito de Katie King. O
Sr. Aksakof, ao relatar o fato, diz que, para ter certeza de que a médium Srta.
Cook estava no interior do gabinete, durante o tempo em que Katie se
apresentava diante dos assistentes, fora do gabinete, o Sr. Varley concebeu a
ideia de fazer atravessar o corpo da médium por uma fraca corrente elétrica,
durante todo o tempo em que a forma materializada estivesse visível, e de
fiscalizar os resultados, assim obtidos, por meio de um galvanômetro colocado
no mesmo aposento, fora do gabinete. A experiência realizou-se na residência do
Sr. Luxmoore.
323. O compartimento do fundo, que
devia servir de câmara escura, foi separado do da frente, por meio de uma
cortina, para impedir a entrada da luz. Antes da sessão, a câmara escura foi
examinada cuidadosamente e as portas foram fechadas à chave. O compartimento da
frente estava iluminado por uma lâmpada de parafina, com um para-luz que
peneirava a luz. O galvanômetro foi colocado sobre o fogão, à distância de 11
pés da cortina. Os assistentes eram os Srs. Luxmoore, Crookes, a Sra. Crookes e
a Sra. Cook com a filha, os Srs. Tapp, Harrison e Varley.
324. A médium Srta. Cook ocupava uma
poltrona no aposento do fundo. Fixou-se, com borracha, a cada um dos seus
braços, um pouco acima dos punhos, uma moeda de ouro, à qual estava soldada uma
extremidade de fio de platina. As moedas estavam separadas da pele por três
folhas de papel mata-borrão branco, de forte espessura, umedecido com uma
solução de cloridrato de amônio. Os fios de platina passavam ao longo dos
braços até às espáduas e foram atados por meio de cordões, de maneira a deixar
aos braços a liberdade dos movimentos. As extremidades exteriores dos fios de
platina foram reunidas a fios de cobre, envoltos em algodão, e que chegavam até
ao quarto iluminado onde se achavam os experimentadores. Os fios condutores
foram ligados a um aparelho de verificação.
325. Quando tudo estava preparado,
fecharam-se as cortinas, deixando assim a médium (a Srta. Cook) na escuridão. A
corrente elétrica atravessou o corpo da médium, durante toda a sessão. Essa
corrente, começando nos dois elementos, passava pelo galvanômetro, sobre os
elementos de resistência, pelo corpo da Srta. Cook e voltava em seguida à
bateria. Antes da introdução da Srta. Cook na corrente e enquanto as duas moedas,
que formavam os polos da bateria, estavam reunidas, o galvanômetro marcava uma
declinação de 300°.
326. Depois da introdução da Srta.
Cook, as moedas de ouro foram colocadas nos seus braços, um pouco acima do
punho, e o galvanômetro não marcou mais de 220°. Assim, pois, o corpo da
médium, introduzido na corrente, oferecia uma resistência à corrente elétrica
equivalente a 80 divisões da escala.
327. O fim principal dessas
experiências era precisamente conhecer a resistência que o corpo da médium
podia oferecer à corrente elétrica. O menor deslocamento dos polos da bateria,
que estavam fixados aos braços da Srta. Cook por borrachas, teria
inevitavelmente produzido uma mudança na força de resistência oferecida pelo
corpo da médium.
328. Assim, foi nessas condições que a
figura de Katie apareceu várias vezes na abertura da cortina, mostrou as mãos e
os braços, depois pediu papel e lápis e escreveu à vista dos assistentes.
329. Se as moedas e o papel
mata-borrão tivessem sido deslocados para as espáduas, de maneira a ficarem
libertados os braços da médium, o trajeto percorrido pela corrente elétrica, no
corpo dela, teria sido diminuído pelo menos de metade e, por consequência, a
resistência oferecida pelo corpo da médium teria também diminuído de metade, ou
seja, de 40°, e a agulha do galvanômetro se elevaria de 220° a 260°.
Entretanto, deu-se o contrário: desde o começo da sessão, não somente não houve
nenhum aumento no desvio, mas ainda constante e gradualmente diminuiu até ao
fim da experiência, sob a influência do dessecamento do papel molhado,
circunstância essa que aumentou a resistência à corrente elétrica e diminuiu o
desvio de 220° a 146°.
330. É certo que se uma dessas moedas
de ouro tivesse sido deslocada, ainda que fosse de uma polegada, a declinação
teria aumentado e a fraude da médium teria sido desmascarada; mas, como se
disse, o galvanômetro não deixou de abaixar.
331. Ficou, pois, absolutamente
demonstrado que as chapas de ouro, aplicadas nos braços da médium, não se
deslocaram nem de um milímetro, que os braços que apareceram e que escreveram
não eram os da médium e que, por consequência, o emprego da cadeia galvânica,
para demonstrar a presença da médium atrás da cortina, deve ser considerado
como garantia suficiente.
Respostas às
questões preliminares
A. Nesta obra são citados outros fenômenos em que os
Espíritos materializados foram reconhecidos?
Sim. Um desses fenômenos verificou-se
em São Francisco, na América do Norte, sendo médium a Sra. Moore. Quem
solicitou a sessão foi o Sr. H. J. Brown. Na sessão realizada os pais do Sr. H.
J. Brown materializaram-se e foram reconhecidos. A governanta dos seus filhos,
a Sra. Réa, viu também e reconheceu vários parentes, inclusive um sacerdote que
ela conhecera oportunamente e cujo falecimento ignorava até aquele momento. (Fatos Espíritas – Materialização de
diversos Espíritos, que são reconhecidos.)
B. Um fato marcou em especial a aparição do sacerdote
citado na questão precedente. Que fato foi esse?
A aparição apontou para a garganta,
dando a entender que não podia falar; depois desapareceu. Como foi dito, a Sra.
Réa não sabia que esse sacerdote havia falecido. Mais tarde, chegando a Nova York,
soube que ele havia falecido de um cancro doloroso na garganta. (Obra citada -
Materialização de diversos Espíritos, que são reconhecidos.)
C. Que circunstância cercou a manifestação de um ex-operário
do Sr. Brown, que falecera na Austrália anos antes?
O operário chamava-se Charlie. Fora um
mecânico que trabalhava com o Sr. Brown, na Austrália. Ao acidentar-se por
imprudência, foi conduzido moribundo para Melbourne e ali faleceu. Numa sessão
realizada na América, sendo médium a Sra. Moore, ele se materializou, mas o Sr.
Brown não o reconheceu. De repente, sua mulher, presente no recinto, exclamou:
“Mas este é o homem acidentado em nosso estabelecimento!” O Espírito mostrou um
semblante satisfeito e fez sinal afirmativo com a cabeça; depois,
aproximando-se, disse-lhe em voz baixa: “Obrigado, obrigado”. O curioso no fato
é que a aparição não se produziu na Austrália, logo após o incidente, mas muito
tempo depois, na América, durante uma viagem, e quando esses detalhes estavam
esquecidos. (Obra citada - Materialização de diversos Espíritos, que são
reconhecidos.)
Observação:
Para acessar a Parte 17 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/09/blog-post_24.html
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