quarta-feira, 17 de novembro de 2021

 


Sexo e Destino

 

André Luiz

 

Parte 13 e final

 

Concluímos hoje o estudo da obra Sexo e Destino, de André Luiz, psicografada pelos médiuns Waldo Vieira e Francisco Cândido Xavier e publicada em 1963 pela Federação Espírita Brasileira.

Na próxima quarta-feira iniciaremos o estudo do livro E a vida continua..., do mesmo autor, psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado em 1968 pela Federação Espírita Brasileira.

Eis as oito últimas questões do estudo:

 

97. Que reação teve Nemésio, então hemiplégico, ao ver seu filho Gilberto e Marina?

Ao vê-los, Nemésio intentou soerguer a carcaça dorida, sem conseguir articular qualquer palavra, embora o tentasse. André Luiz e seus amigos registraram, porém, seus pensamentos e viram que ele implorava aos filhos benevolência, compaixão... Contemplando Marina (agora na condição de nora) pelo véu de pranto, lastimou na linguagem inarticulada do cérebro: "Marina!... Marina!... sou um infeliz... Perdão pelo amor de Deus!... Perdão pelas cartas afrontosas, perdão pelo meu crime!... Eu estava louco, no momento em que arrojei o automóvel no corpo de seu pai!... Diga, diga se ele morreu... Perdão, perdão!..." (Sexo e Destino, 2ª parte, capítulo XIII, pp. 332 e 333.)

98. Beatriz se surpreendeu ao ver Nemésio, seu ex-esposo, naquelas condições?

Sim. Beatriz (Espírito), entusiasmada pela volta ao Rio, suspirava, além de rever esposo e filho, reavistar também a antiga moradia. No Flamengo, porém, o encontro com Nemésio constituiu para ela um choque. Ao vê-lo desfigurado, na postura dos paralíticos, ela empalideceu. Enleando-se a ele, passou então a crivá-lo de perguntas lastimosas. Por que mudara tanto em dois anos apenas? que lhe acontecera para se relegar a semelhante ruína física? que fizera? por quê? por quê? Nemésio não assinalava as carícias e as perguntas da esposa, mas quedou-se tocado de fundas reminiscências. Passou a pensar em Beatriz e reconstituía-lhe a imagem no imo do ser. Ah! – refletia o enfermo – se os mortos pudessem amparar os vivos, segundo a crença de tantos, certamente Beatriz se compadeceria dele, estendendo-lhe as mãos!... Ignorando que respondia às perguntas da esposa, ali colada a ele, revisou então todos os acontecimentos posteriores à morte dela, como que a lhe prestar severas contas, exibindo para a companheira e para os demais, qual num filme pujante, a verdade toda, até o instante em que se precipitara no crime. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIII, pp. 333 a 335.)

99. É verdade que Beatriz ficou tão abalada que acabou enlouquecendo?

Sim. A pobre irmã enlouquecera e, depois de quatro dias, dementada, deu entrada no instituto “Almas Irmãs”. Duas semanas de trabalho vigoroso e atenção constante se esvaíram, infrutiferamente, até que um dos médicos que a assistiam recomendou sua internação em hospital adequado, a fim de que lhe fosse aplicada a sonoterapia, com algum exercício de narcoanálise, para que se lhe exumassem as recordações possíveis da existência anterior, com a cautela devida, de modo a que não se precipitasse em mergulhos de memória alusivos a períodos precedentes. O parecer foi acatado. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIII, pp. 337 a 339.)

100. Na existência precedente os personagens principais deste livro tiveram algum relacionamento?

Sim. Numa ligeira regressão da memória a uma outra precedente existência, Beatriz (que se chamara então Leonor da Fonseca Teles) rememorou os lances principais desse relacionamento que envolveram os mesmos personagens: Beatriz, Nemésio Torres, Márcia, Cláudio, Marina e Marita. Curiosamente, as anotações do Arquivo mantido pelo instituto indicavam as épocas exatas em que eles voltaram à existência corpórea, depois de estagiarem algum tempo no instituto “Almas Irmãs”. É de notar também que o irmão Félix fizera parte desse grupo familiar na época rememorada por Beatriz. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIII, pp. 342 a 344.)

101. Que papel teve Félix nos infelizes acontecimentos ocorridos naquela ocasião?

O irmão Félix fora Álvaro, filho de Leonor (atual Beatriz). Seu papel na sucessão de ocorrências infelizes relatadas por Beatriz foi decisivo, motivo pelo qual, reconhecendo sua culpa, decidiu reencarnar. Segundo ele mesmo explicou, a Misericórdia Divina, à medida que o Espírito se esclarece, entrega ao tribunal da própria consciência o dever de se corrigir e de se harmonizar com as leis do Eterno Equilíbrio, sem necessidade do apelo a disposições compulsórias. Em face disso, daquela hora em diante tornaria pública a decisão de se recolher aos trabalhos preparatórios do renascimento na arena física. Confessou, então, que a delinquência sexual gerara para ele responsabilidades semelhantes às de um malfeitor que dilapidasse um edifício ou uma cidade, através de explosões em cadeia. Lesando os sentimentos de uma mulher respeitável até então, identificava-se, diante dos princípios de causa e efeito, culpado até certo ponto por todos os delitos de natureza emotiva por ela cometidos, uma vez que, após abandoná-la, impelindo-a deliberadamente à deslealdade e à aventura, podia compará-la a uma bomba, por ele preparada na direção de quantos a pobre criatura prejudicara, como querendo vingar no próximo o duro revés que ele lhe infligira. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIII, pp. 344 e 345.)

102. Como foi a despedida de Félix do instituto “Almas Irmãs”?

A despedida foi, obviamente, muito emocionante. No auditório onde ocorreu a transmissão do cargo de direção do instituto para o irmão Régis, duzentos enfermos, previamente selecionados, foram acomodados na primeira fila. Ao chegar ao local, Félix instalou-se entre o Ministro da Regeneração, que representava o Governador da colônia "Nosso Lar", e o irmão Régis, que o substituiria. Quinhentas vozes infantis cantaram em coro dois hinos que tocaram o coração de todos. O primeiro se intitulava "Deus te abençoe"; o segundo, "Volta breve, amado amigo!". Terminados os derradeiros acordes da orquestra, os duzentos enfermos desfilaram diante de Félix, em nome do instituto, que delegava a eles o júbilo de apertar-lhe as mãos, ofertando-lhe flores. A transmissão de cargo foi simples, com a leitura de um termo referente à modificação. Cumprido o preceito, o Ministro da Regeneração abraçou o irmão que partia e empossou Régis, que ficava. O novo diretor, com a voz de quem chorava por dentro, expressou-se, breve, suplicando ao Senhor abençoasse o companheiro de regresso à reencarnação, hipotecando-lhe, simultaneamente, votos de triunfo nas lides que esposava. Em seguida, convidou Félix a usar a palavra. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIV, pp. 348 e 349.)

103. Que idade tinha o menino Félix reencarnado quando André Luiz teve permissão de visitá-lo?

Filho do casal Marina e Gilberto, o irmão Félix, que agora se chamava Sérgio Cláudio, contava quatro anos de idade, mas já entremostrava serenidade e lucidez nos pensamentos e nas palavras. Ao vê-lo, André Luiz quedou-se impressionado, ignorando como externar sua alegria. Era ele mesmo, com a chama daqueles olhos inesquecíveis, conquanto brilhasse num corpo de criança despreocupada. Nemésio desencarnara um ano antes, em seguida a escabrosos padecimentos que duraram três anos. Segundo André Luiz, verdadeiras maltas de obsessores ameaçavam o apartamento de Botafogo, quando o pobre companheiro se achava prestes a partir. Ele foi, então, assim que desencarnou, internado num manicômio respeitável, mantido pelo "Almas Irmãs" em região purgatorial de trabalho restaurativo, onde continuaria em tratamento vagaroso. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIV, pp. 352 e 353.)

104. Como foi o encontro de Márcia com seu neto Sérgio Cláudio, que fora seu grande amor em existência passada?

O menino, assim que viu a avó, atirou-se a ela, gritando, comovedoramente: "Ah! vovó! Vovozinha!... Vovozinha!..." Márcia estendeu maquinalmente os braços para acolher aqueles braços diminutos que a enlaçavam. O minúsculo coração, que passou a bater de encontro ao dela, figurou-se-lhe um pássaro de luz que descia dos céus a pousar-lhe no tórax abatido. Ela fez menção de beijar o pequenino, mas recônditas impressões de felicidade e de angústia lhe infundiam sensações de amor e medo. Por que o netinho lhe despertava tão contraditórios pensamentos? Sérgio Cláudio, porém, antes que ela se decidisse a acariciá-lo, levantou a cabeça e cobriu-lhe o rosto de beijos, e não houve mecha de cabelos que não alisasse com dedos ternos, nem ruga que não afagasse com os lábios enternecidos. O neto querido prendera-lhe, firmemente, o coração. (Obra citada, 2ª parte, capítulo XIV, pp. 356 e 357.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 12 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/11/blog-post_10.html

 

  

 

 

 

 

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