sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

 



A Vida no Outro Mundo

 

Cairbar Schutel

 

Parte 1

 

Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro A Vida no Outro Mundo, de autoria de Cairbar Schutel, publicado originalmente em 1932 pela Casa Editora O Clarim, de Matão (SP). 

Cada parte do estudo compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.

Este estudo será publicado neste blog sempre às sextas-feiras. 

 

Questões preliminares

 

A. Qual é, segundo Cairbar Schutel, o grande mal de nossa época? 

B. Qual cientista demonstrou que existe um quarto estado da matéria, o chamado estado radiante?

C. Que diz Cairbar Schutel acerca do pensamento aristotélico de que nada há na inteligência que não haja passado pelos sentidos?

 

Texto para leitura

 

1. Quando escreveu “O Espírito do Cristianismo”, Cairbar Schutel julgou que ela seria sua última obra e se alegrou por haver desinteressadamente levado aquela insignificante contribuição para o erguimento do Verdadeiro Templo Espiritual, que o Espiritismo veio construir para abrigar a Humanidade. (A Vida no Outro Mundo – Prefácio.)

2. Na verdade, não passava por sua mente a ideia de um novo livro. Um dia, porém, lembrou-se de que há muito tempo havia escrito uma conferência, cujos ensinos eram inéditos naquela época e vinham trazer nova luz sobre a vida além da morte. A doutrina expendida na citada conferência fora ilustrada com alguns mapas, que formavam um esquema de confronto entre os mundos do nosso Sistema Planetário e outros, representativos das estrelas, majestosos sóis centros de outros tantos sistemas, que representam as "muitas moradas da Casa de Deus", lembradas por Jesus segundo refere o evangelista João. (Obra citada – Prefácio.)

3. Os desenhos faziam lembrar os asteroides, os cometas, os mundos que sulcam os Universos quais frotas flutuantes, levando em seu dorso humanidades que caminham para a Perfeição – o Bem e o Belo – para a glorificação do Supremo Criador. (Obra citada – Prefácio.)

4. Passados alguns anos, ele verificou que a doutrina expendida na conferência não era ficção, nem mera fantasia de uma exaltação pela imortalidade, visto que outros tantos escritores e médiuns haviam transmitido as mesmas verdades, embora em países diversos e distantes do nosso, bem assim em outros idiomas. (Obra citada – Prefácio.)

5. Esse fato incitou-o, então, a escrever nova obra que, com justa razão, deveria intitular-se “A Vida no Outro Mundo”. Cairbar pôs mãos à obra e eis que conseguiu, com o valoroso auxílio dos seus protetores e dos caros Espíritos que dirigem nosso movimento, entregá-la à publicidade. (Obra citada – Prefácio.)

6. Como nas demais obras, o autor não se incomodou com a forma; unicamente fez questão de que as expressões que traduzem os conhecimentos que lhe foram dado receber exprimissem exatamente as ideias que desejava ver propagadas e conhecidas de toda gente. (Obra citada – Prefácio.)

7. Esforçou-se assim para usar uma linguagem popular, acessível a todas as inteligências, porque sabia que a obra teria mais divulgação entre os humildes e desprovidos da literatura que adorna os que tiveram tempo e dinheiro para se ilustrar na arte de falar bonito. Seu objetivo: levar a consolação aos aflitos, a fé aos descrentes, a verdade aos que por ela anseiam e trabalham. (Obra citada – Prefácio.)

8. Fechando o prefácio da obra, Cairbar escreveu: “Se este livro concorrer para estancar lágrimas de amor pela separação de entes caros, e para a iluminação de cérebros que se consideravam vazios de espiritualidade, eu me darei por satisfeito com o meu trabalho”. (Obra citada – Prefácio.)

9. O grande mal da nossa época é o Materialismo deprimente que envolve as massas. Por toda parte a descrença e a ignorância fazem vítimas, matando corpos e adormecendo almas. Mesmo no seio das igrejas que se dizem cristãs, não haverá, talvez, dez por cento de "religiosos" que acreditam firmemente na sobrevivência. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

10. O materialismo penetrou no âmago dos corações, e a ignorância lavra, tristemente, obscurecendo espíritos. Afinal, no que se funda o Materialismo? Quais são os seus princípios, considerados dignos de tanta consideração e obediência? Em uma palavra – o que é a matéria? (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

11. Dizem os devotos do Materialismo: “A matéria é uma coisa inerte e tangível, composta de átomos”. E diversos sábios acrescentaram a "indestrutibilidade e irredutibilidade à matéria, bem como a sua ponderabilidade e imponderabilidade", o que levou Berthelot a dizer que "esses atributos da matéria permaneceram registrados na História como um romance engenhoso e sutil". (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

12. Como se sabe, a matéria era pouco conhecida; só se percebiam os seus três estados: sólido, líquido e gasoso. Foi em 1878 que o estudo da matéria recebeu influxo mais positivo. Na mesma ocasião em que Davy fazia conhecer a dissociação dos compostos químicos por uma corrente elétrica, William Crookes, no seu trabalho sobre Física Molecular, demonstrou a existência de um quarto estado da matéria, metagasoso, ou seja, radiante. E acrescentou, em suas conclusões, que esse estado (radiante) é absolutamente material, concluindo, por isso, que a matéria não é senão um modo de movimento, que passa do estado sólido ao etéreo donde veio. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

13. Logo depois, o ilustre físico inglês Sir Oliver Lodge fez uma comunicação à Sociedade Real de Londres sobre a matéria, cujas conclusões assim resumiu: "A evolução ou transmutação da matéria foi experimentalmente posta em evidência pelos fatos da radioatividade. Os átomos pesados dos corpos radioativos parecem desagregar e lançar no espaço átomos de peso atômico mais fraco". Eram para Lodge cargas iônicas, que outros cientistas, entre os quais William Crookes, chamaram de elétrons. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

14. Por tudo isso se vê que a matéria não tem as propriedades com que a brindaram os sábios doutro tempo. O seu estado primordial e seu último estado resumem-se no éter, e, como disse Sir Oliver Lodge, não se pode deixar de concluir que o éter é tudo, a fonte de que Deus se serve para criar tudo quanto existe, porque o éter, por si mesmo, não é inteligente, e não passa de um reservatório infinito, eterno, de forças que se materializam e modelam, e se desmaterializam, dependentes de uma Vontade Superior, de uma Inteligência Suprema, Eterna, que chamamos Deus. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

15. Se dermos, uma olhadela nos trabalhos do Dr. Gustave Le Bon, veremos que, segundo a ideia desse ilustre homem de ciência, como de outros físicos, a matéria não é senão "energia concretizada". Vê-se, pois, que os próprios materialistas têm perdido os seus princípios, mas não relutam em afirmar, embora sobre bases movediças, a realidade da sua doutrina. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

16. O interessante, porém, é que cada um deles mantém teorias meramente pessoais e discordantes uma das outras. Uns acham que o Organicismo e a Histologia são suficientes para explicar os fenômenos vitais pelo mecanismo dos órgãos. Neste caso entram em cena os efeitos das forças psicoquímicas, considerando a sensação, o pensamento, a vontade, como uma propriedade dos neurônios. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

17. Outros são materialistas porque não concebem um espiritualismo de acordo com a ciência experimental, que aconselha o estudo, a investigação, o livre-exame. Estes são os epicuristas, que afirmam: “Post mortem nihil est, ipsaque mors nihil”. (Depois da morte nada há, a morte é mesmo nada). (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

18. Sem a mais ligeira noção de psicologia, olham indiferentemente todos os fenômenos objetivos e subjetivos que se vão verificando todos os dias em toda parte, e, em face dessas manifestações inteligentes, que revelam conhecimentos muito superiores aos do indivíduo, repetem loucamente o velho aforismo aristotélico de que "nihil est in intellectu quod prius non fuerit in sensu" (nada há na inteligência que não haja passado pelos sentidos), como se esses conhecimentos tivessem sido recebidos pelo sujet através dos seus sentidos físicos e na existência presente. Eles não podem ver que esse adágio, tal como aplicam, é absolutamente falso, princípio sem sanção em Ciência como também em Filosofia. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

19. A verdade, no entanto, é que o Materialismo está, felizmente, na sua derradeira agonia. Combatido através dos tempos por inteligências de escol, como Voltaire, Malebranche, Leibnitz, Swedenborg e muitos outros, o Materialismo não pode deixar de se dar por vencido, em face dos fenômenos metapsíquicos e espíritas, constatados pelos maiores sábios do nosso mundo. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

20. Damo-nos por felizes em assistir a essa derrocada e concorrer, embora com minúscula parcela, para que breves sejam os dias em que as águas movimentadas da nova ciência que surge atirem nas voragens insondáveis essa outra "barca" tripulada por "piratas" que tem levado a desolação ao mundo. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

 

Respostas às questões preliminares

 

A. Qual é, segundo Cairbar Schutel, o grande mal de nossa época? 

É o Materialismo deprimente que envolve as massas. Por toda parte a descrença e a ignorância fazem vítimas, matando corpos e adormecendo almas. Mesmo no seio das igrejas que se dizem cristãs, não haverá, talvez, dez por cento de "religiosos" que acreditam firmemente na sobrevivência. (A Vida no Outro Mundo – Cap. I – Ciência Materialista.)

B. Qual cientista demonstrou que existe um quarto estado da matéria, o chamado estado radiante?

Foi William Crookes quem, no seu trabalho sobre Física Molecular, demonstrou a existência do quarto estado da matéria, metagasoso, ou seja, radiante, concluindo, por isso, que a matéria não é senão um modo de movimento, que passa do estado sólido ao etéreo donde veio. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

C. Que diz Cairbar Schutel acerca do pensamento aristotélico de que nada há na inteligência que não haja passado pelos sentidos?

Cairbar diz que esse adágio, tal como o aplicam, é absolutamente falso, um princípio sem sanção em Ciência como também em Filosofia. Nem todos os conhecimentos são hauridos através dos sentidos físicos ou tão somente na existência presente. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)

 

 

 

 

 

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