A Vida no Outro Mundo
Cairbar Schutel
Parte 1
Iniciamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro A Vida no Outro Mundo, de autoria de Cairbar Schutel, publicado originalmente em 1932 pela Casa Editora O Clarim, de Matão (SP).
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Este estudo será publicado neste blog sempre às sextas-feiras.
Questões preliminares
A. Qual é, segundo Cairbar Schutel, o grande mal de nossa
época?
B. Qual cientista demonstrou que existe um quarto estado da
matéria, o chamado estado radiante?
C. Que diz Cairbar Schutel acerca do pensamento
aristotélico de que nada há na inteligência que não haja passado pelos
sentidos?
Texto para
leitura
1. Quando escreveu “O Espírito do Cristianismo”, Cairbar
Schutel julgou que ela seria sua última obra e se alegrou por haver
desinteressadamente levado aquela insignificante contribuição para o erguimento
do Verdadeiro Templo Espiritual, que o Espiritismo veio construir para abrigar
a Humanidade. (A Vida no Outro Mundo
– Prefácio.)
2. Na verdade, não passava por sua mente a ideia de um novo
livro. Um dia, porém, lembrou-se de que há muito tempo havia escrito uma
conferência, cujos ensinos eram inéditos naquela época e vinham trazer nova luz
sobre a vida além da morte. A doutrina expendida na citada conferência fora
ilustrada com alguns mapas, que formavam um esquema de confronto entre os
mundos do nosso Sistema Planetário e outros, representativos das estrelas,
majestosos sóis centros de outros tantos sistemas, que representam as
"muitas moradas da Casa de Deus", lembradas por Jesus segundo refere
o evangelista João. (Obra citada – Prefácio.)
3. Os desenhos faziam lembrar os asteroides, os cometas, os
mundos que sulcam os Universos quais frotas flutuantes, levando em seu dorso
humanidades que caminham para a Perfeição – o Bem e o Belo – para a
glorificação do Supremo Criador. (Obra citada – Prefácio.)
4. Passados alguns anos, ele verificou que a doutrina
expendida na conferência não era ficção, nem mera fantasia de uma exaltação
pela imortalidade, visto que outros tantos escritores e médiuns haviam
transmitido as mesmas verdades, embora em países diversos e distantes do nosso,
bem assim em outros idiomas. (Obra citada – Prefácio.)
5. Esse fato incitou-o, então, a escrever nova obra que,
com justa razão, deveria intitular-se “A Vida no Outro Mundo”. Cairbar pôs mãos
à obra e eis que conseguiu, com o valoroso auxílio dos seus protetores e dos
caros Espíritos que dirigem nosso movimento, entregá-la à publicidade. (Obra
citada – Prefácio.)
6. Como nas demais obras, o autor não se incomodou com a
forma; unicamente fez questão de que as expressões que traduzem os conhecimentos
que lhe foram dado receber exprimissem exatamente as ideias que desejava ver
propagadas e conhecidas de toda gente. (Obra citada – Prefácio.)
7. Esforçou-se assim para usar uma linguagem popular,
acessível a todas as inteligências, porque sabia que a obra teria mais
divulgação entre os humildes e desprovidos da literatura que adorna os que
tiveram tempo e dinheiro para se ilustrar na arte de falar bonito. Seu
objetivo: levar a consolação aos aflitos, a fé aos descrentes, a verdade aos
que por ela anseiam e trabalham. (Obra citada – Prefácio.)
8. Fechando o prefácio da obra, Cairbar escreveu: “Se este
livro concorrer para estancar lágrimas de amor pela separação de entes caros, e
para a iluminação de cérebros que se consideravam vazios de espiritualidade, eu
me darei por satisfeito com o meu trabalho”. (Obra citada – Prefácio.)
9. O grande mal da nossa época é o Materialismo deprimente
que envolve as massas. Por toda parte a descrença e a ignorância fazem vítimas,
matando corpos e adormecendo almas. Mesmo no seio das igrejas que se dizem
cristãs, não haverá, talvez, dez por cento de "religiosos" que
acreditam firmemente na sobrevivência. (Obra citada – Cap. I – Ciência
Materialista.)
10. O materialismo penetrou no âmago dos corações, e a
ignorância lavra, tristemente, obscurecendo espíritos. Afinal, no que se funda
o Materialismo? Quais são os seus princípios, considerados dignos de tanta
consideração e obediência? Em uma palavra – o que é a matéria? (Obra citada –
Cap. I – Ciência Materialista.)
11. Dizem os devotos do Materialismo: “A matéria é uma
coisa inerte e tangível, composta de átomos”. E diversos sábios acrescentaram a
"indestrutibilidade e irredutibilidade à matéria, bem como a sua ponderabilidade
e imponderabilidade", o que levou Berthelot a dizer que "esses
atributos da matéria permaneceram registrados na História como um romance
engenhoso e sutil". (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)
12. Como se sabe, a matéria era pouco conhecida; só se
percebiam os seus três estados: sólido, líquido e gasoso. Foi em 1878 que o
estudo da matéria recebeu influxo mais positivo. Na mesma ocasião em que Davy
fazia conhecer a dissociação dos compostos químicos por uma corrente elétrica,
William Crookes, no seu trabalho sobre Física Molecular, demonstrou a
existência de um quarto estado da matéria, metagasoso, ou seja, radiante. E
acrescentou, em suas conclusões, que esse estado (radiante) é absolutamente
material, concluindo, por isso, que a matéria não é senão um modo de movimento,
que passa do estado sólido ao etéreo donde veio. (Obra citada – Cap. I –
Ciência Materialista.)
13. Logo depois, o ilustre físico inglês Sir Oliver Lodge
fez uma comunicação à Sociedade Real de Londres sobre a matéria, cujas
conclusões assim resumiu: "A evolução ou transmutação da matéria foi
experimentalmente posta em evidência pelos fatos da radioatividade. Os átomos
pesados dos corpos radioativos parecem desagregar e lançar no espaço átomos de
peso atômico mais fraco". Eram para Lodge cargas iônicas, que outros
cientistas, entre os quais William Crookes, chamaram de elétrons. (Obra citada
– Cap. I – Ciência Materialista.)
14. Por tudo isso se vê que a matéria não tem as
propriedades com que a brindaram os sábios doutro tempo. O seu estado
primordial e seu último estado resumem-se no éter, e, como disse Sir Oliver
Lodge, não se pode deixar de concluir que o éter é tudo, a fonte de que Deus se
serve para criar tudo quanto existe, porque o éter, por si mesmo, não é
inteligente, e não passa de um reservatório infinito, eterno, de forças que se
materializam e modelam, e se desmaterializam, dependentes de uma Vontade
Superior, de uma Inteligência Suprema, Eterna, que chamamos Deus. (Obra citada
– Cap. I – Ciência Materialista.)
15. Se dermos, uma olhadela nos trabalhos do Dr. Gustave Le
Bon, veremos que, segundo a ideia desse ilustre homem de ciência, como de
outros físicos, a matéria não é senão "energia concretizada". Vê-se,
pois, que os próprios materialistas têm perdido os seus princípios, mas não
relutam em afirmar, embora sobre bases movediças, a realidade da sua doutrina. (Obra
citada – Cap. I – Ciência Materialista.)
16. O interessante, porém, é que cada um deles mantém
teorias meramente pessoais e discordantes uma das outras. Uns acham que o
Organicismo e a Histologia são suficientes para explicar os fenômenos vitais
pelo mecanismo dos órgãos. Neste caso entram em cena os efeitos das forças
psicoquímicas, considerando a sensação, o pensamento, a vontade, como uma
propriedade dos neurônios. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)
17. Outros são materialistas porque não concebem um espiritualismo
de acordo com a ciência experimental, que aconselha o estudo, a investigação, o
livre-exame. Estes são os epicuristas, que afirmam: “Post mortem nihil est,
ipsaque mors nihil”. (Depois da morte nada há, a morte é mesmo nada). (Obra
citada – Cap. I – Ciência Materialista.)
18. Sem a mais ligeira noção de psicologia, olham
indiferentemente todos os fenômenos objetivos e subjetivos que se vão
verificando todos os dias em toda parte, e, em face dessas manifestações
inteligentes, que revelam conhecimentos muito superiores aos do indivíduo,
repetem loucamente o velho aforismo aristotélico de que "nihil est in
intellectu quod prius non fuerit in sensu" (nada há na inteligência que
não haja passado pelos sentidos), como se esses conhecimentos tivessem sido
recebidos pelo sujet através dos seus sentidos físicos e na existência
presente. Eles não podem ver que esse adágio, tal como aplicam, é absolutamente
falso, princípio sem sanção em Ciência como também em Filosofia. (Obra citada –
Cap. I – Ciência Materialista.)
19. A verdade, no entanto, é que o Materialismo está,
felizmente, na sua derradeira agonia. Combatido através dos tempos por
inteligências de escol, como Voltaire, Malebranche, Leibnitz, Swedenborg e
muitos outros, o Materialismo não pode deixar de se dar por vencido, em face
dos fenômenos metapsíquicos e espíritas, constatados pelos maiores sábios do
nosso mundo. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)
20. Damo-nos por felizes em assistir a essa derrocada e concorrer,
embora com minúscula parcela, para que breves sejam os dias em que as águas
movimentadas da nova ciência que surge atirem nas voragens insondáveis essa
outra "barca" tripulada por "piratas" que tem levado a
desolação ao mundo. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)
Respostas às
questões preliminares
A. Qual é,
segundo Cairbar Schutel, o grande mal de nossa época?
É o Materialismo deprimente que envolve as massas. Por toda
parte a descrença e a ignorância fazem vítimas, matando corpos e adormecendo
almas. Mesmo no seio das igrejas que se dizem cristãs, não haverá, talvez, dez
por cento de "religiosos" que acreditam firmemente na sobrevivência.
(A Vida no Outro Mundo – Cap. I –
Ciência Materialista.)
B. Qual
cientista demonstrou que existe um quarto estado da matéria, o chamado estado
radiante?
Foi William Crookes quem, no seu trabalho sobre Física
Molecular, demonstrou a existência do quarto estado da matéria, metagasoso, ou
seja, radiante, concluindo, por isso, que a matéria não é senão um modo de
movimento, que passa do estado sólido ao etéreo donde veio. (Obra citada – Cap.
I – Ciência Materialista.)
C. Que diz
Cairbar Schutel acerca do pensamento aristotélico de que nada há na
inteligência que não haja passado pelos sentidos?
Cairbar diz que esse adágio, tal como o aplicam, é absolutamente
falso, um princípio sem sanção em Ciência como também em Filosofia. Nem todos
os conhecimentos são hauridos através dos sentidos físicos ou tão somente na
existência presente. (Obra citada – Cap. I – Ciência Materialista.)
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