O amor é o alimento principal de uma pessoa com
deficiência
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR
Há
pessoas preparadas para qualquer desafio, até mesmo quando ele se manifesta na
enfermidade de um filho ou na deficiência que o nosso rebento possa trazer
desde o berço.
Evidentemente nem todos são assim, havendo criaturas que não apenas lastimam ter gerado filhos com deficiência como têm vergonha de mostrá-los à sociedade.
Nancy
Puhlmann di Girolamo reporta-se a isso em dois livros dedicados ao tema.(1)
A vida de uma pessoa com deficiência, afirma Nancy Puhlmann, é muito
mais rica do que imaginamos.(2)
Uma
revista de grande circulação nacional mostrou, anos atrás, alguns exemplos
comoventes de postura oposta, em que pais revelaram o carinho, a dedicação e o
afeto real que nutriam por seus filhos, independentemente da condição em que
vieram ao mundo ou do grau de deficiência que apresentavam.
Allan
Kardec demonstrou, ao estudar o caso do menino Charles Saint-G... (Revista Espírita de 1860, pp. 181 a
183), que tais pessoas têm consciência do seu estado e compreendem por que
nasceram assim. A imperfeição dos órgãos constitui somente um obstáculo à livre
manifestação de suas faculdades, mas não as aniquila, esclareceu o Codificador
do Espiritismo, antecipando-se ao que hoje é sabido, ou seja, que a pessoa com
deficiência entende perfeitamente se é bem ou maltratada e reage à atenção e ao
afeto que lhe damos.
Nancy
Puhlmann menciona a respeito do assunto um caso bastante elucidativo que se
passou com um menino nascido com a síndrome de Down. Num momento de
desprendimento da alma – dela e do menino – em virtude do sono corporal, o
jovenzinho lhe disse que sua desencarnação estava próxima, por lhe faltar o
alimento indispensável à vida. Nancy imaginou que ele falasse de comida, mas
não era disso que o garoto tratava. O alimento era o amor, o apoio, o
incentivo, que ele percebia faltar em seu próprio lar, onde as pessoas, com
pena do seu estado, intimamente rogavam a Deus lhe encurtasse os dias.
Coisa
curiosa! O pequenino entendia até o que nas entrelinhas era dito em casa, o que
torna claro que a pessoa com deficiência não é um ser condenado à vida
vegetativa e que o amor que dispensamos a ela é o alimento indispensável à sua vida
biológica e à saúde de sua alma, como aliás se verifica com relação a todos os
nossos filhos.
Notas:
(1) Os livros de Nancy Puhlmann que merecem ser lidos,
especialmente pelos pais de pessoas com deficiência, intitulam-se O Castelo das Aves Feridas e As Aves Feridas na Terra Voam.
(2) Em uma convenção
das Nações Unidas ficou definido que o termo correto para designar alguém com um ou mais tipos de deficiência (física, auditiva,
visual ou intelectual) é Pessoa com Deficiência - PcD, evitando-se assim o uso
do termo excepcional ou especial, comumente utilizado décadas atrás.
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