A felicidade no mundo em que vivemos
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
A
questão da felicidade, que é, sem contestação, a grande aspiração da imensa
maioria das pessoas, é tratada em vários textos das obras espíritas, sobretudo
nas de autoria do codificador do Espiritismo.
É
possível ser feliz no mundo em que vivemos?
O assunto é focalizado nas questões 920 a 922 d´O Livro dos Espíritos, nas quais encontramos as seguintes informações:
I -
O homem não pode gozar de completa felicidade na Terra, porque a vida aqui
geralmente lhe é dada como prova ou expiação, mas depende apenas dele a
suavização de seus males e poder ser tão feliz quanto possível na Terra.
II
- O ser humano é quase sempre o obreiro de sua própria infelicidade; contudo,
praticando a lei de Deus, a muitos males pode forrar-se e proporcionar a si
mesmo uma felicidade tão grande quanto o comporte sua existência neste globo.
III
- A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a
felicidade de um indivíduo constitui, muitas vezes, a desgraça de outro. Há,
porém, um padrão de felicidade comum a todos os homens – com relação à vida
material, a posse do necessário; com relação à vida moral, a consciência
tranquila e a fé no futuro.
Tem-se
como certo, à vista dos ensinamentos espíritas, que nossa felicidade
porvindoura será o resultado direto de nossas realizações e atitudes do
presente. Não é difícil compreender semelhante ideia. “A cada um segundo suas
obras”, ensinava Jesus, que também nos disse que aquele que matar com a espada
desta será vítima.
O
destino será, assim, à vista disso, definido pela própria pessoa, que colherá
nas experiências reencarnatórias futuras exatamente o fruto de sua semeadura.
O
entendimento acerca deste tema é importante porque pode influir diretamente na
conduta dos indivíduos.
Vejamos
dois exemplos.
Aos
que acham que a felicidade está na posse de um corpo belo sugerimos que vejam
como estão nossos amigos que já dobraram o cabo da esperança, muitas vezes
envoltos em doenças e limitações orgânicas a anunciar que o fim da existência
está próximo.
Aos
que entendem que a felicidade se encontra na posse de dinheiro farto, propomos
que visitem nossos irmãos abastados que, no final da existência, tudo dariam
para readquirir a saúde e poderem desfrutar o que um dia imaginaram fosse a
felicidade sonhada pelos homens.
Numa
de suas obras mais importantes, Kardec escreveu: "Se o Espiritismo deve,
como foi anunciado, realizar a transformação da humanidade, só poderá fazê-lo
pelo melhoramento das massas, o que só se dará gradualmente, pouco a pouco,
pelo melhoramento moral dos indivíduos" (O Livro dos Médiuns, cap. 29, item 350). "Aí é que se acha o
princípio, a verdadeira chave da felicidade do gênero humano – acrescentou o
Codificador, em Obras Póstumas –
porque então os homens não mais cogitarão de se prejudicarem
reciprocamente."
Podemos
dizer, então, que a felicidade na Terra é, sim, possível, mas ela não será
encontrada nas coisas, nos objetos, naquilo que o homem pode ter ou comprar. A
felicidade será encontrada, seja aqui, seja no mundo espiritual, naquilo que o
homem pode ser, visto que a pessoa boa, serena, pacífica, de consciência
tranquila e fé no futuro será feliz onde quer que esteja, enquanto o indivíduo
mau, perturbado, intranquilo e violento será infeliz mesmo que sua casa seja a
mansão mais bela e cobiçada.
Se
recorrermos à memória, lembraremos que o papa João Paulo II disse certa vez, em
plena Praça São Pedro, exatamente isso, ou seja, que o inferno, tal como o
paraíso, não é um lugar físico, mas um estado d'alma.
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