Revista
Espírita de 1859
Allan
Kardec
Parte
2
Prosseguimos nesta edição o estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1859, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo será baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A
coleção do ano de 1859 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por
Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, que será apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b)
texto para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A. Para que fim existe a mediunidade?
B.
O poder magnético do magnetizador depende de quê?
C.
Os Espíritos podem ver na obscuridade?
D.
Morreu, descansou. Esta ideia corresponde à realidade?
Texto para leitura
26.
Todos, diz Kardec, são mais ou menos médiuns, mas convencionou-se dar esse nome
aos que apresentam manifestações patentes e, por assim dizer, facultativas. (P.
61)
27.
De todos os gêneros de mediunidade, a mais comum e a mais fácil de se adquirir
pelo exercício é a psicografia. (P. 61)
28.
O papel do médium intuitivo é o mesmo de um intérprete entre nós e o Espírito,
e a dificuldade está em se distinguir os pensamentos do médium daqueles que lhe
são sugeridos. (P. 62)
29.
Longe de nós, assevera São Luís, desprezar os médiuns de efeitos físicos. Têm
eles sua razão de ser e prestam incontestáveis serviços à Ciência Espírita; mas
quando um médium possui uma faculdade que o põe em contato com seres
superiores, não compreendemos que dela abdique, ou que deseje outras, a não ser
por ignorância. (P. 64)
30.
A mediunidade é uma faculdade dada para o bem e os bons Espíritos se afastam de
quem quer que pretenda transformá-la em escada para outros fins que não
correspondam aos desígnios da Providência. (P. 65)
31.
Em Saint-Etienne uma moça conseguia tomar os traços, a voz e os gestos de
parentes mortos que nem chegou a conhecer. Evocado, São Luís explica que, na
transfiguração, o corpo nunca muda, mas reveste aparências diversas e sofre uma
espécie de oclusão, encoberto pelo perispírito. (P. 68)
32.
O homem, diz Kardec, se avilta pela inveja, pelo ódio, pelo ciúme e por todas
as paixões mesquinhas, mas se eleva pelo esquecimento das ofensas; eis a moral
espírita. (P. 72)
33.
O Espírito de Paul Gaimard, ex-médico da Marinha, fala da importância dos
esforços morais que o homem faça em sua vida. (P. 73)
34.
Diz ele que na erraticidade o Espírito é mais senhor de si, tem mais
consciência de sua força; a carne pesa, obscurece e entrava. (P. 74)
35.
Todos os Espíritos, lembra Kardec, dizem que no estado de erraticidade
pesquisam, estudam, observam, a fim de fazer a escolha. (P. 75)
36.
O Espírito da Sra. Reynaud, que fora notável sonâmbula lúcida, diz que sua
lucidez não tinha a prontidão e a justeza que possui agora. (P. 77)
37.
A cadeia das existências, diz ela, é formada de anéis seguidos e contínuos, e
nenhuma interrupção lhe suspende o curso: a vida terrena é a continuação da
vida celeste precedente e o prelúdio da próxima. (P. 77)
38.
A Sra. Reynaud diz ainda que é possível ser bom sonâmbulo sem possuir um
Espírito de ordem elevada. (P. 78)
39.
Dizendo que é o Espírito quem vê, a Sra. Reynaud informa que agora vê melhor do
que quando em estado sonambúlico, pois pode ver o homem por dentro, inclusive
na obscuridade. (P. 79)
40.
O fluido magnético, diz o mesmo Espírito, emana do sistema nervoso, mas o
sistema nervoso o tira da atmosfera, sua fonte principal. O poder magnético do
magnetizador depende não só de sua constituição física, mas muito do seu
caráter. (P. 80)
41.
Por isso, as qualidades mais essenciais para o magnetizador são o coração, as
boas intenções sempre firmes, o desinteresse. (P. 80)
42.
A Revista Espírita transcreve o
famoso caso do espectro de Atenas, que apareceu para o filósofo Atenodoro,
narrado por Plínio, o Moço. (P. 87)
43.
Evocado por Kardec, Plínio diz que o desinteresse aqui é coisa rara: "Em
cada duzentos homens encontrareis apenas um ou dois realmente
desinteressados". Kardec concordou. (P. 90)
44.
Costuma-se dizer que ninguém dos que morreram voltou para nos dar informações.
Kardec diz que isso é um erro, e a missão do Espiritismo é precisamente
esclarecer-nos sobre esse futuro, fazendo-nos tocá-lo e vê-lo, não mais pelo
raciocínio, mas pelos fatos. (P. 92)
45.
O Espírito vê sem auxílio de nossa luz e ouve sem necessidade das vibrações do
ar; eis por que para ele não há obscuridade. (P. 93)
46.
As sensações permanentes e indefinidas, por mais agradáveis que sejam, se
tornariam com o tempo fatigantes, se não lhe fosse possível subtrair-se a elas;
por isso tem ele a faculdade de as suspender. (P. 94)
47.
O Espírito pode, pois, deixar de ver, de ouvir, de sentir tais ou quais coisas,
conforme sua vontade, mas na razão de sua superioridade, porque há coisas que
os Espíritos inferiores não podem evitar. (P. 94)
48.
Como os Espíritos não necessitam de vibrações sonoras para lhes ferir os
ouvidos, compreendem-se pela simples transmissão do pensamento, assim como por
vezes nos entendemos pelo simples olhar. (PP. 94 e 95)
49.
Ao entrar em sua nova vida o Espírito precisa de algum tempo para se
reconhecer, porque tudo ali lhe parece estranho e desconhecido. (P. 95)
50.
É um erro pensar que a vida espírita seja uma vida ociosa; ao contrário, ela é
essencialmente ativa e todos têm ali ocupações. (P. 97)
51.
Uma coisa notável é que, mesmo entre os Espíritos mais comuns, de um modo geral
os sentimentos são mais puros como Espíritos do que como homens. A vida
espírita os esclarece quanto aos seus defeitos e, salvo poucas exceções,
lamentam eles amargamente o mal que fizeram. (P. 99)
52.
Há, porém, o que se pode chamar de escória do mundo espírita, constituída dos
Espíritos impuros, cuja preocupação única é o mal. (P. 100)
53.
Para prevenir a fraude nas reuniões espíritas é preciso observar atentamente as
circunstâncias e, sobretudo, levar em consideração o caráter e a condição das
pessoas, seus objetivos e interesses. (P. 102)
Respostas às
questões propostas
A. Para que fim existe a mediunidade?
A
mediunidade é uma faculdade dada para o bem e os bons Espíritos se afastam de
quem quer que pretenda transformá-la em escada para outros fins que não
correspondam aos desígnios da Providência. (Revista
Espírita de 1859, p. 65.)
B. O poder
magnético do magnetizador depende de quê?
Depende
de sua constituição física e muito do seu caráter. É por isso que as qualidades
mais essenciais para o magnetizador são o coração, as boas intenções sempre
firmes e o desinteresse. (Obra citada, p. 80.)
C. Os Espíritos
podem ver na obscuridade?
Sim.
Eles veem sem auxílio de nossa luz e ouvem sem necessidade das vibrações do ar;
eis por que para eles não há obscuridade. Além disso, eles têm a faculdade de
suspender as percepções e sensações que desejam, podendo deixar de ver, de
ouvir, de sentir tais ou quais coisas, conforme sua vontade, mas na razão de
sua superioridade, porque há coisas que os Espíritos inferiores não podem
evitar. (Obra citada, pp. 93 e 94.)
D. Morreu,
descansou. Esta ideia corresponde à realidade?
Não.
É um erro pensar que a vida espírita seja uma vida ociosa; ela é, ao contrário,
essencialmente ativa e todos têm ali ocupações. (Obra citada, p. 97.)
Observação:
Para acessar a 1ª parte deste estudo, publicada na semana passada,
clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/04/blog-post_06.html
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