A quem o ensino espírita se dirige?
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Há
muitas pessoas, mesmo em nosso meio, que não entenderam ainda o que Allan
Kardec disse certa vez sobre a proposta espírita quando, em resposta a um
leitor de Bordeaux, explicou que o Espiritismo não se dirige àqueles que têm
uma fé religiosa qualquer, com o fito de os desviar, mas sim à numerosa
categoria dos incertos e dos incrédulos (Revista
Espírita de 1863, pp. 17 a 20).
O
ímpeto proselitista revela-se, às vezes, em ações aparentemente inocentes mas
que ferem profundamente o que o Codificador nos ensinou.
Já
vimos em determinada instituição pessoas defendendo o acesso à sopa dada aos
socialmente carentes se, antes disso, a pessoa ouvir a palestra espírita ou
receber o passe magnético, violentando assim as convicções que tais pessoas
têm, visto que o fato de necessitarem do auxílio material não significa que
sejam indiferentes a essa ou àquela religião.
Convidá-las
à palestra e oferecer-lhes o recurso do passe magnético, eis atitudes que não
ofendem a ninguém, mas subordinar a ajuda à aceitação de tais convites é algo
que não pode ser aprovado pelos que estudaram e assimilaram a proposta
espírita.
Há,
ainda, em nosso meio, os chamados espíritas exaltados, a que Kardec se refere
no item 28 d´O Livro dos Médiuns.
Crédulos por natureza, aceitam facilmente e sem reflexão tudo o que provém do
plano espiritual. Exagerados em sua crença, revelam uma confiança cega e à
vezes pueril nas coisas do mundo invisível. São eles, portanto, os menos
indicados para convencer, o que não impede que queiram, a cada momento,
exercitar seu ímpeto proselitista e converter todo mundo.
O
tema tem, também, repercussão bem grande na forma como se realiza a divulgação
da Doutrina, seja na tribuna, seja pela imprensa.
Nos
setores mais avançados da comunicação social espírita entende-se que o discurso
espírita deve ser doutrinário, mas jamais doutrinante. A linguagem doutrinante,
impositiva e às vezes intolerante, própria de certos meios religiosos, não se
coaduna com a metodologia espírita.
Se
vamos tratar, digamos, de um vício qualquer, como por exemplo o alcoolismo,
procuremos expor seus malefícios evidentes à saúde, à família e à sociedade,
mas evitemos condenar, maldizer, demonizar os que ainda bebem.
Os
indivíduos devem ser sempre respeitados, não apenas no tocante ao que fazem,
mas também naquilo em que acreditam, nas crenças a que se afervoram.
É
preciso, pois, conscientizar-nos de que o Espiritismo não surgiu no mundo para
tirar adeptos de nenhuma denominação religiosa, mas veio, sim, para os que
duvidam e para aqueles que, adotando alguma religião, nela não se encontram
satisfeitos.
A
divulgação que fazemos da Doutrina Espírita pela rede mundial de computadores é
aberta e dirigida a todo mundo, mas sabemos que só vão acessar os sites
espíritas os que decidirem fazê-lo, sem que ninguém os obrigue, movidos
unicamente pelo desejo de conhecer algo que consiga responder às muitas
inquietações que podem existir no mundo íntimo dessa ou daquela pessoa.
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