A crença, a fé e, por fim, a transformação
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Para
muitas pessoas é a falta de conhecimento do que o Espiritismo nos ensina sobre
a vida e seu propósito que tem ocasionado as dificuldades e os desencontros que
deparamos com frequência em nosso meio.
A falta
de conhecimento advém, obviamente, da falta de estudo doutrinário, seja o
realizado individualmente no recesso do lar, seja o realizado coletivamente nas
reuniões espíritas.
Com
relação à necessidade do estudo é conhecida esta lição do Espírito de Verdade
publicada no capítulo VI, item 5, d´O
Evangelho segundo o Espiritismo:
“Sinto-me
por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza
imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que,
vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que
vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as
verdades.
Espíritas!
amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No
Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que
nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos
clamam: ‘Irmãos! nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os
vencedores da impiedade’.”
Em
outra obra – O Livro dos Médiuns,
itens 31 e 32 – o codificador da doutrina espírita chegou até mesmo a
sugerir-nos um método de estudo, aduzindo que o melhor método do ensino
espírita é dirigi-lo à razão antes de dirigi-lo à vista.
Escreveu
Kardec:
“O
estudo preliminar da teoria tem uma outra vantagem, que é a de mostrar
imediatamente a grandeza do objetivo e do alcance desta ciência; aquele que
começa por ver uma mesa girar ou bater é mais levado à zombaria, porque
dificilmente se persuade de que de uma mesa possa sair uma doutrina regeneradora
da Humanidade. Começar pela teoria nos permite passar todos os fenômenos em
revista, explicá-los, compreender-lhes a possibilidade, as condições sob as
quais podem produzir-se e os obstáculos que poderão ser encontrados. Qualquer
que seja a ordem sob a qual eles aparecem depois, nada terão que possa
surpreender, poupando-se a quem quer trabalhar uma série de desenganos.”
É
evidente, porém, que apenas conhecer não basta; é preciso aplicar o que estamos
aprendendo. Essa é a razão pela qual o Espiritismo não transforma de imediato
os adeptos mais fervorosos, como nos mostra o caso Xumene, citado no capítulo
VII da 2ª Parte do livro O Céu e o
Inferno.
Reportando-se
ao Espírito de Xumene que acabara de se manifestar na sessão, o Guia espiritual
recomendou à médium que tivesse coragem e perseverança. Xumene daria trabalho,
mas o triunfo no final lhe pertenceria. “Não há culpados que se não possam
regenerar por meio da persuasão e do exemplo – disse-lhe o instrutor espiritual
–, visto como os Espíritos, por mais perversos, acabam por corrigir-se com o
tempo.”
Finalizando
a mensagem, o mentor esclareceu:
“Mesmo
a contragosto, as ideias sugeridas a esses Espíritos fazem-nos refletir. São
como sementes que, cedo ou tarde, tivessem de frutificar. Não se arrebenta a
pedra com a primeira marretada. Isto que te digo pode aplicar-se também aos
encarnados e tu deves compreender a razão por que o Espiritismo não torna
imediatamente perfeitos nem mesmo os mais crentes adeptos. A crença é o primeiro passo: vem em seguida a fé e a transformação por
sua vez; mas, além disso, força é que muitos venham revigorar-se no mundo
espiritual.” [Negritamos]
O
escritor inglês Harry Boddington, que estudou mediunidade por cinquenta anos,
diz-nos em um de seus livros que existem muitos médiuns que têm desenvolvido
suas faculdades sem a mínima compreensão de suas responsabilidades e das
implicações do seu trabalho, os quais somente depois de cometerem uma
quantidade de erros facilmente evitáveis, e pondo em perigo a saúde, começam a
estudar o assunto.
Aplicando
essas observações ao conjunto das pessoas, médiuns ou não, podemos dizer que
muitos de nós nos encontramos na primeira fase: a crença, sem termos nem ao
menos chegado à segunda fase: a fé, o que indica que o terceiro e derradeiro
passo – a transformação – se encontra ainda muito distante, o que explica as
dificuldades e os desencontros que temos encontrado no meio espírita e na
sociedade em geral.
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Texto maravilhoso
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