sábado, 2 de julho de 2022

 



A ruína moral do açodar materialista no mundo atual e seu antídoto

 

JORGE LEITE DE OLIVEIRA

jojorgeleite@gmail.com

De Brasília, DF

 

Na Revista Espírita de 1866, número de outubro, somos informados por Allan Kardec sobre a chegada dos tempos. De lá para cá, 156 anos passaram-se, mas o que é isso em relação à eternidade? Para nós, muito tempo; para Deus, um breve instante. Ali, entretanto, o Codificador do Espiritismo já previa que “grandes momentos iriam chegar”, visando à “regeneração da humanidade”.

Não duvide, leitor amigo, caminhamos para o “progresso moral”, embora todos os movimentos contrários dos espíritos rebeldes, que insistem em criar teorias esdrúxulas voltadas ao imediatismo da vida corpórea. Ainda persiste uma maioria de almas na infância espiritual, mas são as próprias leis divinas, eternas e imutáveis, que as corrigirão, pois como é comum dizer-se: “Quem não vai pelo amor, vai pela dor”.

Ao final de seu longo texto, Kardec diz: “O número dos retardatários sem dúvida ainda é grande, mas que podem contra a onda que sobe, senão lançar-lhe algumas pedras?”

Allan Kardec publica, também, na Revista Espírita de agosto de 1868, um excelente texto, que se aplica aos nossos dias, do Sr. Jules Favre, intitulado: O materialismo e o direito, que recomendo ao leitor conferir no periódico citado. Destaco uma de suas frases finais: “Nada dizemos demais ao afirmarmos que o materialismo é destrutivo [...] de toda moral [...]; de todo estado civil, de toda a Sociedade. É preciso recuar com ele além das regiões da barbárie, além da selvageria”. Ao final desse excelente texto, o articulista alerta sobre a tremenda responsabilidade de professor que prega o materialismo, partindo do princípio de inexistência do espírito, por não se poder vê-lo em laboratório. Se não há desconhecimento, há hipocrisia quando se nega o que é conhecido desde quando o ser humano começou a pensar: nossa realidade espiritual, que transcende a matéria.

No mundo atual, temos constatado tristes mudanças de comportamento no ser humano, a nosso ver, mais do que noutros tempos. Quase todas as semanas, somos alertados sobre cuidados que devemos ter para não sermos vítimas de golpes pela internet, telefone, correios etc. Os planos de saúde passaram a exigir comprovação médica por meio de relatório do facultativo que comprove a suspeita de uma doença, o que não havia antes. Bancos, órgãos governamentais e instituições financeiras alertam-nos sobre falsas mensagens, que podem causar prejuízos financeiros aos cidadãos. Ligações telefônicas que imitam vozes de familiares supostamente sequestrados e com ameaças de crimes também são comuns. WhatsApp com fotos de familiar informando ter mudado o número de seu celular e pedindo favores... Concursos, antes confiáveis, são comumente fraudados, tanto na área particular quanto na pública... Isso, além de graves crimes, resulta do materialismo reinante.

Tal não ocorreria assim, entretanto, se não fosse o avanço tecnológico e científico, que tanto podem ser utilizados para o bem quanto para o mal. Se, por um lado, os espíritos perversos, encarnados ou desencarnados, aproveitam-se desses avanços, por outro, a tecnologia e os espíritos bons nos orientam sobre as medidas preventivas que estão ao nosso alcance para evitar os crimes. Um exemplo disso são as câmeras filmadoras que, ao serem instaladas em pontos estratégicos, auxiliam os bons policiais a identificarem e prenderem os criminosos.

Concluo estas reflexões com nosso comentário que se segue à frase de Kardec n’A Gênese, cap. 18, item 34, plenamente apropriada aos nossos dias:

 

Opera-se presentemente um desses movimentos gerais, destinados a realizar a remodelação da humanidade. A multiplicidade das causas de destruição constitui sinal característico dos tempos, visto que elas apressarão a eclosão dos novos germens. São as folhas que caem no outono e às quais sucedem outras folhas cheias de vida, porquanto a humanidade tem suas estações, como os indivíduos têm suas várias idades. As folhas mortas da humanidade caem batidas pelas rajadas e pelos golpes de vento, porém, para renascerem mais vivazes sob o mesmo sopro de vida, que não se extingue, mas se purifica.

 

São os primeiros passos da lei de progresso dos “tempos chegados”. Os espíritos cuja evolução intelectual não acompanha o avanço moral sofrerão as consequências de suas atitudes contrárias ao bem, trabalhados pela dor intensa do remorso e consequências negativas do egoísmo para si mesmos. É o que Paulo escreveu aos Gálatas, 6:7,8: “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará”. Princípio que, inicialmente, aplica-se às consequências provenientes de nossos maus atos. Mas a segunda parte da frase paulina também se aplica aos bons atos.

Em consequência do trabalho da dor nos que não querem seguir a lei do amor, as flores do mal murcharão, mas as do bem florescerão e darão bons frutos.  

 

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