domingo, 17 de junho de 2018





A infelicidade sob um novo prisma

Uma das cunhadas de Chico Xavier deu à luz um filho que apresentava o que nós consideramos anormalidades: braços e pernas atrofiados, olhos cobertos por uma espessa névoa que o mantinham na mais completa escuridão e um rosto tão deformado, que inspirava medo a quem o via. Tal era a aparência do menino  que sua mãe ao vê-lo teve um choque e acabou internada em um hospital de doentes mentais. Chico assumiu o encargo de criar o sobrinho.
Ocorre que cuidar da criança não era fácil. Ele tinha de medicá-la, banhá-la e aplicar-lhe um clister diariamente. O sobrinho não conseguia deglutir e, por isso, Chico tinha que formar uma pequena bola com a comida, colocar em sua garganta e empurrar com o dedo.
A árdua tarefa prosseguiu por doze anos aproximadamente.
Quando o sobrinho piorava, Chico orava muito para que ele não desencarnasse, pois o amava como um filho. Certa vez Emmanuel explicou: “Ele só vai desencarnar quando o pulmão começar a desenvolver e não encontrar espaço. Aí, então, qualquer resfriado pode-se transformar numa pneumonia e ele partirá”.
Próximo dos doze anos, o garoto foi acometido de uma forte gripe e começou a definhar. Momentos antes do desenlace, seus olhos se abriram e ele pôde enxergar. O menino então olhou para o Chico e procurou traduzir naquele olhar toda a sua gratidão pelo bem que ele lhe fizera. Emmanuel, que observava a cena, declarou: “Graças a Deus! É a primeira vez, depois de cento e cinquenta anos, que seus olhos se voltam para a luz. As suas dívidas do passado foram liquidadas. Louvado seja Jesus”.
O relato acima consta de um dos livros que Adelino da Silveira escreveu sobre a vida e a obra do saudoso médium. Intitula-se "Chico, de Francisco”.
Sofrimentos, desgraças, provações como a descrita são muito comuns em nosso planeta. O noticiário da grande imprensa é farto em relatos de igual natureza.
Surge-nos então a pergunta: - Por que ocorrem fatos assim no mundo em que vivemos?
Se excluirmos da narrativa a reencarnação e seus desdobramentos, é muito difícil emitir alguma explicação. E – verdade seja dita – mesmo admitindo a lei das vidas sucessivas, não é fácil compreender determinadas situações que impõem ao homem sofrimentos inenarráveis.
Tratando diretamente do assunto, Delfina de Girardin (Espírito) chama-nos a atenção para um aspecto pouco lembrado nos comentários que fazemos quando ocorrem tragédias e desgraças.
Diz ela:
“Para julgarmos qualquer coisa, precisamos ver-lhe as consequências. Assim, para bem apreciarmos o que, em realidade, é ditoso ou inditoso para o homem, precisamos transportar-nos para além desta vida, porque é lá que as consequências se fazem sentir. Ora, tudo o que se chama infelicidade, segundo as acanhadas vistas humanas, cessa com a vida corporal e encontra a sua compensação na vida futura. (...)
A Deus não se engana; não se foge ao destino; e as provações, credoras mais impiedosas do que a matilha que a miséria desencadeia, vos espreitam o repouso ilusório para vos imergir de súbito na agonia da verdadeira infelicidade, daquela que surpreende a alma amolentada pela indiferença e pelo egoísmo.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo V, item 24.) [Negritamos]
Com efeito, se examinarmos o caso do sobrinho de Chico Xavier, concluiremos que os sofrimentos e as limitações que padeceu por 12 anos concorreram para que quitasse suas dívidas para com a Lei, que ele próprio contraiu no passado e o levaram a uma cegueira que perdurou por 150 anos – 138 na erraticidade e 12 anos em sua curta existência corpórea.
Fazendo, então, um balanço objetivo à luz do Espiritismo, jamais poderíamos chamar de infelicidade o que ele padeceu, primeiro porque a situação por ele enfrentada nada mais era do que a consequência dos seus próprios atos; segundo, porque seus problemas de ordem física cessaram com a morte do seu corpo; terceiro, porque ficou quite com a Lei que rege nossas vidas e, assim harmonizado, podia retomar livremente sua caminhada rumo à perfeição para a qual todos nós fomos criados.




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