domingo, 24 de junho de 2018



Dura lex, sed latex

A expressão acima integra uma frase atribuída ao grande escritor e jornalista Fernando Sabino, dita em um comentário que fez acerca da expressão latina “dura lex sed lex”, isto é, “a lei é dura, mas é lei”.
O significado da expressão latina é que, por mais dura que possa ser uma lei, ela deve ser cumprida, exija ou não da pessoa grandes sacrifícios.
Escreveu o saudoso escritor:
“Para os pobres é dura lex, sed lex. A lei é dura, mas é lei. Para os ricos, é dura lex, sed latex. A lei é dura, mas estica”.
Sabino fazia assim uma crítica ao sistema judiciário brasileiro, cuja atuação até então sinalizava que as pessoas de maiores posses eram tratadas de forma mais benigna do que os mais pobres, mesmo sendo os crimes destes mais brandos do que os dos ricos e abastados.
Os últimos acontecimentos em nosso país dão-nos algum alento de que esse estado de coisas esteja mudando e, por isso, os poderosos não mais têm, como antes, certeza de que a impunidade continuará beneficiando-os.
A expressão latina pode, realmente, ser ignorada – e certamente tem sido inúmeras vezes – no plano em que vivemos. No mundo da política, a história mostra com clareza que sempre se observou o que diz conhecido ditado: “Aos amigos, tudo. Aos inimigos, a lei”.
É diferente, porém, o que ocorre quando nos referimos à justiça divina.
Ensinada como um dos princípios básicos do Espiritismo, a lei de causa e efeito não era estranha aos cristãos primitivos, que certamente conheciam a advertência contida no episódio abaixo relatado pelo evangelista Mateus:

“E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
Então Jesus disse-lhe: Embainha a tua espada; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.” (Mateus 26:51,52)

Nosso companheiro José Lucas, um dos colaboradores de nossa revista, radicado em Portugal, relatou oportunamente em um artigo intitulado E para onde vão os políticos? um fato que mostra com clareza como a justiça divina é aplicada naturalmente consoante as leis de Deus.
Diz ele que o conhecido professor e orador José Raul Teixeira, ao dirigir-se para almoçar num restaurante com um grupo de amigos espíritas, viu numa esquina próxima uma mulher andrajosa a procurar comida num cesto de lixo posto na calçada. A cena causou-lhe tamanha impressão, que ele perdeu a vontade de almoçar, conquanto a necessidade de fazê-lo. Enquanto tentava recompor-se mentalmente, já no restaurante, pensando naquela pessoa que nada tinha, apareceu-lhe, pelo fenômeno da vidência espiritual, um Espírito amigo que o acompanha em sua tarefa doutrinária. O benfeitor espiritual o acalmou, explicando que, mesmo que ele fosse dar comida limpa àquela senhora, ela recusaria. E contou-lhe, em breves pinceladas, a história daquela mulher, que era na atual existência a reencarnação de um famoso político brasileiro, ainda hoje muito conceituado, e que por haver prejudicado tanto o povo tinha reencarnado numa condição miserável, devido ao mecanismo do complexo de culpa que fez, após a morte do corpo de carne, no mundo espiritual, retornando naquela condição para aprender a valorizar o que tanto desprezara na existência: as dificuldades financeiras do próximo.
Não se tratava, obviamente, de um castigo divino, mas sim uma decorrência da lei de causa e efeito, segundo a qual cada um colhe de acordo com os seus atos, pensamentos e sentimentos.
A esse tipo de lei – a lei divina – a expressão latina dura lex, sed lex se aplica integralmente, quer acreditemos ou não. Fernando Sabino certamente concordaria com esta nossa conclusão.




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