quarta-feira, 27 de junho de 2018




Oásis de luz

Meimei

Suave, suavemente, belo jorro de luz desceu da amplidão, coroando, de todo, a casa singela. Dir-se-ia que a construção fora atingida em um segundo por fúlgura cascata de raios luminescentes.
Inflamara-se o teto de láurea rutilante.
As paredes coloridas por luminárias ocultas faziam-se transparentes, despedindo bonançosas centelhas.
De janelas e portas, fluíram de inesperado caudais de bênçãos, qual se o ambiente interior estivesse inundado de nutriente energia.
Chamas blandiciosas dissolviam as sombras, desabotoando prematura alvorada em meio às trevas noturnas e o firmamento, nos cimos, parecia cálida umbela deitando flores argenteadas sobre o anônimo ninho humano, que passara da condição de apagado recinto à ilha refulgente de alvenaria.
Os insetos da noite ciciaram com mais brandura, cães das proximidades aplacaram latidos e os habitantes de residências vizinhas experimentaram sem perceber a intangível presença de paz profunda.
Contudo, na intimidade doméstica, acentuava-se, deslumbrante, o painel festivo, qual se varinha mágica fizesse nascer de pessoas e coisas balsâmicas radiações de entendimento e simpatia.
Trajara-se a sala modesta de surpreendente grandeza, convertida em deleite remanso por banho lustral de amor puro que fixava sorrisos musicais de bondade em cada fisionomia.
Halos fulgurantes revestiram todas as formas alindando-lhes os traços e as cores sob o poder de ignoto cinzel. Auréolas de esplendor tocaram os moradores, lágrimas de jubilosa esperança tremularam, furtivas, em olhos alumiados de reconforto, rostos brilharam confiantes, impregnaram-se as frontes de lume tênue, palavras ressoaram mais ternas, tonificaram-se corações em novos haustos de força e alcandorou-se a emoção a eminências desconhecidas, em transportes de irresistível candura.
Na esteira de luz em torno, transeuntes do espaço respiraram felizes, enquanto, não longe, menestréis da vida maior, vocalizaram canções de bom ânimo para todo o grupo tocado de intenso brilho.
A transfiguração arrebatadora e imprevista era Jesus, o conviva celeste em visita à casa humilde: instalara-se ali, o Culto Santificante do Evangelho no Lar.


Do livro Ideal Espírita, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.




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