quinta-feira, 26 de dezembro de 2019




O Livro dos Espíritos

Allan Kardec

Estamos fazendo neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – dos oito principais livros do Codificador do Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Concluído o estudo de dois livros considerados introdutórios, iniciamos hoje o estudo da principal obra espírita – O Livro dos Espíritos –, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.
Na elaboração das respostas às questões apresentadas fundamentamo-nos na 76ª edição publicada pela FEB, com base em tradução de Guillon Ribeiro.

Parte 1

1. Que é que o Espiritismo tem por princípio e que contém O Livro dos Espíritos? 
A doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo são os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas. Como especialidade, “O Livro dos Espíritos” contém a doutrina espírita; como generalidade, prende-se à doutrina espiritualista, uma de cujas fases apresenta. Essa a razão por que traz no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista. (Obra citada, Introdução, item I, pág. 13.)
2. Qual é na doutrina espírita o conceito do vocábulo alma?
Kardec dá o nome de alma ao ser imaterial e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo. (Introdução, item II, 5º parágrafo, pág. 14.)
3. Como Kardec conceitua princípio vital? 
É o princípio da vida material e orgânica, qualquer que seja a fonte donde ela promane, princípio esse comum a todos os seres vivos, desde as plantas até o homem. Segundo alguns, o princípio vital seria uma propriedade da matéria, um efeito que se produz achando-se a matéria em dadas circunstâncias. Para outros, e esta é a ideia mais comum, ele reside em um fluido especial, universalmente espalhado e do qual cada ser absorve e assimila uma parcela durante a vida, tal como os corpos inertes absorvem a luz. Esse fluido especial seria o chamado fluido vital que, na opinião de muitos, em nada difere do fluido elétrico animalizado, ao qual também se dão os nomes de fluido magnético, fluido nervoso etc. (Introdução, item II, 7º parágrafo, pág. 15.)
4. Como se deram as primeiras manifestações espíritas? 
As primeiras manifestações inteligentes se produziram por meio de mesas que se levantavam e, com um dos pés, davam certo número de pancadas, respondendo deste modo — sim ou não —, conforme fora convencionado, a uma pergunta feita.(1) Até aí nada de convincente havia para os cépticos, porquanto bem podiam crer que tudo fosse obra do acaso. Obtiveram-se depois respostas mais desenvolvidas com o auxílio das letras do alfabeto: dando o móvel um número de pancadas correspondente ao número de ordem de cada letra, chegava-se a formar palavras e frases que respondiam às questões propostas. A precisão das respostas e a correlação que denotavam com as perguntas causaram espanto. O ser misterioso que assim respondia, interrogado sobre sua natureza, declarou ser um Espírito, declinou um nome e prestou diversas informações a seu respeito. Uma circunstância muito importante cabe aqui assinalar: é que ninguém imaginou os Espíritos como meio de explicar o fenômeno; foi o próprio fenômeno que revelou a palavra. Muitas vezes, em se tratando das ciências exatas, se formulam hipóteses para dar-se uma base ao raciocínio. Não foi aqui o caso. Como o processo inicial de correspondência era demorado e incômodo, os Espíritos indicaram outro. Foi um desses seres invisíveis quem aconselhou a adaptação de um lápis a uma cesta ou a outro objeto. Colocada em cima de uma folha de papel, a cesta era posta em movimento pela mesma potência oculta que movia as mesas, mas, em vez de um simples movimento regular, o lápis traçava por si mesmo caracteres formando palavras, frases, dissertações de muitas páginas sobre as mais altas questões de filosofia, de moral, de metafísica, de psicologia etc. e com tanta rapidez quanta se se escrevesse com a mão. O conselho foi dado simultaneamente na América, na França e em diversos outros países. Foi desse modo que as manifestações espíritas se popularizaram em todo o mundo.  (Introdução, item IV, do 2º ao 6º parágrafos, pág. 20.)
5. Que é mais importante: o mundo material ou o mundo espírita? 
O mundo espírita, que é o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e sobrevivente a tudo, é o mais importante. O mundo material é secundário; poderia deixar de existir, ou não ter jamais existido, sem que por isso se alterasse a essência do mundo espírita. (Introdução, item VI, pág. 23.)
6. Como pode ser resumida a moral ensinada pelos Espíritos superiores? 
A moral dos Espíritos superiores se resume, como a do Cristo, nesta máxima evangélica: Fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, isto é, fazer o bem e não o mal. (Introdução, item VI, pág. 27.)
7. Que conselho dá Kardec aos que desejam conhecer a doutrina espírita? 
Quem deseja tornar-se versado numa ciência tem que a estudar metodicamente, começando pelo princípio e acompanhando o encadeamento e o desenvolvimento das ideias. Que adiantará dirigir a um sábio perguntas acerca de uma ciência cujas primeiras palavras ignoramos? Poderá o próprio sábio, por maior que seja a sua boa vontade, dar-lhe resposta satisfatória? A resposta isolada, que der, será forçosamente incompleta e quase sempre, por isso mesmo, ininteligível, ou parecerá absurda e contraditória. O mesmo ocorre em nossas relações com os Espíritos. Quem quiser com eles instruir-se tem que com eles fazer um curso; mas, exatamente como se procede entre nós, deverá escolher seus professores e trabalhar com assiduidade. (Introdução, item VIII, dois primeiros parágrafos, pág. 31; e item XVII, 2º parágrafo, pág. 46.)
8. Por que o Espiritismo é considerado um preservativo da loucura e do suicídio? 
A loucura tem como causa primária uma predisposição orgânica do cérebro, que o torna mais ou menos acessível a certas impressões. Entre as causas mais comuns de sobreexcitação cerebral, devem contar-se as decepções, os infortúnios, as afeições contrariadas, que, ao mesmo tempo, são as causas mais frequentes de suicídio. Ora, o verdadeiro espírita vê as coisas deste mundo de um ponto de vista tão elevado; elas lhe parecem tão pequenas, tão mesquinhas, a par do futuro que o aguarda; a vida se lhe mostra tão curta, tão fugaz, que, aos seus olhos, as tribulações não passam de incidentes desagradáveis, no curso de uma viagem. O que, em outro, produziria violenta emoção, mediocremente o afeta. Ademais, ele sabe que as amarguras da vida são provas úteis ao seu adiantamento, se as sofrer sem murmurar. É por isso que, bem compreendido, o Espiritismo é um preservativo, não um estimulante, da loucura e do suicídio. (Introdução, item XV, 3º e 4º parágrafos, pág. 41.)

(1) Na realidade, antes do fenômeno das mesas girantes ocorreram no povoado de Hydesville, nos Estados Unidos da América do Norte, os chamados raps, assunto que o leitor pode ver no texto As pioneiras do Espiritismo. Tais fenômenos é que deram origem ao nascimento do Espiritismo moderno. Para acessá-lo, clique aqui: http://www.oconsolador.com.br/49/especial2.html




Como consultar as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como utilizá-lo.




Nenhum comentário:

Postar um comentário