Lembretes para o ano novo
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR
É
um hábito comum formularmos no início de cada ano uma série de promessas. Muitas
com o propósito de fazer, de mudar, de iniciar tal e tal coisa. Outras com o
propósito de não fazer, de não mais cultivar algo que reputamos maléfico ao
nosso corpo ou à nossa alma.
O
calendário e suas alterações são, todavia, apenas convenções humanas, porque
uma existência neste mundo deve ser considerada globalmente e nisso somente
duas datas são realmente relevantes – o dia em que chegamos para uma nova
experiência reencarnatória e o dia em que voltaremos à verdadeira pátria.
Em
face disso, gostaríamos de lembrar aqui duas parábolas narradas por Jesus que
deveriam, isto sim, estar presentes em nossa memória todas as vezes em que
analisamos o ano que termina e nos preparamos para um novo ano.
Referimo-nos
à parábola dos talentos e à parábola do juízo final – títulos esses que dizem
respeito, obviamente, ao modo pelo qual as parábolas são conhecidas, visto que
elas, em verdade, não têm nome.
Eis
os versículos que compõem a primeira – a parábola dos talentos:
Vigiai, pois, porque
não sabeis o dia nem a hora em que o Filho do homem há de vir.
Porque isto é também
como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e
entregou-lhes os seus bens. E a um deu cinco talentos, e a outro dois, e a
outro um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe.
E, tendo ele partido,
o que recebera cinco talentos negociou com eles, e granjeou outros cinco
talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois, granjeou também outros dois. Mas
o que recebera um, foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor. E
muito tempo depois veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles. Então
aproximou-se o que recebera cinco talentos, e trouxe-lhe outros cinco talentos,
dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos
que granjeei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel.
Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu
senhor. E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor,
entregaste-me dois talentos; eis que com eles granjeei outros dois talentos.
Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel,
sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mas, chegando também o
que recebera um talento, disse: Senhor, eu conhecia-te, sei que és um homem
duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e,
atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.
Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabias que
ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei. Devias então ter dado o meu
dinheiro aos banqueiros e, quando eu viesse, receberia o meu com os juros.
Tirai-lhe pois o talento, e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer
que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver até o que tem
ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali
haverá pranto e ranger de dentes. (Mateus, 25:13-30)
E
aqui estão os versículos que reproduzem a segunda – parábola do juízo final:
E quando o Filho do
homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará
no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e
apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas; e porá as
ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
Então dirá o Rei aos
que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o
reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e
destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e
hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na
prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor,
quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de
beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos? E
quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei,
lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus
pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
Então dirá também aos
que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno,
preparado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de
comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo estrangeiro, não me recolhestes;
estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes. Então
eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com
sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos? Então
lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes
pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento
eterno, mas os justos para a vida eterna. (Mateus, 25:31-46.)
A
mensagem embutida nas parábolas transcritas é muito clara. Não é preciso dispor
de uma inteligência fulgurante para perceber que a primeira indica como o
Senhor avalia o proveito que obtemos com relação aos recursos materiais que Ele
nos emprestou para a presente existência. A frase final dita pelo Senhor aos
dois primeiros servos é significativa: “Servo bom e fiel. Já que foste fiel
sobre o pouco, sobre muito te colocarei”.
Quanto
à segunda, trata-se da aferição do nosso comportamento com relação ao próximo –
ao doente, ao carente, ao infeliz que a Lei sentenciou ao cárcere. E a frase
dita pelo Senhor da parábola é, como a primeira, expressiva: “Vinde, benditos
de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação
do mundo”.
Que
todos nós, os que escrevem para o público e os que leem estes escritos, possamos
iniciar 2020 tendo em mente as duas advertências que Jesus, bondoso como é, em
boa hora enviou à Humanidade terrena, até hoje tão imperfeita e complicada.
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