sábado, 25 de janeiro de 2020




A bala não resolve, mas o amor comove e converte

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Em belo texto de sua obra intitulada Nas Pegadas do Mestre, Pedro de Camargo, ou, se preferirem, Vinícius, diz o seguinte:

O homem é conversível. Jesus veio promover sua conversão anunciando o Evangelho antes que existisse qualquer livro ou manuscrito com essa designação. O Evangelho é uma mensagem que convida os homens para o Reino de Deus. Para alcançá-lo, porém, é mister uma condição: converter-se. Converter significa mudar de vida, deixar o caminho velho e tomar rota nova, pois o homem tem vivido no reino da carne, da mentira e do egoísmo; e o Reino de Deus é precisamente o oposto, isto é, o reino do espírito, da verdade e do amor (cap. Os verdadeiros cristãos).

Há algum tempo, citei aqui a história de um taxista, que nos transportou do aeroporto para o hotel de Copacabana. Ali nos hospedamos por uns dias. Relembremos a história. Antônio (nome fictício) demonstrava imensa paciência no trânsito carioca, coisa rara em quem passa o dia rodando nas ruas do Rio de Janeiro. Inquirido sobre o que lhe proporcionava toda aquela sua calma, na agitação daquelas ruas movimentadas, ele contou-me um pouco de sua vida.
No passado falou-me eu era frequentador de boates, beberrão e brigão. Não aceitava levar desaforos para casa, e isso custou-me arranhões e prisões diversas vezes. Consumia drogas, aprontava “barracos” por qualquer insignificância, dormia com mulheres que mal conhecera e que se aproveitavam de minha embriaguez para me furtar, enfim, minha vida era um inferno. Até que um dia, a convite de amigo evangélico, resolvi assistir a um culto na igreja de sua frequência assídua. A partir daquele dia, aceitei Jesus e converti-me.
Na fala mansa e espiritualizada daquele homem simples, vibrava a sinceridade de suas resoluções, como a de nunca mais beber ou consumir qualquer droga. Não havia como não perceber, ali, a excelência da mensagem transformadora do Cristo, como ocorre quando nos convertemos ao seu Evangelho. E isso depende mais de nós do que da religião que adotamos, pois em todas a mensagem divina está presente.
Afirmou-me Antônio que não tinha qualquer receio de entrar numa comunidade pobre de inúmeras favelas da cidade, quando chamado para o serviço de táxi. E, embora já houvesse sabido de diversas ocorrências de assaltos aos seus colegas de trabalho, jamais fora assaltado.
É a proteção de Deus eu disse-lhe. Quando nos sintonizamos em faixas espirituais elevadas, nada nos acontece, se tivermos merecimento, pois a proteção do Alto sempre nos acompanhará.
Esse caso veio-nos novamente à memória ao relermos a mensagem do Espírito Bispo de Argel, n’O Evangelho Segundo o Espiritismo, item 11 do cap. 13, que nos assegura ser preciso nos ocupemos unicamente com a promoção da felicidade alheia, para assegurarmos, nesta existência, a própria felicidade, além de encontrarmos um sentido para a vida. O que Deus quer de nós é que cultivemos, dia a dia, o amor ao próximo.
Quando as pessoas responsáveis pela administração das sociedades se convencerem de que não se combate a violência com violência e, sim, com investimento em educação moral e intelectual, a sociedade será melhor. Pois ao invés de mandarmos para o cemitério milhares de almas revoltadas, investiremos no reino prometido por Jesus aos justos. Somente o amor, fruto do esclarecimento, do oferecimento de oportunidades igualitárias a todos, sem deixar de proporcionar a cada um o que lhe é devido, construirá uma sociedade melhor.
Só a água espiritual, do poço das virtudes, prometida por Jesus à samaritana, administrada em doses certas, promoverá a conversão dos revoltados e equivocados da Terra. Mas é preciso que os que nisso acreditam, por sua vez se convertam e se tornem um novo ser em Cristo, que nada deixou escrito, mas separou o tempo em antes e depois dele.
É preciso que, desde criança, o ser humano aprenda a viver com morigeração, sob a orientação de programas educativos. É urgente que se invista em segurança, não para matar o criminoso, mas para educá-lo em trabalhos de colônias prisionais agrícolas. Segurança para impedir a entrada, seja por terra, pela água ou pelo ar, e seu cultivo em solo pátrio, das drogas devastadoras, que incentivam o ser humano a destruir e se destruir. Segurança no oferecimento de dois turnos escolares para nossas crianças e jovens, com recreação e boa alimentação acrescidos à instrução de boa qualidade. Criação de escolas, enfim, que eduquem para a prática do amor, em contraposição ao egoísmo, da humildade, em vez do orgulho. Geração de empregos bem remunerados, enfim, que se invista na conversão do ser equivocado, caminho real de transformação de cada um de nós, de cada família, de cada comunidade, até que toda a Terra esteja convertida ao bem.
Nossa certeza baseia-se nestas palavras de Jesus: amai-vos. E isso não se consegue com falsas promessas, nem com repressão por bala, pois a transformação social se sustenta primacialmente no amor, que comove e converte.




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