quinta-feira, 23 de janeiro de 2020




O Livro dos Espíritos

Allan Kardec

Estamos fazendo neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo dos oito principais livros do Codificador do Espiritismo. Serão ao todo 1.120 questões objetivas distribuídas em 140 partes, cada qual com oito perguntas e respostas. Os textos são publicados neste blog sempre às quintas-feiras.
Continuamos hoje o estudo da principal obra espírita – O Livro dos Espíritos –, cuja publicação inicial ocorreu em 18 de abril de 1857.

Parte 5

33. Como se dá a separação da alma, uma vez morto o corpo? É ela dolorosa? 
A separação da alma e do corpo não é dolorosa. A pessoa quase sempre sofre mais durante a vida do que no momento da morte. Os sofrimentos que algumas vezes se experimentam no instante da morte são um gozo para o Espírito que vê chegar o termo do seu exílio. Na morte natural, a que sobrevém pelo esgotamento dos órgãos, em consequência da idade, o homem deixa a vida sem o perceber: é uma lâmpada que se apaga por falta de óleo. Uma vez desatados os laços que a retinham ao corpo, a alma se desprende gradualmente, nunca de forma brusca. Ela não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade, pois os dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. (O Livro dos Espíritos, questões 154, 155, 163 e 164.)
34. Após a morte corpórea, o Espírito sabe perfeitamente o que lhe aconteceu?
Não, pois a alma passa algum tempo em estado de perturbação, cuja duração depende da elevação de cada um. Aquele que já está purificado reconhece-se quase imediatamente, pois que se libertou da matéria antes que cessasse a vida do corpo, enquanto que o homem carnal, aquele cuja consciência ainda não está pura, guarda por muito mais tempo a impressão da matéria.
Por ocasião da morte, tudo, a princípio, é confuso. De algum tempo precisa a alma para entrar no conhecimento de si mesma. Ela se acha como que aturdida, no estado de uma pessoa que despertou de profundo sono e procura orientar-se sobre sua situação. A lucidez das ideias e a memória do passado lhe voltam, à medida que se apaga a influência da matéria que ela acaba de abandonar e se dissipa a espécie de névoa que lhe obscurece os pensamentos. (Obra citada, questões 163 a 165.)
35. O conhecimento espírita ajuda o indivíduo a libertar-se da perturbação que se segue à morte? 
Sim, porque – com o conhecimento espírita - o Espírito já antecipadamente compreende sua situação. Mas é a prática do bem e a consciência pura que maior influência exercem. Segundo o Espiritismo, a perturbação que se segue à morte nada tem de penosa para o homem de bem, que se conserva calmo, semelhante em tudo a quem acompanha as fases de um tranquilo despertar. Para aquele, porém, cuja consciência não é pura, a perturbação é cheia de ansiedade e de angústias, que aumentam à proporção que ele de sua situação se compenetra. (Obra citada, questão 165.)
36. Em que consiste e em que se fundamenta a doutrina da reencarnação? 
A doutrina da reencarnação fundamenta-se na justiça de Deus e na revelação, pois ninguém ignora que o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não seria diferente com nosso Pai maior, que faculta aos Espíritos os meios de alcançar a perfeição, meta para a qual todos nós fomos criados. A doutrina da reencarnação mostra-nos que os Espíritos passam por inúmeras existências corporais até que, depurando-se de suas imperfeições, atinjam a perfeição. A cada nova existência, o Espírito dá um passo adiante na senda do progresso, de modo que há de vir um momento em que, limpo de todas as impurezas, não terá mais necessidade das provas da existência corporal. (Obra citada, questões 166, 167, 168 e 171.)
37. Nossas diferentes existências corpóreas se passam todas na Terra? 
Não. Elas ocorrem nos diferentes mundos que povoam o Universo. As que passamos na Terra não são as primeiras nem as últimas; são, porém, das mais materiais e das mais distantes da perfeição. (Obra citada, questões 172 a 174.)
38. Existe o período da infância em outros mundos?
Sim. Em toda parte a infância é uma transição necessária, mas não é, em todos os globos, tão obtusa como o é em nosso mundo. (Obra citada, questão 183.)
39. É possível a um Espírito vencer numa única existência todos os graus da perfeição?
Não, pois o que o homem julga perfeito longe está da perfeição. Há qualidades que lhe são desconhecidas e incompreensíveis. Poderá ser tão perfeito quanto o comporte sua natureza terrena, mas isso não é a perfeição absoluta. Dá-se com o Espírito o que se verifica com a criança que, por mais precoce que seja, tem de passar pela juventude, antes de chegar à idade da madureza; e também com o enfermo que, para recobrar a saúde, tem de passar pela convalescença. Ademais, ao Espírito cumpre progredir em ciência e em moral. Se somente se adiantou num sentido, importa se adiante no outro, para atingir o extremo superior da escala. (Obra citada, questões 192, 192-A e 194-A.)
40. Pode uma pessoa nas futuras encarnações descer abaixo do ponto já alcançado anteriormente?
Com relação à posição social, sim; como Espírito, não, visto que não pode degenerar. A marcha dos Espíritos é progressiva, jamais retrógrada. Eles se elevam gradualmente na hierarquia e não descem da categoria a que ascenderam. Em suas diferentes existências corporais, podem descer como homens, não como Espíritos. Assim, a alma de um potentado da Terra pode mais tarde animar o mais humilde obreiro e vice-versa, porque entre os homens as categorias estão, frequentemente, na razão inversa da elevação das qualidades morais. Herodes era rei e Jesus, carpinteiro. (Obra citada, questões 193 e 194.)

Observação:
Para acessar a Parte 4 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/01/o-livro-dos-espiritos-allan-kardec_16.html




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