sábado, 11 de janeiro de 2020




Falando sério de Brasília

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Quando cai a chuva em Brasília, tudo o que era seco enverdece. As aves piam agitadas, e a secura desaparece. O Lago Paranoá cresce, e quem não jaz morto aparece. Aqui nada morre, hiberna. Mesmo caindo poucas chuvas, as barragens d’água hodiernas fertilizam maçãs e uvas. Temos manga, jaca, abacate, tudo ao alcance de quem cate...
As quadras são cheias de frutos, os parques se enchem de gente. Até mesmo antes do nascente, néscios caminham com argutos. E o clima é tão seco, meu cara, que rivaliza com o Saara.  
Aqui também há vida e fé. Nas bancas não há só jornais, há água de coco e café.
Há desfiles de carnavais de várias escolas de samba e blocos tradicionais. A escola de samba ARUC é a campeã do Cruzeiro, mas também brilha a Asa Norte, com tabaques e com pandeiros. Temos também noventa blocos, dos quais citarei quatro ou três: Babydoll de Nylon é um; outro é o bloco de Samambaia, e, para o bom do português, o Beija Me Beija é o da vez...
    Soube, hoje, pelo Jornal, para gáudio de ator e atriz, que no Teatro Nacional estará Machado de Assis. Como autor de peças teatrais, de alvos certeiros em crônicas, esse Bruxo do Cosme Velho volta com mil verves irônicas.
Quase em frente de cada quadra, temos também academia. Então, meu caro e bom leitor, nada melhor do que a ironia para começar 2020. Pois nosso negócio é o seguinte: com tantos fakes circulando, sejas leitor, sejas ouvinte, curte cada uma maravilha de nossa querida Brasília, mas não te metas na política, o carnaval de ano inteiro.
Mas falo sério agora, amigo, se desejas sempre contigo, em qualquer lugar que tu estejas, a fortaleza contra o mal, não faças tu de Brasília um palanque de vãs riquezas. Não uses dinheiro do imposto para teu próprio usufruto, se estás em algum cargo público.
Não aceites, se és político, qualquer vantagem indevida, e, ainda que não seja assim, faze sempre o bem, vai por mim. Pois só a pura consciência e o exercício da clemência aliado ao bem incessante farão de cada cidadão um exemplo belo e profundo, de Brasília para o Brasil e do Brasil para o Mundo.





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2 comentários:

  1. Caro amigo Jorge: "Falar sério de Brasília" é desafio que só conseguiria um apaixonado admirador de Machado de Assis, o (Bruxo do Cosme Velho, segundo lendário apelido do nosso ínclito primeiro presidente da Academia de Letras Brasileira. Refiro-me, sim a você, que como admirador machadiano, de tanto reverenciar "o Bruxo" em seus textos, até pegou o jeito dele nessa crônica, que me parece, abre o ano de 2020. E é aplicável como vacina moral para os políticos e não apenas para eles: serve para todo mundo.

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