Coragem, a vida prossegue...
JORGE LEITE DE
OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Há um verso numa das músicas do padre
Zezinho, no meu entendimento o melhor cantor de música gospel do Brasil,
que expressa o seguinte paradoxo: "Não crê no que acredita". Muitos
de nós somos assim. Pregamos ao próximo
a palavra do Evangelho e dos Espíritos iluminados, mas agimos como se ela não
se aplicasse a nós.
Conheci uma pessoa que desencarnou em
avançada idade, espírita de carteirinha, com profundos conhecimentos
espirituais, que percorreu o mundo divulgando o Espiritismo. Essa senhora, no
entanto, costumava dizer que tinha muito medo da morte.
Também mamãe, que morreu com 89 anos de
idade, morria de medo de morrer. Tanto esta quanto aquela
desencarnaram na maior paz, cercadas dos cuidados médicos e de enfermagem, além
do carinho da família e dos que lhes queriam bem.
Há também quem diga que não teme a
morte, receia é o sofrimento que a antecede. Reflitamos, porém, que a vida é
aprendizado. Somos imortais. O sofrimento é necessário para a depuração de
nossas almas; portanto, não devemos temer a morte, nem a dor. Afianço ao leitor
que, particularmente, não temo nem uma coisa, nem outra... Tudo passa, mas a
vida continua, e só o Amor é eterno. Somos filhos do Amor, criados para amar e
nos tornarmos puros, como nosso Pai sempre foi.
Na obra espírita romanceada, intitulada
A Caminho do Abismo, que relata o pavoroso morticínio de protestantes em
Paris, na Noite de São Bartolomeu, em 24 de agosto de 1572, Antônio Lima,
no cap. 4, cita as seguintes palavras de Giordano Bruno:
Não devemos temer a morte, nem
desejá-la, nem precipitá-la covardemente, mas, aguardá-la com paciência até
quando Deus bem entender de nos chamar a contas na hora exata da viagem para as
plagas do invisível mundo das almas. Convém levar bem cheio o alforje, com
provisão salutar e suficiente para não tornar a morrer de fome lá em cima. É de
bom aviso conduzir em ânforas de luz a água da vida para não sucumbir de sede
no mundo da realidade.
Naturalmente, a fome e a sede a que ele
se refere não são necessidades materiais e, sim, do Espírito. Vivamos, cada
dia, com renovadas esperanças, pois todo mal sempre traz um bem. Entretanto,
sem que isso caracterize qualquer ideologia política, observo, nos
acontecimentos trágicos, como o que estamos vivendo nos últimos dias, uma forma
de educar os seres humanos na correção das absurdas desigualdades sociais,
motivadas pela ganância do poder e do ter.
Quem sabe, agora, enxerguemos a
injustiça praticada contra quem desempenha serviços essenciais ao nosso
bem-estar, mas é tão mal remunerado, ao passo que políticos, atletas e artistas
famosos nadam num mar de dinheiro? Se nos esforçarmos em crer, realmente,
naquilo que aprendemos e transmitimos a outrem, com certeza, dormiremos tranquilos.
Desse modo, ainda que um raio nos parta
o crânio, ainda que nossa casa desabe sobre nós, e, mesmo tendo de sofrer por
alguns dias, nossa fé em Deus não será abalada. Então, nada temeremos, pois,
como filhos de Pai amantíssimo, repetiremos agradecidos a frase do profeta Davi
em seu Salmo 23: "O Senhor é meu pastor, nada me faltará".
Como consultar
as matérias deste blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique
neste link: https://goo.gl/ZCUsF8, e verá como
utilizá-lo.
|
Obrigado, amigo, reflitamos nisso.
ResponderExcluir