domingo, 12 de abril de 2020



As provas não vêm para nos abater, mas para serem superadas

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR

Há, mesmo em nosso meio, pessoas que têm dificuldade em compreender a diferença que existe entre provas e expiações, que, embora distintas quanto às suas causas, têm importante valor educativo.
Provas, como o leitor certamente sabe, são desafios, testes, oportunidades de aquisição de experiência, dificuldades que nenhuma relação têm com equívocos ou erros cometidos no passado.
As provas escolares dão-nos uma boa imagem acerca do valor das provas que a vida nos oferece. Se o aluno se sai bem e alcança a nota desejada, ele sobe para o grau ou a série seguinte, até que após algum tempo, concluído o processo, ele recebe o certificado ou diploma que atesta a conclusão do curso.
Riqueza, beleza, mesa farta e vida fácil, tanto quanto pobreza, feiura, escassez e vida difícil, são provas.
Sua existência está intimamente ligada à necessidade que os Espíritos têm de progredir, rumo à meta que Deus assinalou para todos nós, que é a perfeição.
Ensina o Espiritismo que os Espíritos não ocupam perpetuamente a mesma categoria e que todos se melhoram passando pelos diferentes graus da hierarquia espírita. Essa melhora se efetua por meio da reencarnação. A existência corpórea é, pois, uma prova que lhes cumpre sofrer repetidamente, até que hajam atingido a perfeição moral.
Na 2ª Parte, cap. II, de seu livro O Céu e o Inferno, Kardec inseriu um importante depoimento sobre o que realmente representam as provas em nossa vida. O depoimento foi dado pelo Espírito de Paula, que fora condessa em sua última encarnação. Bela, jovem, rica e de estirpe ilustre, Paula – que faleceu aos 36 anos de idade – era também perfeito modelo de qualidades intelectuais e morais.
Eis um trecho da mensagem assinada por ela:

“Em várias existências passei por provas de trabalho e miséria que voluntariamente havia escolhido para fortalecer e depurar o meu Espírito; dessas provas tive a dita de triunfar, vindo a faltar, no entanto, uma, porventura de todas a mais perigosa: a da fortuna e bem-estar materiais, um bem-estar sem sombras de desgosto. Nessa consistia o perigo. E antes de o tentar, eu quis sentir-me assaz forte para não sucumbir. Deus, tendo em vista as minhas boas intenções, concedeu-me a graça do seu auxílio. Muitos Espíritos há que, seduzidos por aparências, pressurosos escolhem essa prova, mas, fracos para afrontar-lhe os perigos, deixam que as seduções do mundo triunfem da sua inexperiência. Trabalhadores! estou nas vossas fileiras: eu, a dama nobre, ganhei como vós o pão com o suor do meu rosto; saturei-me de privações, sofri reveses e foi isso que me retemperou as forças da alma; do contrário eu teria falido na última prova, o que me teria deixado para trás, na minha carreira. Como eu, também vós tereis a vossa prova da riqueza, mas não vos apresseis em pedi-la muito cedo. E vós outros, ricos, tende sempre em mente que a verdadeira fortuna, a fortuna imorredoura, não existe na Terra; procurai antes saber o preço pelo qual podeis alcançar os benefícios do Todo-Poderoso.”

A expiação tem causas diferentes, pois decorre de faltas cometidas pelo Espírito em ocasiões diversas, parte delas na existência atual e outras, certamente a maioria, em precedentes existências.
Segundo os ensinamentos espíritas, a expiação se cumpre durante a existência corpórea por meio das dificuldades ou vicissitudes a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais inerentes ao estado de inferioridade do Espírito.
Assim é que o mau rico, por expiação, poderá vir a ter de pedir esmola e se verá a braços com todas as privações oriundas da miséria; o orgulhoso, com todas as humilhações; o que abusa de sua autoridade e trata com desprezo e dureza seus subordinados se verá forçado a obedecer a um superior mais ríspido do que ele o foi.
De conformidade com o que aprendemos na doutrina espírita, sabemos que Deus jamais apressa a expiação e só a impõe ao Espírito que, pela sua inferioridade ou má-vontade, não se mostra apto a compreender o que lhe seria mais útil e, ainda, quando tal fato for realmente útil para sua purificação e progresso.
Quando um Espírito enfrenta e supera uma adversidade, seja ela decorrente de prova, seja decorrente de expiação, ele avança um pouco mais na senda da evolução, ao mesmo tempo em que assimila a lição daí decorrente.
Devemos compreender, assim, que as provas não foram criadas por Deus para nos abater, mas para serem superadas e assimiladas, e nada têm que ver com castigo ou punição.




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Um comentário:

  1. Artigo esclarecedor e publicado na hora certa. Gratidão por esta oportunidade de reflexão, amigo Astolfo! Feliz Páscoa!

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