O Livro dos Médiuns
Allan Kardec
Parte 17
Continuamos o estudo metódico de “O
Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec, segunda das obras que compõem o Pentateuco
Kardequiano, cuja primeira edição foi publicada em 1861.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
129. Qual deve ser a
posição do médium ante a crítica?
Um dos grandes escolhos da mediunidade é, como sabemos, a obsessão e a
fascinação. Os médiuns podem então iludir-se de boa-fé sobre o mérito das
comunicações que obtêm, e os Espíritos mentirosos têm ampla liberdade quando
lidam apenas com cegos. Por isso, procuram afastar o médium de todo controle,
fazendo-o tomar aversão por quem poderia esclarecê-lo. Depois, com a ajuda da
fascinação e do isolamento, conseguirão que ele aceite tudo o que quiserem. Esse
fato não é somente um escolho, mas um perigo; aliás, um verdadeiro perigo. O
único meio de evitá-lo é o controle de pessoas desinteressadas e benevolentes
que, julgando as comunicações com sangue frio e imparcialidade, podem abrir-lhe
os olhos e fazê-lo perceber o que ele não pode ver por si mesmo. Ora, todo
médium que teme esse julgamento já está no caminho da obsessão; aquele que crê
que a luz se faz somente para ele está completamente sob o jugo; se ele se
melindra com a crítica, se a repele, se se irrita com ela, não pode haver
dúvida sobre a má natureza do Espírito que o assiste. É por isso que, na falta
de suas próprias luzes, o médium deve modestamente recorrer à dos outros,
segundo estes dois provérbios bem conhecidos: "quatro olhos enxergam
melhor do que dois" e "nunca se é bom juiz em causa própria".
O médium bem orientado deve aceitar com reconhecimento e mesmo solicitar
o exame crítico das comunicações que recebe, porque aí está a melhor garantia
contra o envolvimento com Espíritos enganadores e o perigo da fascinação. (O Livro dos Médiuns, item 329.)
130. Qual o conselho que
Kardec indica nos casos de antagonismo entre os grupos espíritas?
O ciúme entre os diferentes grupos espíritas é uma demonstração de
mesquinha rivalidade, de amor-próprio. Os adeptos imbuídos de um verdadeiro
desejo de propagar a verdade, cujo fim é unicamente moral, devem ver com prazer
multiplicarem-se as reuniões e, se existe concorrência entre elas, esta deve
ser a de mais fazerem o bem. Aqueles que pretendam estar de posse da verdade,
com exclusão dos outros grupos, deveriam prová-lo tomando por divisa o
"Amor e a Caridade", porque tal é a bandeira de todo espírita
verdadeiro.
Há grupos que alardeiam a superioridade dos Espíritos que os assistem?
Que o provem pela superioridade dos ensinamentos que recebem e pela aplicação
que deles fazem a si mesmos; eis aí um critério infalível para distinguir os
que estão no melhor caminho. Todos os grupos e as reuniões espíritas devem,
portanto, concorrer ao fim comum, que é a procura e a propagação da verdade,
ainda que por meios diferentes; seus antagonismos, fornecendo armas aos
adversários, poderão tão somente prejudicar a causa que eles dizem defender.
(Obra citada, itens 348 e 349.)
131. Pode-se evocar o
Espírito de uma criança morta em tenra idade?
Sim, mas é preciso entender que o Espírito, nesse caso, ainda se acha
envolto nas faixas da matéria e conserva, em sua linguagem, traços do caráter
infantil. Uma vez desprendido da matéria, ele goza de suas faculdades de
Espírito, porquanto os Espíritos não têm idade. (Obra citada, item 282,
pergunta 35.)
132. Como o pensamento
se transporta até os Espíritos?
O veículo do pensamento é o fluido universal, que se encontra espalhado
por todo o Universo. Os Espíritos podem ler os nossos pensamentos e, de certo
modo, eles também o ouvem como na Terra ouviam a nossa voz. (Obra citada, item
282, pergunta 5.)
133. Podemos evocar a
alma de um animal?
Não. O sucesso de tal evocação é impossível. (Obra citada, item 283.)
134. É possível evocar
uma pessoa ainda encarnada?
Sim, mas é necessário que o estado do corpo permita que no momento da
evocação o Espírito se desprenda. O Espírito de um vivo também pode, em seus
momentos de liberdade, se apresentar sem ser evocado; isto depende da simpatia
que tenha pelas pessoas com quem se comunica. (Obra citada, item 284.)
135. Pode-se fazer
perguntas aos Espíritos acerca do futuro?
Não, pois há grande erro em procurar desvendar o futuro com a ajuda dos
Espíritos. Se o homem conhecesse o futuro, descuidar-se-ia do presente; aí está
a causa pela qual o futuro nos é desconhecido. Se o homem faz questão absoluta
de sabê-lo, é certo que obterá tal resposta de um Espírito doidivanas, desses
que se divertem em fazer previsões. (Obra citada, item 289.)
136. Qual é a espécie de
predição de que mais devemos desconfiar?
Devemos desconfiar de todas as predições que não tenham um fim de
utilidade geral. Nesse sentido, as predições pessoais podem, quase sempre, ser
consideradas apócrifas. (Obra citada, item 289.)
Observação:
Para acessar a Parte 16 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/10/o-livro-dos-mediuns-allan-kardec-parte.html
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