O que é essencial no serviço social
espírita
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Há
quem entenda, a exemplo de Stephen Kanitz, que no difícil e pouco compreendido
campo da assistência social existe espaço não apenas para as instituições que
“ensinam a pescar”, mas também para as que praticam o chamado assistencialismo.
Neste último caso estariam incluídas as organizações que atendem os dependentes
químicos, os alcoólatras e os enfermos em geral, momentaneamente impedidos de
sustentar sua prole.
O
assunto vem bem a propósito e deve ser meditado por todas as pessoas que se
dedicam à assistência social, espíritas e não espíritas.
Não
existe, com efeito, nem poderia existir conflito entre as duas modalidades de
atendimento social, que podem mesmo coexistir em uma mesma organização
filantrópica, onde ao lado de ações voltadas para a promoção social sejam
desenvolvidos trabalhos de amparo a criaturas que necessitam, no momento, mais
de compaixão que de instrução.
As
empresas e pessoas solicitadas a cooperar financeiramente com essas
instituições devem também ter consciência de que é igualmente válido prestigiar
as que “ensinam a pescar” e as outras, desde que exista seriedade de propósitos
e o trabalho projetado seja realmente prioritário na região em que atuam.
No
tocante ao serviço social espírita há, no entanto, um aspecto que nós, os espiritistas,
não podemos ignorar.
Relata
Manoel Philomeno de Miranda (Tramas do
Destino, cap. 21, pp. 196 a 199, obra psicografada por Divaldo P. Franco)
que, quando o Centro Espírita Francisco Xavier teve sua edificação planejada, o
dirigente espiritual Natércio, profundo admirador e discípulo de São Francisco
Xavier, que fora na Terra incansável propagandista da fé cristã, recorreu ao
fiel Apóstolo de Jesus suplicando seu patrocínio espiritual para a Casa que
seria erguida.
Recebido
pelo iluminado Espírito, Natércio expôs-lhe o programa que objetivava realizar,
cuja meta era incrementar entre os homens o ardor da fé e a pureza dos
princípios morais, conforme as regras simples dos "seguidores do
Caminho", sem os atavios do dogmatismo e dos formalismos.
Logo
que concluiu suas explicações, o instrutor recebeu o aval do insigne Missionário,
com uma condição: que se preservasse naquela instituição o Evangelho em suas
linhas puras e simples, num clima de austeridade moral e serviços iluminativos
disciplinados, com os resultantes dispositivos para a caridade nas suas
múltiplas expressões, tendo-se, porém, em vista que os socorros materiais
seriam decorrência natural do serviço espiritual, prioritário, imediato, e não
os preferenciais. "Não deveriam esquecer-se de que a maior carência ainda
é a do pão de luz da consolação moral, que o Livro da Vida propicia
fartamente." [Negritamos]
Relembrando
o episódio, Manoel Philomeno de Miranda adverte-nos:
"Pensa-se muito
em estômagos a saciar, corpos a cobrir, doenças a curar... Sem menosprezar-lhes
a urgência, o Consolador tem por meta primacial o Espírito, o ser em sua
realidade imortal, donde procedem todas as conjunturas e situações, que se exteriorizam
pelo corpo e mediante os contingentes humanos, sociais, terrenos, portanto... A
assistência social no Espiritismo é valiosa, no entanto, se precatem os
`trabalhadores da última hora' contra os excessos, a fim de que a exaustão com
os labores externos não exaura as forças do entusiasmo nem derrube as fortalezas
da fé, ao peso da extenuação e do desencanto nos serviços de fora.”
"Evangelizar,
instruir, guiar, colocando o azeite na lâmpada do coração, para que a claridade
do espírito luza na noite do sofrimento, são tarefas urgentes, basilares na
reconstrução do Cristianismo." (Tramas
do Destino, págs. 198 e 199.)
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