Visita do Roberto em nosso culto do
evangelho
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Quando eu era jovem, no Rio de Janeiro, certa noite, ouvi
minha irmã mais velha propor algo interessante a nossa mãe viúva, que carregou,
sob suas asas carinhosas, sete filhos desde que completou 40 anos de
idade. Eis a proposta de Terezinha, nossa irmã mais velha:
— Mãe, conheci um senhor casado que é excelente médium.
Pessoa muito honesta, trabalha com entidades da Umbanda e nada cobra por suas sessões
mediúnicas. Quem sabe ele não nos ajude a melhorar de vida?
Naturalmente, Terezinha se referia à ajuda dos Espíritos que
se manifestavam pelo médium. Ouvindo isso, mamãe, mineira católica dos quatro
costados, que vez por outra pedia ajuda aos espíritos de pretos-velhos,
não pensou duas vezes e disse à filha para convidar aquele rapaz para ir lá em
casa...
No dia seguinte, o médium Roberto apareceu lá e deu sua
primeira incorporação a diversas entidades: exus, pretos-velhos e caboclos. O
caboclo que mais se manifestava chamava-se Serra Negra.
Certo dia, o marido de minha irmã tanto insistiu para um exu
informar-lhe os números da loteria que este acabou atendendo. Recomendou-lhe
para não fazer aposta muito alta e ditou-lhe várias dezenas da loteria. Na
semana seguinte, tivemos a confirmação do resultado: nenhum dos números ditados
pelo Espírito foi sorteado.
Uma coisa porém foi certa: após algumas semanas de
manifestações desses Espíritos, conseguimos mudar de residência para uma casa
melhor e nossa situação socioeconômica prosperou. Algum tempo depois, conheci
uma mocidade espírita em Rocha Miranda, cujas reuniões de estudo das obras de
Allan Kardec comecei a frequentar.
Roberto parece não ter gostado muito de minhas sugestões
para que ele não se limitasse aos fenômenos e estudasse o Espiritismo. Aos
poucos, ele foi tornando mais escassa sua visita lá em casa...
Após dois anos, concluí um curso militar e fui transferido para
Salvador. Depois disso, só nas férias de fim de ano eu voltava ao Rio. Passados muitos anos, eu já estava casado e
morava em Brasília, quando soube que Roberto havia deixado de dar sessões
mediúnicas, tornara-se evangélico e falecera...
Na última semana, estive pensando no Roberto com gratidão,
pois afora o caso dos números falsos da loteria, as entidades espirituais que
ele incorporava ajudaram muito nossa família. Particularmente, a mim, com suas
orientações e mesmo revelações de acontecimentos futuros que vieram a se
realizar. Há no mínimo trinta anos que esse médium desencarnou e, se alguma vez
falei sobre ele com Lourdes, minha esposa, isso faz muito tempo.
Qual não foi minha surpresa, porém, quando ao final do nosso
culto do evangelho no lar, nesse último domingo, após a prece inicial, Lourdes
informou-me:
— Está presente conosco um Espírito que diz chamar-se
Roberto. Ele disse que agora está ligado à mediunidade, mas trabalha, no plano
espiritual, com plantas medicinais. Ele "está te mandando um abraço".
Não vai faltar quem diga que isso foi inventado por mim, que
não passa de devaneios de mente sobre-excitada. Também dirão que minha mulher,
na realidade, guarda por muito tempo essas informações para, quando eu menos
espero, inventar essa e outras histórias. Entretanto, como ciência de
observação que é o Espiritismo, aprendi com sábios da cultura de um Alexandre Aksakof,
Léon Denis, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano e outros, do passado e do
presente, além de Allan Kardec, a dizer a esses incrédulos: eu não acredito, eu
sei.
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