Fatos Espíritas
William Crookes
Parte 17
Damos prosseguimento nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Foram consideradas conclusivas as experiências em que se
obtiveram moldes em parafina dos pés de Espíritos materializados?
B. Registrou-se nessa ocasião algum caso em que os
Espíritos materializados foram reconhecidos pelas pessoas presentes?
C. Foram também obtidas na mesma época fotografias dos
Espíritos materializados?
Texto para
leitura
301. Como vimos anteriormente, na
experiência realizada em Belper (Inglaterra) o Sr. W. P. Adshead empregou uma
gaiola, construída especialmente para nela ser encerrada a médium Srta. Wood.
Foi nessas condições que se viu aparecerem dois fantasmas: o de uma mulher
conhecida pelo nome de Meggie e o de um homem chamado Benny.
302. Quando Benny apareceu, fez ele um
cumprimento geral e depois descansou sua grande mão sobre a cabeça do Sr.
Smedley. Em seguida, tomou a cadeira que se lhe dava e colocou-a diante dos
baldes; sentou-se e neles começou a mergulhar o pé esquerdo alternadamente,
como o tinha feito Meggie, mas com muito mais agilidade. A rapidez dos seus
movimentos dava-lhe a aparência de uma pequena máquina a vapor, conforme a
comparação de um dos assistentes.
303. A fim de dar aos leitores uma
ideia exata das condições favoráveis em que se achavam os assistentes, para
seguir as operações, saibam que, durante a moldagem do pé de Benny, o Sr.
Smedley estava sentado imediatamente à direita do fantasma, de sorte que este
pôde descansar a mão sobre a sua cabeça e acariciar-lhe a face. Eu estava à
esquerda de Benny e tão próximo que pude tomar o molde que ele me entregava,
sem deixar o meu lugar; as pessoas que ocupavam a primeira fila de cadeiras
estavam distanciadas dos dois baldes cerca de três metros.
304. Todos podiam acompanhar muito bem
a operação, desde a primeira imersão do pé até a terminação do molde.
Conclusão: o fenômeno é para nós um fato tão verdadeiro quanto a claridade do
Sol ou a queda da neve.
305. Se alguém de entre nós tivesse
suspeitado que a médium empregava qualquer artifício sutil, para nos oferecer o
molde do seu próprio pé, que é pequeno, a suspeita teria desaparecido
infalivelmente, à vista do molde do pé esquerdo de Benny, que por este me foi
entregue logo depois de tê-lo tirado, em presença de todos os assistentes. Não
pude então reter a exclamação: “Que diferença!”
306. Quando Benny acabou a moldagem,
colocou a cadeira em seu lugar e aproximou-se dos espectadores, apertando-lhes
as mãos e conversando com eles. De repente, ele lembrou-se de que, a seu
pedido, a porta da gaiola tinha ficado entreaberta e, querendo provar-nos que
apesar dessa circunstância a médium não tinha intervindo em nada na experiência,
encostou a mesa na porta da gaiola, depois de a ter fechado, segurou o meu
braço com as duas mãos, apertou-o com força sobre a mesa, como se quisesse
dizer-me que eu não devia deixá-la deslocar-se nem uma polegada; em seguida,
inclinou-se para apanhar uma caixa de música, que encostou à gaiola, em posição
inclinada, com uma aresta apoiada contra a porta da gaiola, a outra repousada
no soalho, de sorte que ao abrir-se a porta infalivelmente derribaria a caixa.
Nesse meio tempo Benny despediu-se e desapareceu.
307. Resta-me assegurar que a mesa não
se mexeu; que depois da sessão, a caixa de música foi achada encostada à
gaiola, no mesmo lugar, e que a médium estava dentro dela, amarrada à cadeira,
e em estado de letargia.
308. De tudo o que precede é preciso
concluir que os moldes em parafina foram obtidos em condições tão conclusivas,
como se a porta da gaiola tivesse sido fechada com parafusos. Admitindo mesmo
que a experiência com a gaiola deixasse a desejar, os resultados adquiridos não
exigem menos uma explicação.
309. Em primeiro lugar, um indivíduo
não tem senão um único pé esquerdo, ao passo que os moldes, por nós obtidos,
pertencem a dois pés esquerdos, dessemelhantes pelas suas dimensões e
conformação: o pé de Benny tinha 9 polegadas de comprimento e 4 de largura, e o
pé de Meggie, 8 de comprimento e 2 1/4 de largura. Além disso, o gabinete
estava tão cuidadosamente vigiado que nenhum ser humano poderia nele penetrar,
sem ser imediatamente descoberto. Então, se os moldes em questão não foram tirados
dos pés da médium – o que parece provado de maneira absoluta – quais foram os
pés que serviram de modelo? (Psychische
Studien, dezembro de 1878, págs. 545 a 548; Médium, 1877, pág. 195.)
310. Espíritos de parentes de dois dos assistentes materializam-se em uma
sessão do médium Eglington e são reconhecidos – Eis a narração da Srta.
Glyn, tomada da biografia de Eglington por J. Farmer:
“Tenho assistido a diversas sessões de
materialização em casa de amigos, mas não fiquei realmente convencida, senão
depois de realizar em minha casa uma sessão, à qual só assistiram meu pai, meu
irmão e um amigo; nenhum deles era espírita.
Abaixei a luz, mas de maneira que
pudéssemos ver uns aos outros. Eglington, que se achava no meio deles, caiu
logo em letargia, e cinco ou seis minutos depois ficamos muito impressionados,
vendo uma forma de nuvem passar entre mim e o Sr. Eglington.
Meu pai reconheceu nessa forma a sua
falecida mãe e exclamou: ‘Sois vós?’ ‘Sim’, respondeu a forma. Enquanto a
olhávamos, uma outra forma menor veio colocar-se entre mim e a primeira e, por
diversas provas características e íntimas, reconheci que era um irmão meu que
havia falecido doze ou treze anos antes.
Vendo essas duas formas e ao mesmo
tempo o Sr. Eglington, que se achava junto a mim e cujas mãos estavam presas,
era-me impossível não ficar convencida da realidade do fenômeno. As formas
desapareceram lentamente, como se tornassem em fumaça no ar.”
311. Narrativa sobre o fenômeno de materialização, pelo Sr. Bodisco,
camarista de S. M., o Czar da Rússia – Na Rússia, Aksakof obteve também
moldes das mãos de Espíritos materializados, com a parafina derretida, o que é
uma das provas mais esmagadoras da realidade do fenômeno.
312. As experiências de materialização
foram feitas com a médium Srta. K..., conforme relatado pelo Sr. Bodisco no Initiation de fevereiro de 1893. Quatro
fotografias foram tiradas, então, pelo Sr. Bodisco, as quais mostram os
diversos graus de materialização, desde a aparição do fluido astral ou
psíquico, circundando o corpo da médium, até a condensação de uma forma, da
qual não se vê senão a cabeça, pois o resto do corpo parece vestido com uma
espécie de gaze. Ao lado da forma, vê-se a médium em letargia, na poltrona.
313. As fotografias oferecem os mesmos
aspectos dos três desenhos do Sr. Keulemans, pintor inglês que muito tem
estudado a materialização. Ele fez muitos desenhos, durante e após as sessões;
o primeiro representa a médium em letargia, com todo o peito circundado de uma
substância nebulosa.
314. Ao cabo de pouco tempo, diz o Sr.
Keulemans, vê-se a girar um objeto sombrio, com um ponto luminoso no meio. O
segundo desenho mostra o ponto luminoso aumentando, assim como a parte
nebulosa.
315. O terceiro apresenta a forma
materializada diante da médium, que está de pé com os olhos fechados; um dos
assistentes parece sustê-la. Um laço fluídico, como uma cadeia de estrelas
luminosas, liga a forma materializada à médium.
Respostas às
questões preliminares
A. Foram consideradas conclusivas as experiências em que se
obtiveram moldes em parafina dos pés de Espíritos materializados?
Sim. Segundo Aksakof, os moldes em
parafina foram obtidos em condições que não deixaram dúvida alguma. Ora, um
indivíduo não tem senão um único pé esquerdo, ao passo que os moldes obtidos
pertenciam a dois pés esquerdos, dessemelhantes pelas suas dimensões e
conformação: o pé de Benny tinha 9 polegadas de comprimento e 4 de largura, e o
pé de Meggie, 8 de comprimento e 2 1/4 de largura. Além disso, o gabinete
estava tão cuidadosamente vigiado que nenhum ser humano poderia nele penetrar,
sem ser imediatamente descoberto. Então, se os moldes em questão não foram
tirados dos pés da médium – o que parece provado de maneira absoluta – quais
foram os pés que serviram de modelo? (Fatos
Espíritas – Moldes dos pés de Espíritos materializados com o auxílio da
parafina.)
B. Registrou-se nessa ocasião algum caso em que os
Espíritos materializados foram reconhecidos pelas pessoas presentes?
Sim. Em uma sessão realizada com o
médium Eglington, a Srta. Glyn afirmou que seu pai reconheceu a forma
materializada de sua falecida mãe. Na mesma sessão, ela mesma reconheceu um de
seus irmãos que havia falecido anos atrás. Disse ela: “Vendo essas duas formas
e ao mesmo tempo o Sr. Eglington, que se achava junto a mim e cujas mãos
estavam presas, era-me impossível não ficar convencida da realidade do
fenômeno”. (Obra citada - Espíritos de parentes de dois dos assistentes
materializam-se em uma sessão do médium Eglington e são reconhecidos.)
C. Foram também obtidas na mesma época fotografias dos
Espíritos materializados?
Sim. Durante as experiências de
materialização feitas com a médium Srta. K..., conforme relatado pelo Sr.
Bodisco no Initiation de fevereiro de
1893, foram obtidas quatro fotografias que mostram os diversos graus de
materialização, desde a aparição do fluido astral ou psíquico, circundando o
corpo da médium, até a condensação de uma forma, da qual não se vê senão a
cabeça, pois o resto do corpo parece vestido com uma espécie de gaze. Ao lado
da forma, vê-se a médium em letargia, na poltrona. As fotografias oferecem os
mesmos aspectos de três desenhos feitos pelo Sr. Keulemans, pintor inglês que
estudara também o fenômeno de materialização. (Obra citada - Narrativa sobre o
fenômeno de materialização, pelo Sr. Bodisco, camarista de S. M., o Czar da
Rússia.)
Observação:
Para acessar a Parte 16 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/09/blog-post_17.html
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