Loucura e Obsessão
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 15 e final
Concluímos hoje o estudo do livro Loucura e Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988. Este estudo foi publicado neste blog às segundas-feiras.
Eis as questões de hoje:
113. É certo
afirmar que o imediatismo é, na criatura humana, uma remanescência de sua
natureza animal possuidora e egoísta?
Sim. É ele que responde pelos insucessos que a escolha
precipitada proporciona, impondo o mecanismo redentor, de que o ser necessitará
amanhã para selecionar com sabedoria aquilo que lhe é útil, em detrimento do
pernicioso. Assim, a dor é sempre a resposta que a ignorância conduz para os
desatentos. É, também, de certo modo, a lapidadora das arestas morais, a
estatuária do modelo precioso para a grandeza da vida que se exalta. (Loucura e Obsessão, cap. 25, pp. 312 a
314.)
114. É preciso
cuidado com aquilo que pedimos em nossas preces?
Evidentemente. Manoel Philomeno de Miranda diz que, na
verdade, nós, as criaturas humanas, não aprendemos ainda a pedir, ignorando o
que seja melhor para o nosso progresso, no curso do tempo. Não possuindo uma
clara visão da realidade, detectamos-lhe, apenas, algumas linhas imprecisas que
não a configuram, corretamente, em razão das sombras que a encobrem. Foi esse o
caso de Sara, a jovem suicida, que aos cinco anos de idade, extenuada pela
difteria, fora contemplada com uma moratória por insistência do seu pai. (Obra
citada, cap. 25, pp. 315 a 317.)
115. Se Deus
tudo sabe e, portanto, sabia que Sara se suicidaria, por que permitiu a
concessão da moratória que o pai da menina tanto pediu?
A explicação dada a Manoel P. de Miranda veio do dr.
Bezerra: “Deus tudo sabe, não nos iludamos. No entanto, suas leis não nos
coarctam às experiências fomentadoras da evolução pessoal. Como progredir sem
agir, sem acertar e errar, nunca o experimentando? Como adquirir consciência do
correto e do equivocado, do útil e do prejudicial sem o contributo da eleição
pela sua vivência que ajuda a discernir? Examinando-se as aquisições de Sara,
os Espíritos Superiores poderiam prever o que lhe sucederia, não, porém, em
caráter absoluto, pois que não há destinação, como sabemos, para o insucesso, a
desgraça, num fatalismo irreversível. Cada momento oferta oportunidade que leva
a mudanças de comportamento. Se uma fagulha ateia um incêndio, uma palavra
feliz e oportuna igualmente muda os rumos e toda uma existência”. (Obra citada,
cap. 25, pp. 320 e 321.)
116. O Espírito
de Sara, em face dos créditos de seus pais, teria direito a ser hospitalizado
após o sepultamento do cadáver?
Respondendo a semelhante indagação, dr. Bezerra explicou:
“Não o creio possível nem justo. Ela infringiu a ‘lei de conservação’ da vida.
Lúcida e culta, não obstante induzida a fazê-lo, optou pela decisão corrosiva,
predispondo-se a sofrer os inevitáveis efeitos da opção. Receberá apoio e
socorro compatíveis com as suas necessidades, não porém fruirá de privilégios,
que ninguém os merece em nosso campo de ação. Os fenômenos do desgaste e
transformações biológicas serão vivenciados, a fim de que, em definitivo, se
envolva na couraça da resistência para vencer futuras tentações de fuga ao
dever que nunca fica sem atendimento. Visitá-la-emos, serão tomadas
providências para evitar-se a vampirização e outras ocorrências mais
afligentes. As orações daqueles que a amam luarizarão a noite da sua demorada
agonia e a bondade de Maria Santíssima derramará sobre ela a misericórdia do
amor, resgatando-a, oportunamente, de si mesma...” (Obra citada, cap. 25, pp.
321 a 323.)
117. Podemos
afirmar que no cômputo das dívidas contraídas pelos homens algumas há de tal
gravidade que não permitem a liberação total do fraudador?
Sim. Aliás, segundo Manoel P. de Miranda, essa providência
constitui verdadeira bênção. “A saúde – diz ele – é compromisso de alta
relevância e responsabilidade ainda mal conduzida por aqueles que a desfrutam
e, menoscabando-a, perdem-na, a fim de se afadigarem pela sua recuperação mais
demorada e mais difícil. Eis por que, sabiamente, os muito endividados são
propelidos à expiação das penas, não experimentando liberação plena, porquanto
as suas recordações mais vivas são de irresponsabilidade e malversação de
valores, correndo o perigo de retornar-lhes às origens perniciosas, já que lhes
faltam os hábitos salutares, as disciplinas educativas, os contingentes de
renúncia e dignidade.” (Obra citada, cap. 26, pp. 324 e 325.)
118. Que
resposta D. Emerenciana deu a uma mulher que lhe pediu um trabalho com o
objetivo de apressar a morte do próprio pai?
É evidente que D. Emerenciana não atendeu a semelhante
pedido. Eis as palavras que ela disse à consulente, com serena franqueza: “É a
primeira vez que sou convidada a participar de um parricídio, oferecendo meios
para que o egoísmo e a ambição desenfreados assassinem, sem disfarce, o genitor
probo, equilibrado, cujo crime a ser punido é o zelo pela filha ingrata, para
quem só deseja toda a felicidade, inclusive tentando evitar que ela tombe na
hipnose de um homem sem escrúpulos, que a explora, qual ave invigilante que cai
no bote da serpente sutil e traiçoeira...”. Não só a apelante, mas também
Manoel P. de Miranda se surpreendeu com tais palavras. (Obra citada, cap. 26,
pp. 328 a 330.)
119. Além de
vários conselhos, que mais foi dito por D. Emerenciana à consulente equivocada?
Continuando a lição dirigida à consulente, Emerenciana disse-lhe:
“Você, filha, está doente, necessitando de urgente concurso médico
especializado e terapia espiritual de modo a encontrar, para seguir, o roteiro
que deve imprimir à sua existência. A nossa função é a de fomentar a vida para
que alcance os cimos elevados. A morte não resolve problemas, especialmente
deste porte. As moedas para a perdição têm o valor que lhes dão os que delas
dependem para o uso maléfico das paixões. Transformadas em leite e pão,
medicamento e agasalho, casa e abrigo para os necessitados, tornam-se bênção da
vida para a dignificação humana. Não resolvem, porém, todos os problemas, pois
que alguns são da alma, que somente através de meios próprios logra
solucioná-los. Aqui, você encontrará ajuda para que o paizinho tenha os dias
prolongados e felizes, você adquira um estado saudável e liberte-se da tentação
que a perturba”. “Fazemos os trabalhos que o amor opera no coração, tornando-o
afável e gentil, caridoso e amigo. Outros, desconhecemos, e, se alguém lhe
forneceu informações diferentes, enganou-se e enganou-a.” (Obra citada, cap. 26,
pp. 330 e 331.)
120. Ao
despedir-se da Mentora, Dr. Bezerra de Menezes fez uma linda oração. Há em sua
prece algo que mereça ser destacado?
Sim. Dirigindo-se ao Pai de todos nós, Dr. Bezerra pediu:
“Não nos permitais o repouso que não merecemos, nem a felicidade, a que ainda
não fazemos jus, enquanto a ignorância das vossas Leis junjam as criaturas ao
sofrimento reparador, por considerarmos que descanso e júbilo pessoal diante da
aflição do próximo torna-se desrespeito às necessidades deles”. Em seguida,
falando a Deus sobre os servidores encarregados das tarefas mais humildes, Dr.
Bezerra rogou-lhe: “Dignai-vos abençoar os vossos dedicados servidores que se
encarregam das tarefas mais humildes, as recusadas, tornando-se serviçais dos
servos com alegria e unção. São eles os edificadores dos alicerces do edifício
do progresso, que ficarão ignorados, porém, sobre cujas doações se erguerão as
construções de felicidade para a Humanidade do futuro”. Quando o Mentor
espiritual concluiu, havia-se transfigurado e fulgurações diamantinas
adornavam-no. (Obra citada, cap. 26, pp. 332 a 334.)
Observação:
Para acessar a Parte 14 deste estudo, publicada na semana
passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2022/02/blog-post_14.html
Como
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