O que é carma e, se negativo, como proceder para anulá-lo
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
A
palavra “carma” [do sânscrito karman, ação] significa, nas filosofias da Índia,
o conjunto das ações dos homens e suas consequências.
Descrito
e codificado pelo gramático Panini no século V a.C., o sânscrito é uma língua indo-europeia
do ramo indo-ariano na qual foram escritos os quatro Vedas, e que, entre os
séculos VI a.C. e XI d.C., se tornou a língua da literatura e da ciência
hindus, sendo mantida, ainda hoje, por razões culturais, como língua
constitucional da Índia.
Ensina
nosso principal léxico que o carma se liga às diversas teorias de
transmigração, e é por meio dele que se definem as noções de destino, do desejo
como força geradora da vida, e do encadeamento necessário, por força desses
dois fatores, entre os diversos momentos da vida dos homens.
Constituindo
o conjunto das ações da criatura humana, o carma de uma pessoa pode ser
positivo ou negativo. Ações boas e concordantes com a lei natural geram consequências
positivas. Ações más e contrárias à lei de Deus estabelecem, como é fácil de
entender, carma negativo.
Há,
contudo, além disso, o que alguns estudiosos chamam de carmas imaginários, que
provêm de uma representação distorcida da realidade, na qual o homem amplia o
próprio sofrimento por falta de sensatez e de amor a si mesmo. A prática do
cilício, entre os hebreus, é um exemplo disso.
O
indivíduo ingênuo acredita que amplificando seus sofrimentos logrará diminuir
as consequências naturais do seu carma, na suposição de que uma maior quota de
dor eliminaria uma dor futura e o faria quite com a lei, o que não passa,
evidentemente, de um equívoco.
A
lei de causa e efeito, ensinada por Jesus e ratificada pela Doutrina Espírita,
estabelece que aquele que matar com a espada morrerá sob a espada, que a cada
um será dado segundo o seu merecimento e que na vida a semeadura é livre, mas a
colheita é compulsória.
Na
questão n. 1.000 de O Livro dos Espíritos
Kardec tratou do assunto quando perguntou aos instrutores espirituais se
podemos desde esta vida ir resgatando nossas faltas. Eles responderam: “Sim,
reparando-as”.
Na sequência
da resposta, disseram que não bastam, para o resgate das faltas cometidas,
algumas privações pueris e mesmo dotações pós-morte que algumas pessoas
costumam fazer nos seus testamentos. Deus não dá valor a um arrependimento
estéril, fácil, que nada custa. É somente por meio do bem que se pode reparar o
mal.
Ao
arrependimento – ensina a Doutrina Espírita – é preciso ajuntar a expiação e a
reparação. Reunidas, são elas as três condições necessárias para apagar os
traços de uma falta e suas consequências.
O
arrependimento suaviza as dores da expiação e favorece a resignação – uma força
ativa que o Espírito de Lázaro define como sendo o consentimento do coração.
Mas somente a reparação, que consiste em fazer o bem àqueles a quem se fez o
mal, pode anular o efeito, destruindo-lhe a causa.
O
apóstolo Pedro ensinou-nos que a caridade cobre a multidão dos pecados (1ª Epístola
de Pedro, 4:8), conhecida lição que o orador Divaldo P. Franco costuma exprimir
de maneira ainda mais clara e expressiva: “O bem que fazemos anula o mal que
fizemos”.
O
pensamento equivocado de que viemos à Terra para sofrer deve, pois, ser
substituído por uma outra ordem de ideias, ou seja, de que a vida é uma luta e
que não viemos ao mundo para sofrer nem para gozar, mas sim para vencer,
superar as dificuldades, fazer a parte que nos cabe na obra da Criação e, dessa forma, progredir rumo à meta para a qual Deus nos criou.
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