O
acolhimento e o novo mandamento do Cristo
JORGE
LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De
Brasília, DF
Quando
fiz alguns cursos de pós-graduação na UnB, sempre trabalhei com pesquisas sobre
Machado de Assis. Por isso, no início das criações de minhas crônicas, a ideia
foi dar-lhe o título de “Em dia com o Machado”, imitando o título de nossa irmã
espírita Marta Antunes, vice-presidente da FEB, que intitula seus artigos como
“Em dia com o Espiritismo”.
A
ideia inicial, como a mantenho atualmente em algumas crônicas, era dialogar com
o suposto espírito Machado de Assis, sempre lembrando que minhas crônicas têm
por objetivo repassar conceitos elevados sob as verdades observadas na vida
real, mas com base em elaborações fictícias e não em fenômenos mediúnicos dos
quais não sou médium, embora creia plenamente na mediunidade.
Por
isso mesmo, sempre faço questão de citar a autoria de textos narrados, como
este, sobre comédia machadiana, citada na obra História Concisa da
Literatura Brasileira. Tópico Teatro, de autoria do grande
pesquisador Alfredo Bosi, falecido há pouco tempo:
Os
bastidores da vida política são o objeto da comédia Quase Ministro,
elenco divertido de tipos parasitários que se apressam a cumprimentar o futuro
ministro propondo-lhe planos, inventos e poemas, e com a mesma presteza
viram-lhe as costas ao sabê-lo fora do cargo (BOSI, op. cit., 1992, p.
272).
Com
o passar do tempo, passei a explorar predominantemente o lado espiritualista,
em especial o espírita cristão, em meus devaneios literários. Como base de meus
objetivos, compartilho os mesmos fundamentos contidos na carta de Paulo aos Filipenses,
4:8: “[...] tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo,
tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama [...]”.
Faço
essas considerações tendo em vista o que nos propõe padre Émerson, em seus
vídeos diários intitulados Palavra do Dia, com considerações sobre o
vocábulo “acolher”. Diz ele que sabemos bem o que não seja acolhida quando
somos ignorados. Como lemos na mimese realista machadiana, citada por Bosi,
muitas vezes, em nosso relacionamento social, quando a fama bate em nossa
porta, todos nos bajulam; mas tão logo ela nos deixe, os falsos amigos nos
abandonam.
Como
a dor que sentimos, nesses momentos, é profunda, sugere-nos padre Émerson ser
preciso trabalhar em nós o sentimento de acolhida ao nosso irmão, para que ele
não sinta a dor que sentimos. Isso, além de solidariedade, é compaixão.
Compadeçamo-nos, pois, do nosso próximo. Que não o acolhamos conforme nossos
interesses, mas com o verdadeiro sentimento de amor, seja ele rico ou pobre,
famoso ou não, belo ou feio, culto ou analfabeto, bondoso ou
mesquinho, enfermo ou sadio. E ainda, quer compartilhe ou não de nossa crença,
quer seja religioso ou ateu.
É
nisso que estão resumidas as palavras de Jesus a todos nós: “Um novo mandamento
vos dou: que vos ameis tanto quanto eu vos amo” (João, 13:34).
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