Cairbar
Schutel, o homem cordial, o amigo dos pobres e dos enfermos
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@gmail.com
Como Cairbar Schutel se enquadra na definição citada?
Vejamos nas linhas seguintes a resposta a esta questão.
A estatura moral de Cairbar
No tocante à área do sentimento ou do adiantamento moral ninguém que acompanha o Movimento Espírita pode ignorar a estatura moral de Cairbar Schutel, o homem cordial, o amigo dos pobres e dos enfermos, aos quais curava não somente as mazelas do corpo, mas as enfermidades da alma.
Amante da natureza, é
conhecido o amor que Cairbar nutria pelos animais.
Nhonhô, o gato que fora
sacrificado por Cairbar após uma briga, olhava-o atentamente quando Cairbar
escrevia.
Cabrito, seu último
cavalo, aposentado por Cairbar quando comprou seu primeiro carro, recebia tanto
carinho do dono que, momentos antes de morrer, veio despedir-se do protetor e
amigo.
Os cães Rolf e Leão,
dois espécimes dinamarqueses, sentavam-se à mesa e eram servidos em primeiro
lugar por seu dono. Rolf, aliás, adorava pastéis e ovos cozidos, embora sua
preferência fosse mesmo sorvete. E gostava também de passear de carro nas
visitas que Cairbar fazia aos doentes, ocasião em que, sentado no banco
traseiro, parecia um fidalgo.
Na assistência aos obsidiados
e aos enfermos de toda ordem que chegavam a Matão, o zelo de Cairbar chegava ao
extremo de levá-los para sua própria casa, onde construíra alguns quartos nos
fundos do terreno, exatamente para poder acolhê-los e assisti-los.
O estudioso e divulgador
espírita
No tocante à área da sabedoria
ou do adiantamento intelectual existe uma faceta da obra de Cairbar que tem
sido pouco enfatizada pelos biógrafos.
Evidentemente, poucos
ignoram o trabalho do Cairbar-jornalista, fundador d’O Clarim e da Revista
Internacional de Espiritismo e pioneiro da divulgação espírita por
intermédio do rádio; do Cairbar-orador e polemista vibrante; do
Cairbar-escritor, autor de 17 livros dentre os quais quem poderia ignorar
“Parábolas e Ensinos de Jesus”, “Vida e Atos dos Apóstolos”, “O Espírito do
Cristianismo”, “Espiritismo para as crianças” e tantos outros indispensáveis
aos que pretendem ter uma sólida formação espírita?
Pouco se fala, porém, da
profundidade e mesmo do pioneirismo com que Cairbar examinou vários assuntos
relacionados com a prática da mediunidade e as condições da vida no Outro
Mundo, algo que era confinado a poucas pessoas antes da eclosão, na década de 1940,
da Série Nosso Lar. Como se sabe, Cairbar desencarnou em janeiro de 1938, antes
do surgimento das obras de André Luiz.
O confrade Antenor de
Souza, hoje falecido, disse-nos que em 1944, quando foi lançada a 1ª edição do
livro Nosso Lar, de André Luiz, muitos confrades de relevo deste país,
como Leopoldo Machado, tiveram dúvidas pertinentes a aspectos da vida espiritual
que lhes pareceram, naquele momento, algo absolutamente inédito na literatura
espírita, embora Cairbar Schutel já houvesse tratado do assunto 12 anos antes.
A prática mediúnica na
visão de Cairbar Schutel
Sobre a influência do meio na reunião mediúnica – As comunicações com os Espíritos exigem muito recato, muito respeito, muita civilidade e muito recolhimento. O meio exerce ação considerável para o bom êxito das sessões. Jesus estava acompanhado de três apóstolos no episódio do monte Tabor. Em Betsaida (Marcos, 8:22), ele conduziu o cego fora da aldeia antes de curá-lo. Fato idêntico ocorreu com o homem surdo e gago, que Jesus tirou da multidão e atendeu à parte (Marcos, 7:32), e com a filha de Jairo (Mateus, 9:18). (Médiuns e Mediunidades, pp. 73 e 74.)
Apelo à privacidade das
sessões mediúnicas – As sessões práticas
devem ser privativas, com número reduzido de assistentes convencionados e
assíduos, porque elementos estranhos prejudicam o resultado dos trabalhos. Não
se concebe, pois, a realização de sessões mediúnicas públicas, com portas
abertas, sem circunspecção e critério exigidos para a prática mediúnica. (Obra
citada, pp. 53 e 72.)
Deveres que competem aos
médiuns – Primeiramente, estudar,
porque o estudo preparatório dos médiuns é indispensável ao exercício da
mediunidade. Os médiuns necessitam ter, ainda, muita persistência, muita
paciência, muita perseverança nas reuniões e nos estudos, para melhor se
relacionarem com o mundo invisível. (Obra citada, pp. 75 e 76.)
Uma advertência
pertinente ao diálogo com os desencarnados – Convém deixar o Espírito comunicante falar. (Obra citada, p.
53.)
O recinto das sessões
mediúnicas – As sessões requerem
um ambiente de semiobscuridade ou iluminado com uma lâmpada vermelha com luz
fraca. (Obra citada, p. 51.)
A vida
no mundo espiritual segundo Cairbar
Os diversos planos do
Mundo Espiritual – Há no Outro Mundo
diversos planos de existência, e não poderia ser de outro modo, porque os
Espíritos, revestidos de seu corpo espiritual, não podem viver num meio que não
esteja de acordo com sua vestimenta espiritual, que vibra sempre ao ritmo da
elevação de cada um, em sabedoria e moralidade. Uma região isenta de oxigênio
seria hostil a Espíritos ainda necessitados de oxigênio. Os círculos que
envolvem a Terra se diferenciam pela fluidez da matéria que os compõe. (A
Vida no Outro Mundo, pp. 82, 83, 85 e 107.)
Semelhanças entre o
nosso plano e o plano espiritual –
O primeiro plano do Mundo Espiritual é bem parecido com o plano terráqueo.
Pode-se dizer que o nosso plano aqui na Terra é uma cópia materializada desse
plano, o que explica a existência ali de habitações semelhantes às nossas.
(Obra citada, pp. 87 a 89.)
Referências sobre o assunto – Mais de um livro ou autor fala sobre a existência de cidades,
casas, hospitais, templos e palácios no Outro Mundo. Conan Doyle menciona em
seu livro “História do Espiritismo” vários casos, a exemplo de sir Oliver
Lodge, Carl du Prel, Swedenborg, Winifred Moyes e Lilian Walbrook. (Obra
citada, pp. 54, 56, 57, 78, 92, 95, 96, 97, 102 e 103.)
Os alimentos no plano
espiritual – Nas mensagens
transcritas por Conan Doyle, além da referência à existência de casas lindas e
flores, um dos comunicantes fala do alimento utilizado no plano em que vivia, o
qual não se parece com o nosso porque é muito mais agradável e delicado. (Obra
citada, pp. 95 a 97.)
Revelações feitas pelo
sensitivo Swedenborg – Nas obras do grande vidente sueco faz-se menção a casas,
templos, salões, palácios. As crianças são bem recebidas no Outro Mundo, sejam
ou não batizadas, e ali elas crescem cuidadas por mulheres jovens, até que lhes
apareçam suas mães verdadeiras. (Obra citada, pp. 98 a 100.)
O trabalho no plano
espiritual - Extraída do livro “O
Caso de Lester Coltman”, de Lilian Walbrook, eis parte da mensagem dada por
Coltman: “Meu trabalho continua aqui como se iniciou na Terra, ou seja, no
terreno científico. Para progredir em meus estudos, visito frequentemente um
laboratório, onde encontro facilidades tão completas como extraordinárias para
a realização de experiências. Tenho casa própria, verdadeiramente bela, com uma
grande biblioteca, na qual existe toda a classe de livros de consulta:
históricos, científicos, de Medicina, e de todos os gêneros da Literatura. Para
nós, estes livros são tão interessantes como para vós, os da Terra. Tenho uma
sala de música com toda a sorte de instrumentos. Tenho quadros de rara beleza e
móveis de gosto apurado.” Na sequência, Lester Coltman refere-se a uma paisagem
extraordinariamente bela que ele podia descortinar de suas janelas e diz haver
ali magníficas escolas para instrução dos Espíritos de crianças. (Obra citada,
pp. 93 a 95.)
O destino do homem além
da morte
Cairbar Schutel
deixou-nos a propósito do destino das criaturas humanas no pós-morte estas
sábias palavras:
“O túmulo não é o ponto
final da existência. Nosso destino é grandioso. Existem mundos de luz, onde
reina a verdade; mundos que serão nossas futuras moradas! Assim como o
progresso caracteriza perfeitamente a evolução gradativa do nosso planeta, que
será um dia paraíso terrenal, assim também essa Lei inflexível, que rege os
mundos que se balouçam no Éter, nos prepara moradas felizes, dispersas na Casa
de Deus, que é o Cosmo infinito.
“Tenhamos fé e
estudemos! Ignoramos? Progridamos! Porque do estudo e da pesquisa vem a verdade
que esclarece a inteligência, e, desta, a evolução espiritual, que nos guinda
às alturas, para compreendermos as coisas do Espírito, coisas que Deus reserva
para todos os que procuram crescer no Seu conhecimento e na Sua graça. Que as
luzes da caridade, que vamos conquistando, nos ilumine toda a Ciência, toda a
Religião, toda a Filosofia, para podermos, com justos títulos, observar as
magnificências do Universo e cientificar-nos da imortalidade e da Eternidade da
Vida.” (A Vida no Outro Mundo, de Cairbar Schutel, 5ª edição, 1978, pág.
126.)
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