Que pensamos sobre o carnaval?
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
Estamos, pois, diante de três aspectos
distintos: a festa propriamente dita, as condições em que ela se realiza e o
comportamento dos que dela participam.
No carnaval tradicional, sobretudo o
realizado nas cidades do interior, em que famílias inteiras confraternizam,
nada há de mau, porque seu objetivo é a busca da diversão sadia, em que não
existem outros propósitos além disso.
Se, porém, a festa é tumultuada,
excitante, plena de quadros de nudez e de erotismo, em que a bebida, a droga e
a prática do sexo irresponsável dão o tom, eis um ambiente que o homem de juízo
procurará, evidentemente, evitar.
Em artigo publicado oportunamente no
jornal A Tarde, Divaldo Franco
resumiu bem o que pensamos sobre o tema: “Não é o carnaval, em si mesmo, um
fator de degeneração moral, social e espiritual, mas a oportunidade que faculta
aos atormentados para exporem as suas feridas morais”.
Não existe nas principais obras
espíritas nenhuma recomendação no sentido de que devamos ou não evitar as
folias de Momo. Nesse, como em qualquer outro caso, a decisão é puramente
pessoal e dela, evidentemente, prestaremos contas, certos de que, como alertou
Paulo de Tarso, tudo na vida nos é lícito, mas nem tudo nos convém.
Com respeito à psicosfera que reina
nos festejos momescos realizados nas grandes cidades, especialmente naquelas
que atraem turistas do mundo todo, é bom relembrar o que dois eminentes autores
espirituais escreveram.
Thereza de Brito, por meio das
faculdades mediúnicas de José Raul Teixeira, escreveu:
“Muita gente se expressa com
honestidade, asseverando que vai para o carnaval sem intenções malévolas, que
vai apenas pela distração, pela empolgação, pelo movimento. Entretanto, a
sintonização está formada. Mergulhados nas mesmas energias em que todos se
encharcam, em franca cadeia de interesses similares, toda a gente se mantém no
mesmo caldo de nutrição psíquica. Assim, a boa intenção contrasta com a
inutilidade e materialidade dos referidos interesses, não tendo, então, o
bem-intencionado a inocência ou a escusa que a si mesmo se atribui.” (Vereda
Familiar, p. 92)
Manoel Philomeno de Miranda, em seu
livro Nas Fronteiras da Loucura, obra
psicografada por Divaldo Franco, reportando-se ao carnaval carioca, descreveu
uma cena típica registrada na referida ocasião, que reproduzimos:
Num dos dias do carnaval, a cidade era
um pandemônio. Multidão de Espíritos, que se misturava à mole humana em
excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas, ruas
e praças, cuja iluminação, embora feérica, não conseguia vencer a psicosfera carregada
de vibrações de baixo teor.
Grupos mascarados eram acolitados por
frenéticas massas de Espíritos voluptuosos, que se entregavam a desmandos e
orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno.
Algumas Entidades atacavam os
burlescos transeuntes tentando prejudicá-los com suas induções nefastas. Outras
buscavam as vítimas em potencial para alijá-las do equilíbrio, dando início a
processos nefandos de obsessões demoradas.
Muitas pessoas fantasiadas haviam
obtido inspiração para as suas expressões grotescas em visitas a regiões
inferiores do Além.
A sucessão de cenas, deprimentes umas,
selvagens outras, era constrangedora, o que mereceu de Dr. Bezerra o seguinte
comentário: "Grande, expressiva faixa da humanidade terrena transita entre
os limites do instinto e os pródromos da razão, mais sequiosos de sensações do
que ansiosos pelas emoções superiores. Natural que se permitam, nestes dias, os
excessos que reprimem por todo o ano, sintonizados com Entidades que lhes são
afins. É de lamentar, porém, que muitos se apresentam, nos dias normais, como
discípulos de Jesus, preferindo, agora, Baco e os seus assessores de orgia ao
Amigo Afetuoso..."
Nas proximidades do sambódromo, o
local mais parecia uma praça de guerra, burlescamente apresentada, em que o
ridículo e a dor se ajustavam em pantomina de aflição. Dr. Bezerra disse então
ao seu amigo: "Não se creia que todos quantos desfilam nos carros do
prazer, se encontrem
Sobre o assunto, o leitor encontrará
inúmeros textos veiculados na internet, como os abaixo indicados, publicados na
revista O Consolador, cuja leitura vale a pena, se quisermos entender
realmente o que nós espíritas pensamos sobre o carnaval:
1
- Wellington Balbo – “O Espiritismo e o carnaval”
http://www.oconsolador.com.br/ano2/99/especial.html
2
- Leonardo Marmo Moreira – “O Carnaval à luz da Doutrina Espírita”
http://www.oconsolador.com.br/44/leonardo_moreira.html
3
- Cláudia Gelernter – “Carnaval e problemas sociais”
http://www.oconsolador.com.br/ano6/301/claudia_gelernter.html
4
- Ricardo Orestes Forni – “Colocando a máscara”
http://www.oconsolador.com.br/ano7/315/ricardo_orestes.html
Como consultar as matérias deste blog? Se você não o conhece,
clique em Espiritismo
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