Revista Espírita de
1864
Allan Kardec
Parte 20
Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.
A coleção
do ano de 1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan
Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.
Cada
parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:
a)
questões preliminares;
b) texto
para leitura.
As
respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo.
Questões
preliminares
A. Pode
um sensitivo ler com a mesma facilidade o pensamento de todas as pessoas?
B. Qual
é, segundo o Espírito de Mesmer, o objetivo do Espiritismo no mundo?
C. Que é
preciso para que haja estabilidade e vitalidade nos grupos espíritas?
Texto
para leitura
234. Reportando-se
ao tema espelhos mágicos, que Kardec entendia devesse ser chamado de espelhos
espirituais, ele disse que no fenômeno em causa restava ainda um ponto a
esclarecer: o da previsão das coisas futuras. Lembrando que, em princípio, o
futuro é oculto ao homem e só excepcionalmente lhe é revelado, o Codificador
remete o leitor ao artigo sobre a teoria da presciência, publicado em maio de
1864, no qual a questão é tratada de maneira completa, advertindo, por fim, que
seria uma imprudência confiar de maneira absoluta nessas predições. (P. 299)
235. Em
interessante artigo, publicado originalmente na Presse Littéraire, Émile
Deschamps escreve sobre a transmissão do pensamento, cujos exemplos - segundo
Kardec - já eram então muito frequentes, embora a ciência não lhe concedesse
qualquer atenção. (PP. 299 a 302)
236. “No
dia em que essas relações forem reconhecidas como lei fisiológica, ver-se-á
realizar um imenso progresso”, previu Kardec, porque a ciência terá então a
chave de uma porção de efeitos aparentemente misteriosos que preferia negar,
por não sabê-los explicar. (P. 302)
237.
Examinando o caso narrado pelo Sr. Deschamps, Kardec afirma que, para que ele
pudesse ler tão claramente no pensamento da jovem referida em seu relato, era
preciso um intermediário entre ambos, um elo qualquer, elo esse que não passa
da radiação fluídica que dá a visão espiritual, não barrada pelos corpos
materiais. (P. 302)
238.
Poderia o Sr. Deschamps ler com a mesma facilidade o pensamento de todo o
mundo? Certamente que não, porque, de um indivíduo a outro, podem existir
relações fluídicas que facilitem essa transmissão e não havê-las do mesmo
indivíduo para uma outra pessoa. (P. 303)
239.
Dissertando sobre o papel do Espiritismo no mundo, o Espírito de Mesmer adverte
que o Espiritismo, em tudo e por tudo, é o espiritualismo do Cristianismo e seu
grande objetivo “não é dar montes de ouro a um e deixar a consciência de um ser
fraco à vontade de um ser forte”. “Se o Espiritismo proporciona satisfações -
diz Mesmer -, são as da calma, da esperança e da fé; se às vezes adverte por
pressentimentos, ou pela visão adormecida ou desperta, é que os Espíritos sabem
perfeitamente que um caso de socorro e particular não transtornará a superfície
do globo.” (PP. 303 e 304)
240.
Comentando a mensagem de Mesmer, Kardec afirma que, devido à condição de
inferioridade em que se acham os homens na Terra, a penetração do pensamento,
se fosse geral, constituiria um perigo, em face dos abusos que engendraria. Mas
Deus, que é soberanamente bom, mede a extensão dessa faculdade pela nossa fraqueza.
(P. 304)
241.
Cedendo a insistentes pedidos dos confrades da Bélgica, Kardec visitou as
cidades de Bruxelas e Antuérpia, onde pôde constatar de modo favorável o
desenvolvimento do Espiritismo naquele país. No retorno a Paris, chegou-lhe uma
mensagem dos membros da Sociedade Espírita de Bruxelas que muito o comoveu:
“Comemorando vossa viagem à Bélgica, nosso grupo decidiu fundar um leito de
criança na creche de Saint Josse Tennoode”. (PP. 304 e 305)
242. Em
Antuérpia, onde o número de adeptos era maior, vários grupos tinham por nome
títulos especiais e característicos: um é A Fraternidade, outro Amor e Caridade
etc. O grupo Amor e Caridade, provando que seu nome constituía uma bandeira de
trabalho, tinha por objetivo especial a caridade material, sem prejuízo das
instruções dos Espíritos, que eram ali, de certo modo, a parte acessória. Sua
organização era muito simples, mas com excelentes resultados. Como o grupo
levava o socorro material a domicílio, muitas vezes os próprios Espíritos
indicaram-lhe nomes e endereços de pessoas necessitadas. (P. 305)
243.
Advertindo os grupos espíritas nascentes para a necessidade de homogeneidade e
comunhão de pensamentos e sentimentos, Kardec assevera que tal providência é a
condição sine qua non de estabilidade e vitalidade dos grupos, e para o
qual todos os esforços devem ser dirigidos. (P. 306)
244.
Entendendo que, para atingir esse objetivo, os grupos menores reúnem melhores
condições do que os grupos mais numerosos, o Codificador afirma: “Melhor será,
numa cidade, haver cem grupos de dez a vinte adeptos, dos quais nenhum pretende
a supremacia sobre os outros, do que uma sociedade única, que reunisse todos”.
“Esse fracionamento em nada prejudicará a unidade dos princípios, desde que a
bandeira seja única e todos marchem para o mesmo objetivo.” (P. 306)
245. Em
Antuérpia, Kardec conheceu um médium tiptólogo dotado de uma faculdade
especialíssima. Eis como ele agia:
I) A
indicação das letras era feita por batidas do pé da mesinha, mas com tal
rapidez que quase igualava a da escrita.
II) Quase
sempre o Espírito ditava palavras e frases começando pela última letra.
III) Além
da rapidez com que os golpes eram dados, a maneira de proceder abreviava muito
a operação. Como a mesinha possuía três pés, o alfabeto foi dividido em três
séries: a primeira, de A a H; a segunda, de I a P; a terceira, de Q a Z. Para
indicar a letra T, por exemplo, em vez de dar 20 batidas, o pé incumbido da
terceira série batia apenas 4 vezes. (PP. 307 e 308)
Respostas
às questões propostas
A. Pode
um sensitivo ler com a mesma facilidade o pensamento de todas as pessoas?
Não.
Examinando o caso narrado pelo Sr. Deschamps, Kardec afirma que, para que ele
pudesse ler tão claramente no pensamento da jovem referida em seu relato, era
preciso um intermediário entre ambos, um elo qualquer, elo esse que não passa
da radiação fluídica que dá a visão espiritual. Mas ele não poderia ler com a
mesma facilidade o pensamento de todo o mundo, porque, de um indivíduo a outro,
podem existir relações fluídicas que facilitem essa transmissão e não havê-las
do mesmo indivíduo para uma outra pessoa. (Revista Espírita de 1864, pp.
302 e 303.)
B. Qual
é, segundo o Espírito de Mesmer, o objetivo do Espiritismo no mundo?
Mesmer
disse que o Espiritismo, em tudo e por tudo, é o espiritualismo do
Cristianismo, e seu grande objetivo “não é dar montes de ouro a um e deixar a
consciência de um ser fraco à vontade de um ser forte”. “Se o Espiritismo
proporciona satisfações - diz Mesmer -, são as da calma, da esperança e da fé;
se às vezes adverte por pressentimentos, ou pela visão adormecida ou desperta,
é que os Espíritos sabem perfeitamente que um caso de socorro e particular não
transtornará a superfície do globo.” (Obra citada, pp. 303 e 304.)
C. Que é preciso para que haja estabilidade e vitalidade nos
grupos espíritas?
A homogeneidade e a comunhão de pensamentos e
sentimentos são, segundo Kardec, a condição sine qua non de estabilidade
e vitalidade dos grupos, e para isso todos os esforços devem ser dirigidos. Entendendo
que, para atingir esse objetivo, os grupos menores reúnem melhores condições do
que os grupos mais numerosos, o Codificador disse: “Melhor será, numa cidade,
haver cem grupos de dez a vinte adeptos, dos quais nenhum pretende a supremacia
sobre os outros, do que uma sociedade única, que reunisse todos”. “Esse
fracionamento em nada prejudicará a unidade dos princípios, desde que a
bandeira seja única e todos marchem para o mesmo objetivo.” (Obra citada, pág.
306.)
Observação:
Para acessar a Parte 19
deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2023/12/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_01151763670.html
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