quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

 



Revista Espírita de 1864

 

Allan Kardec

 

Parte 23

 

Damos prosseguimento ao estudo metódico e sequencial da Revista Espírita do ano de 1864, periódico editado e dirigido por Allan Kardec. O estudo é baseado na tradução feita por Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

A coleção do ano de 1864 pertence a uma série iniciada em janeiro de 1858 por Allan Kardec, que a dirigiu até 31 de março de 1869, quando desencarnou.

Cada parte do estudo, que é apresentado às quartas-feiras, compõe-se de:

a) questões preliminares;

b) texto para leitura.

As respostas às questões propostas encontram-se no final do texto abaixo. 

 

Questões preliminares

 

A. Que papel Kardec teve na codificação do Espiritismo?

B. Qual é o principal efeito do arrependimento?

C. Que proveito podemos tirar das existências passadas se não lembramos o que fomos nem o que fizemos?

 

Texto para leitura

 

270. Demonstrando o Espiritismo, não por hipótese, mas por fatos, a existência do mundo invisível e o futuro que nos aguarda, ele dá ao homem a força moral, a coragem e a resignação, porque todos passam a saber que não trabalham apenas pelo presente, mas pelo futuro. O homem tem, assim, uma base sólida para o estabelecimento da ordem moral na Terra, em que a solidariedade e a fraternidade deixam de ser palavras vãs. E, imbuído dessas ideias, ele tende a conformar a elas suas leis e suas instituições sociais. (P. 324)

271. Se os detratores do Espiritismo – dizemos dos que militam pelo progresso social, pela emancipação dos povos, pela liberdade e reforma dos abusos – conhecessem as verdadeiras tendências do Espiritismo, em vez de o atacar, veriam nele a mais poderosa alavanca para chegar-se à destruição dos abusos que combatem. (P. 325)

272. Tal é, em resumo, o ponto de vista sob o qual se deve encarar o Espiritismo - disse Kardec -, concluindo sua alocução dirigida aos espíritas da Bélgica, a quem reiterou que seu papel não foi o de inventor, nem o de criador. “Vi, observei, estudei os fatos com cuidado e perseverança; coordenei-os e lhes deduzi as consequências: eis toda a parte que me cabe”, arrematou o Codificador do Espiritismo. (P. 325)

273. Num interessante artigo biográfico sobre Méry, publicado pelo Journal Littéraire de 25-9-1864, Pierre Dangeau afirma que Méry acreditava firmemente ter vivido várias vezes na Terra e se lembrava das menores circunstâncias de suas existências precedentes. Kardec aproveita o ensejo para mostrar que a lei das vidas sucessivas não é um fato circunstancial e isolado, mas abarca a todas as pessoas e que, conforme Méry atestava em suas lembranças, nada do que adquirimos em inteligência, em saber e em moralidade fica perdido. (PP. 326 a 328)

274. Kardec reitera ainda, em seu comentário, os motivos que, segundo os Espíritos, dão causa ao esquecimento de nossas existências passadas e afirma que, à medida que o indivíduo se depura, os laços materiais são menos tenazes e o véu que obscurece o passado é menos opaco. Desse modo, a faculdade da lembrança retrospectiva segue também o desenvolvimento do Espírito. (P. 329)

275. A Revista traz novas comunicações de Jaques Latour. Numa delas, o Espírito diz que, se os culpados da Terra pudessem vê-lo, ficariam apavorados com as consequências de seus crimes. “Que responsabilidade - diz Latour - assumem os que recusam a instrução às classes pobres da sociedade! Julgam que com a polícia e os guardas podem prevenir os crimes. Como estão errados!” (PP. 330 a 332)

276. Latour disse ainda, arrependido, que se ele tivesse sido bem guiado na vida, não teria feito todo o mal que fizera. Como seus instintos não haviam sido reprimidos, a eles obedeceu, pois não conhecia freios. “Se todos os homens - afirmou Latour - pensassem bastante em Deus, ou, pelo menos, se todos os homens nele acreditassem, semelhantes coisas não mais seriam praticadas.” (P. 333)

277. Comentando as diversas comunicações de Latour, Kardec destaca o valor do arrependimento para aquele que erra, porquanto o Espírito não compreende realmente a gravidade de seus erros senão quando se arrepende. O arrependimento traz o pesar, o remorso, sentimento doloroso que é, todavia, a transição do mal para o bem, da doença moral para a saúde moral. O caso Jaques Latour comprova essa assertiva. (P. 333)

278. Há, no entanto, pessoas que perguntam que proveito pode ser tirado das existências passadas, se a gente não se lembra do que foi nem do que fez. Essa questão - diz o Codificador - está completamente resolvida. De fato, se o mal que praticamos estiver apagado e nenhum traço dele reste, sua lembrança será inútil. Se dele ainda restar algum vestígio, por não nos havermos corrigido completamente, podemos conhecê-lo por nossas tendências atuais. Basta então saber o que somos, sem que seja necessário saber o que fomos. (P. 334)

279. Durante a vida, quando se sabe da reprovação que acompanha o culpado, deve-se agradecer a Deus por haver lançado um véu sobre o nosso passado. Se Latour tivesse sido condenado há muito tempo e, assim, resgatado seus débitos, seus antecedentes criminais em nada o ajudariam ante a sociedade. Conquanto arrependido, quem o teria admitido na intimidade? Ora, os sentimentos que manifesta como Espírito arrependido nos dão a esperança de que, na próxima existência terrena, será um homem honesto e considerado, e o véu lançado sobre o passado lhe abrirá a porta da reabilitação. (P. 334)

280. A Revista divulga três comunicações obtidas pela sra. Delanne em que o comunicante, o Espírito de Pierre Legay, se exprime exatamente como fazia em vida, imaginando que ainda estivesse entre os encarnados. Curiosamente, os Espíritos de Pierre Legay e do Sr. Colbert, morto há trinta anos, se viam e conversavam como se estivessem no corpo físico, sem se darem conta de sua situação. (PP. 336 a 341)

281. Kardec informa que os que se acham em situação idêntica à de Pierre Legay parecem mais numerosos do que se pensa, e não uma exceção. Temos, assim, em redor de nós Espíritos que têm consciência da vida espiritual e uma porção de outros que vivem, por assim dizer, uma vida semimaterial, julgando-se ainda neste mundo. (PP. 340 e 341)

 

Respostas às questões propostas

 

A. Que papel Kardec teve na codificação do Espiritismo?

Falando aos espíritas da Bélgica, Kardec disse que seu papel não foi o de inventor, nem o de criador do Espiritismo. “Vi, observei, estudei os fatos com cuidado e perseverança; coordenei-os e lhes deduzi as consequências: eis toda a parte que me cabe”, arrematou o Codificador do Espiritismo. (Revista Espírita de 1864, pág. 325.)

B. Qual é o principal efeito do arrependimento?

Segundo Kardec, o Espírito culpado não compreende realmente a gravidade de seus erros senão quando se arrepende. O arrependimento traz-lhe então o pesar e o remorso, sentimento doloroso que, no entanto, é a transição do mal para o bem, da doença moral para a saúde moral. O caso Jaques Latour comprovou essa assertiva. (Obra citada, p. 333.)

C. Que proveito podemos tirar das existências passadas se não lembramos o que fomos nem o que fizemos?

Essa questão - diz Kardec - está completamente resolvida. De fato, se o mal que praticamos estiver apagado e nenhum traço dele reste, sua lembrança será inútil. Se dele ainda restar algum vestígio, por não nos havermos corrigido completamente, podemos conhecê-lo por nossas tendências atuais. Basta então saber o que somos, sem que seja necessário saber o que fomos. (Obra citada, pág. 334.)

 

 

Observação:

Para acessar a Parte 22 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2024/01/revista-espirita-de-1864-allan-kardec_02047072893.html

 

 

 

 

 

 

 

 

Como consultar as matérias deste blog? Se você não o conhece, clique em Espiritismo Século XXI e verá como utilizá-lo e seus vários recursos.

 


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