Foi um
confrade de São Paulo quem nos alertou para uma nova onda que parecia invadir e
acabou realmente invadindo o meio espírita, segundo a qual estaria bem próximo
o advento do chamado mundo de regeneração, um assunto a que Jesus se referiu no
conhecido sermão profético, que o Evangelho de Mateus registrou no cap. 24, em
que o Mestre alude ao chamado final dos tempos, quando “o evangelho do reino
será pregado em todo o mundo”.
A
classificação dos mundos habitados e suas características principais são
tratadas por Allan Kardec no cap. III d´O
Evangelho segundo o Espiritismo.
Nesse
capítulo, o Espírito de Santo Agostinho refere-se aos mundos de regeneração e
transmite acerca deles as informações que se seguem:
“Os mundos regeneradores servem de transição
entre os mundos de expiação e os mundos felizes; a alma que se arrepende neles
encontra a calma e o repouso, acabando de se depurar. Sem dúvida, nesses
mundos, o homem está ainda sujeito às leis que regem a matéria; a Humanidade
experimenta as vossas sensações e os vossos desejos, mas está livre das paixões
desordenadas, das quais sois escravos; neles não mais de orgulho que faz calar
o coração, de inveja que o tortura, de ódio que o sufoca; a palavra amor está
escrita sobre todas as frontes; uma perfeita equidade regula as relações
sociais; todos se revelando a Deus, e tentando ir a ele, seguindo seus leis.
(....)
“Comparados à
Terra, esses mundos são muito felizes, e muitos de vós ficaríeis satisfeitos em
aí se deterem, porque é a calma depois da tempestade, a convalescença depois de
uma cruel moléstia; mas o homem, menos absorvido pelas coisas materiais,
entrevê, melhor do que vós, o futuro; ele compreende que há outras alegrias que
o Senhor promete para aqueles que delas se tornem dignos, quando a morte tiver
ceifado de novo seus corpos para lhes dar a verdadeira vida.” (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap.
III, item 17.)
A elevação do
planeta em que vivemos, de mundo de expiação e provas para mundo regenerador,
requer que ocorra em nosso orbe uma série de transformações de ordem moral que
nos parecem distantes dos dias em que vivemos.
O mal e seus
derivados reinam soberanamente em nosso mundo, onde as guerras, a corrupção, a
iniquidade, a violência, as desigualdades sociais e as injustiças se verificam
em todos os continentes, e não apenas em alguns poucos lugares.
Em 1948, ano
em que escreveu o livro “Voltei”, psicografado por Chico Xavier, diz Frederico
Figner – que ali se valeu de um pseudônimo: Irmão Jacob – que dos dois bilhões
de encarnados que viviam então no planeta mais da metade era constituída por
Espíritos semicivilizados ou bárbaros e que as pessoas aptas à espiritualidade
superior não passavam de 30% da população global, distribuídos pelos diferentes
continentes. (Cf. Voltei, 7ª edição, pág.
93.)
Ora, de 1948
até agora passaram-se menos de 70 anos, o que implica reconhecer que, com toda
a certeza, muito pouco se alterou na qualificação dos habitantes do nosso
planeta, ideia que é corroborada pelo quadro geral de decomposição e miséria
moral a que nos referimos.
Acreditar que
um planeta nestas condições se encontra próximo da elevação para um mundo
regenerador parece-nos mais uma dessas crendices baseadas em previsões que
jamais se confirmaram, conquanto os cristãos saibam muito bem que nem Jesus se
aventurou a indicar uma data para essa mudança, acrescentando que, quanto a
esse dia, nem ele nem os anjos podiam algo dizer, mas somente o Pai.
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