JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Amigo leitor, falemos agora
sobre os impasses da pós-modernidade.
Se você declara imposto de
renda e o fisco desconfia de suas informações, retém sua declaração com o que
teria direito à devolução e, até o ano seguinte, quando já tem de declarar
novamente seus rendimentos, você ainda não foi chamado para comprovar o que
declarou e receber o que acredita ter direito com comprovante e tudo. A fila da
“malha fina” é muito grande e não se consegue nem mesmo agendar uma data para
levar os documentos solicitados no sítio da Receita...
Se você cadastrou uma senha,
pela internet em um serviço público ou particular, trocou seu e-mail e esqueceu
a senha, adeus... Não vai conseguir mais ter acesso ao serviço, pois o link não
lhe dá opção de mudar o e-mail e o sistema lhe informa que a nova senha será
enviada para o seu endereço eletrônico que não mais existe.
Se você adere a um serviço
telefônico e, algum tempo depois, esse plano é reduzido pela metade do valor
que você paga, nenhuma propaganda da empresa baixará pela metade sua conta a
pagar, a não ser que você encerre a conta atual e faça novo contrato com a
empresa. Entretanto, para encerrar seu contrato, terá de pagar uma multa que
inviabiliza administrativamente a nova opção.
Se você não confere e contesta
cobranças ilegais dos bancos, você vai sendo lesado, semana a semana, mês a
mês, ano a ano, em
conta-gotas. O prejuízo em sua conta é aparentemente pequeno,
mas o lucro do banco baseado em descontinhos a milhões de correntistas é
fabuloso.
Se você percebe em acesso à sua
conta pela internet que lhe foi descontado um valor por uma compra jamais feita
por você, pois estava num estado e a conta foi feita, naquele momento, em
outro, o aborrecimento que terá a partir de então para acessar sua conta
eletrônica será absurdo. Funcionário do banco fará inúmeros bloqueios em seu acesso
e sua ida à agência, durante muito tempo, passará a ser uma rotina.
Outro dia, a esposa de Joteli
comprou uma dúzia de copos pela internet. Todos chegaram inteiros e a
satisfação foi grande. Meu secretário pegou um dos copos, encheu-o com água
meio gelada, colocou-o sobre um lenço de papel, para não molhar a mesa de
trabalho e, dez minutos depois, percebeu que a mesa estava ficando toda
molhada. Olhou para o copo e este estava meia boca, não somente com relação ao
conteúdo da água, como também sobre sua integridade vítrea: uma rachadura
ocupava o copo de cima a baixo.
No dia seguinte, resolveu pegar
outro copo da mesma marca para tomar água e... Surpresa! Metade do copo ficou
no armário e a outra metade ficou em sua mão. E assim ocorreu com todos aqueles
copos adquiridos pela internet...
O trabalho que dá para entrar
em contato com a empresa, comprovar a fraude, etc., por vezes, não compensa a
reclamação, pois o valor dos copos foi baixo. Pense, entretanto, em quantas
pessoas foram lesadas com esse material? O lucro da empresa é certo, o prejuízo
dos compradores também.
Enfim, amigo leitor, se a luta
pelo direito é um direito de todos, o desgaste físico e emocional também. Ainda
bem que temos o Ministério Público, o Procon, a Justiça Volante e a Polícia
Federal, entre outros mecanismos para nos defender, não é mesmo, leitor amigo?
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