quarta-feira, 25 de março de 2020


Obreiros da Vida Eterna

André Luiz

Estamos publicando neste espaço – sob a forma dialogada – o estudo de onze livros escritos por André Luiz, integrantes da chamada Série Nosso Lar. Serão ao todo 960 questões objetivas distribuídas em 120 partes, cada qual com oito perguntas e respostas.
Os textos são publicados neste blog sempre às quartas-feiras.
Concluído o estudo dos três primeiros livros, damos prosseguimento hoje ao estudo do 4º livro da série, Obreiros da Vida Eterna, que o médium Chico Xavier psicografou.

Parte 3

17. Como eram o ambiente físico e a paisagem em torno da Casa Transitória de Fabiano?
A diferença de atmosfera, entre o dia e a noite, na Casa Transitória de Fabiano, era quase imperceptível, porque as luzes artificiais ficavam sempre acesas. Um denso nevoeiro abafava a paisagem, sob o céu de chumbo, e grandes aparelhos destinados à fabricação de ar puro funcionavam incessantemente na casa, renovando o ambiente geral. O Sol era visto fundamente diferenciado: semelhava-se a um disco de ouro velho, sem qualquer irradiação. Ali a matéria obedecia a outras leis, interpenetrada de princípios mentais extremamente viciados. Congregavam-se em torno longos precipícios infernais e vastíssimas zonas de purgatório das almas culpadas e arrependidas. A ausência de vegetação, aliada à neblina pesada e sufocante, infundia profunda sensação de deserto e tristeza. (Obreiros da Vida Eterna, cap. 6, pp. 79 a 81.)
18. Que atividades eram comumente desenvolvidas pela Casa dirigida por Zenóbia?
Auxiliar as expedições socorristas em serviço na Crosta; abrir-se à visitação de encarnados parcialmente libertos do corpo em momentos de sono físico, para receberem benefícios magnéticos; recepcionar missionários procedentes de esferas elevadas; organizar leitos para entidades desencarnadas prestes a serem trazidas; promover  o encontro de crianças recém-desencarnadas com suas mães que viriam da Crosta, em caráter temporário; receber delegações variadas de trabalho espiritual para ali combinarem providências – eis algumas atividades da Casa Transitória, além de outras medidas de menor significação, o que permite ver que eram intensas as obrigações a cargo da Irmã Zenóbia e seus companheiros. (Obra citada, cap. 6, pp. 81 e 82.)
19. Como era a região dos charcos que André atravessou em busca do ex-padre Domênico?
Paisagem escura e misteriosa; no espaço, sons estranhos e gritos de seres selvagens, misturados a dolorosos gemidos humanos; aves de monstruosa configuração, mais negras do que a noite – assim era o caminho que o levou a uma zona pantanosa, um imenso charco, em que sobressaía rasteira vegetação, em meio a ervas mirradas e arbustos tristes que assomavam indistintamente do solo. Soluços próximos davam a impressão nítida de que procediam de pessoas atoladas em repelentes substâncias, tais as emanações desagradáveis que pairavam no ar. (Obra citada, cap. 6, pp. 82 a 85.)
20. Quem foi Domênico e por que, havendo sido padre, ele se encontrava naquela região?
O ex-padre Domênico foi na Crosta incapaz de manter-se fiel ao Senhor até o fim de seus dias. Aproveitara-se do cargo para concretizar propósitos menos dignos, conspurcando a paz de corações sensíveis. Apesar de desencarnado há muito tempo, permanecia insensível às exortações de amor e paz, conservando-se em posição psíquica negativa, depois de haver-se precipitado em temível aridez do coração, envolvendo-se em forças que o aniquilavam e entorpeciam cada vez mais. Não admirava, pois, que estivesse naquela situação. (Obra citada, cap. 6, pp. 85 a 92.)
21. Que erros de Domênico vieram à tona graças à clarividência da enfermeira Luciana?
Primeiramente Luciana descreveu uma cena ocorrida em certa noite fria, em que Domênico penetrava um lar honesto, cego por sentimento menos respeitoso para com alguém que lhe ouvira palavras de sedução e malícia. O padre estava sem a batina escura e a mulher cedia a suas promessas. Em seguida, Luciana viu uma mulher chegando ao presbitério em noite tempestuosa. A pobrezinha chorava e rogava auxílio. Ela confiara excessivamente nas promessas do padre e cedera aos seus caprichos de homem vulgar. A princípio acreditou que não adviriam desagradáveis consequências. Mas, agora, anunciava-se um filhinho. Quem a socorreria? quem lhe restauraria a paz familiar? Não seria melhor a legalização dos laços existentes? Domênico escutara as rogativas sem nenhum abalo moral. Com a frieza dos homens de fraseologia brilhante, invocou o dever sacerdotal como justificativa da impossibilidade e, por fim, propôs-lhe a conciliação do problema com um casamento apressado entre a vítima e o último dos seus servos. A infeliz soluçava convulsivamente e, naquela noite, suicidou-se, ingerindo grande dose de formicida. Na sequência, Luciana viu uma cena em que o pai de Domênico, também desencarnado, o contemplava com desespero e enternecimento simultâneos. Ele reclamava certa escritura que o filho não apresentara. O velho não fora pai apenas de um sacerdote e de outros filhos que honravam o seu nome. Tivera aventuras diferentes e possuía alguns filhos, nascidos a distância do lar, e não desejava partir sem legitimá-los devidamente. Pretendia, além disso, garantir-lhes futuro próspero. No fim do último adeus, o pai lhe reiterara a súplica de amparo constante a certa mulher, cercada de filhinhos que esperavam dele o sustento necessário. Era esse o pedido expresso, que Domênico prometera cumprir, mas não cumpriu, sepultando o testamento recebido do genitor em móvel pesado, com intenções francamente hostis aos propósitos do velho. Surgiu, em seguida, a cena de um velho sacerdote, que deixou a vida física endereçando a Domênico intensas vibrações de ódio. O motivo era trivial: Domênico roubara-lhe, com artifícios e suborno, a paróquia de que o velho padre era titular, conseguindo, mediante gratificação a companheiros altamente colocados, a remoção do adversário para longínqua paróquia de montanha, onde o ancião morreu, intoxicado pela cólera e por reiterados desejos de vingança. Ato contínuo, apareceu na tela mental a figura de determinada mulher, vítima também do poder fascinante e dominador do ex-padre. Certa manhã, ela, já envelhecida e quase cega, bateu à casa do padre, conduzida por anêmico menino de nove a dez anos, a suplicar-lhe auxílio. Ante a frieza da recepção, a infortunada, em palavras sentidas, invocou o passado de leviandades e perguntou-lhe se ele esquecera o filho que lhe colocara nos braços. Chorava, gesticulava, implorava. Lutara heroicamente por manter o filho, à custa de trabalho honesto, mas adoecera, sem qualquer proteção, e ali estava quase cega, implorando socorro... Se pudesse, pouparia ao filho ainda criança a humilhação de conhecer o pai desalmado, mas o menino, vitimado por uma tuberculose, estava à beira da morte. Domênico, insensível, chamou um servidor que, conduzindo cães bravos, obrigou os pobres pedintes a fugir, espavoridos. (Obra citada, cap. 7, pp. 93 a 103.)
22. Que efeito teve sobre o ex-padre a recordação de lances de sua última existência?
O efeito foi devastador, tanto que, quando Luciana começou a descrever nova cena, o desventurado Domênico, num grito terrível, desfez-se em lágrimas e exclamou, alucinado de sofrimento moral: – Basta! Basta!... Soluços atrozes lhe rebentaram do peito opresso. Zenóbia comentou: – Domênico melhora, graças ao Nosso Divino Médico. Para o Espírito culpado e sofredor, as lágrimas são também uma chuva benéfica que refrigera o coração. Começou então a doutrinação, feita pelo padre Hipólito, enquanto Zenóbia convocava mentalmente aquela que fora na Terra a mãe do infeliz sacerdote. Hipólito perguntou-lhe inicialmente se ele desejava efetivamente a redenção. Ele não respondeu, mas indagou se existia mesmo a Justiça Divina, anotando as faltas das pessoas. Hipólito lhe respondeu dizendo que trazemos na própria consciência o arquivo indelével dos nossos erros, da mesma maneira que os justos são portadores das notas íntimas que os glorificam diante do Pai Altíssimo. E advertiu: – Cerra, para sempre, meu amigo, a porta do "ego inferior"! Cala a vaidade, o orgulho, a impenitência! Não maldigas. A Igreja que nos reunia, no círculo carnal, é santa em seus fundamentos. Nós é que fomos maus servos, desviando-lhe os princípios básicos para a satisfação de instintos dominadores. (Obra citada, cap. 7, pp. 104 a 111.)
23. A prece proferida por Domênico fez-lhe bem?
Sim. A prece fez-lhe profundo bem. Mais calmo, ele abraçou-se à mãe e perguntou-lhe por Zenóbia, ignorando por completo que a diretora da Casa Transitória estava ali, a seu lado, acompanhando-lhe os mínimos gestos. (Obra citada, cap. 7, pp. 112 a 115.)
24. No lamaçal em que vasta legião de sofredores se encontrava, todos choravam e pediam ajuda?
Não. Ali, embora muitas vozes suplicassem socorro, outras vociferavam blasfêmias, ironias e condenações, recusando até o mesmo a ajuda oferecida pelo grupo socorrista. (Obra citada, cap. 8, pp. 116 a 118.)


Observação:
Para acessar a 2ª parte deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/03/obreiros-da-vidaeterna-andre-luiz_18.html





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