sábado, 20 de junho de 2020



O jovem rico e Jesus

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF

Conta-nos Mateus[1] que um jovem se aproximou de Jesus e lhe perguntou: — Bom Mestre, que devo fazer para herdar a vida eterna?
Jesus, que conhecia os mais recônditos pensamentos e sentimentos de qualquer pessoa, demonstrando profunda tolerância para com o jovem, após dizer-lhe que bom mesmo só Deus é, completa: — Guarda os mandamentos divinos, se queres entrar na vida.
Entrar na vida, para o Rabi da Galileia, é desprender-se das coisas materiais e cultivar as do espírito, haja vista serem aquelas temporárias e este ser eterno. Em Dicionário da Alma, psicografado por Chico Xavier, encontramos esta profundíssima frase, ditada pelo Espírito J. P. O. Martins: "O homem precisa convencer-se de que a única realidade da vida é a sua alma. Tudo o mais que o rodeia reveste-se do caráter transitório".
Estivesse convencido disso aquele jovem, que era muito rico, e ele entenderia o que depois lhe foi proposto por Jesus, quando este é novamente indagado: "Quais?".
E ouve do Cristo: — Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe e ama teu próximo como a ti mesmo.
Desejando mostrar-se justo, o jovem informa a Jesus que desde sua mocidade vinha guardando esses mandamentos. Com isso, imaginava preencher os requisitos básicos para ser herdeiro da vida eterna. Mas Jesus conhecia o apego do moço aos bens materiais. Daí fazer-lhe a proposta fundamental para que o rapaz revelasse o que, de  fato, guardava em seu coração: a usura, que leva tanta gente a amontoar tesouros na Terra, imaginando que são criaturas privilegiadas por Deus em relação aos menos afortunados: — Se queres ser perfeito, vai, vende tudo que possuis, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu... — Em seguida, faz-lhe último apelo: — E vem e segue-me.
Seguir Jesus é renunciar a todas as glórias e coisas efêmeras do mundo. É contentar-se com o que a bondade infinita de Deus nos concedeu e que fizemos por merecer com nosso trabalho. É desapegar-nos das coisas materiais, repartir os recursos que nos sobram à mesa com os que nada têm. É perdoar... É, enfim, ter a certeza de nossa impermanência na Terra, mas para onde teremos de retornar inumeráveis vezes, sofrendo os aguilhões da dor, enquanto não nos libertarmos das nossas imperfeições.
Aquele jovem, por estar apegado mais aos bens transitórios que aos espirituais propostos por Jesus, retirou-se cabisbaixo.
Dias depois, participando de uma corrida de bigas, esporte comum às altas classes sociais na época, os cavalos tombaram em cima dele, que faleceu, deixando para trás todas as propriedades que imaginava possuir.
Precisamos conscientizar-nos de que, sendo Deus Amor, criou-nos por amor e para amar. Sendo assim, se nos afastamos do Seu Amor e do amor ao próximo, o instrumento de correção acionado por nossas consciências chama-se dor.


[1] Mateus, 19:16 a 23.






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