A passagem da vida para a morte, na concepção
de Hipócrates
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Diante
do litoral da Ásia Menor, na ilha de Cós, cerca de 460 anos antes de Cristo, nasceu
Hipócrates, considerado Pai da Medicina porque ensinou aos seus discípulos a
necessidade de estudar os sintomas de uma enfermidade antes de tentar a sua
cura.
Os
gregos consideravam Hipócrates descendente de um deus. Ele foi, de fato, uma
espécie de médico-sacerdote, ou sacerdote-médico, como haviam sido antes dele
diversos membros de sua família, que vinham já, durante muitas gerações,
praticando a Medicina. Dizem os especialistas que foi ele quem separou a
prática médica das práticas religiosas do seu tempo.
Quando
alguém ficava doente, Hipócrates observava atentamente o curso da enfermidade e
buscava saber se todas as pessoas que sofriam de doença similar eram afetadas
da mesma maneira.
Em
seguida, conhecendo o curso comum da enfermidade, podia prever o que iria
acontecer e tomar as precauções necessárias para enfrentar os sintomas que dali
adviriam e, assim, lutar com maior eficácia contra o mal.
Não
é difícil compreender a importância desse sistema numa época em que os médicos
nada sabiam sobre as enfermidades e tratavam os doentes como se a doença de
cada dia não tivesse relação com a doença do dia anterior.
Hipócrates
tornou os médicos observadores e experimentadores e, embora seu sistema nada
tivesse de notável, constituiu uma etapa grandiosa na história da medicina
experimental.
Por
causa disso, em torno dele agruparam-se numerosos discípulos sequiosos de
aprender seus métodos e aplicar suas observações e princípios. Hipócrates fez
com que todos eles jurassem solenemente obedecer ao mestre, compartilhar
generosamente com os companheiros os conhecimentos que adquirissem, manter uma
conduta de absoluta honorabilidade, e jamais divulgar qualquer segredo obtido
na sala de consultas.
Os
escritos de Hipócrates, cuja obra teve continuadores na grande escola de
Alexandria, constituem até hoje um patrimônio da humanidade, conquanto alguns
anos depois os médicos se tenham afastado dos princípios por ele ensinados,
entregando-se a toda espécie de extravagâncias e loucuras, até o surgimento de
Galeno, o sábio grego que nasceu em Pérgamo, no ano 130 depois de Cristo.
Com
relação à morte, um dos temas fundamentais do Espiritismo, o pensamento do
grande médico grego não difere na essência do que as obras de Allan Kardec nos ensinam.
"A
passagem da vida para a morte – entendia Hipócrates – não pode ser tão ameaçadora,
porque todos nós vamos morrer um dia."
O
grande sábio tem razão.
A
morte nada mais é que um capítulo de uma existência corpórea, mas diz respeito
tão somente ao corpo físico.
A
alma não morre, a alma desencarna e, livre dos despojos carnais, prossegue em
sua trajetória inextinguível, aprendendo e progredindo sempre, na sucessão dos
evos.
Não
fosse assim, não haveria nenhuma explicação para a genialidade de vultos como
Hipócrates, o grande mestre de todos aqueles que se dedicam à arte de curar pessoas.
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