domingo, 9 de agosto de 2020



O fenômeno mediúnico e sua antiguidade    

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR

A mediunidade continua sendo um dos assuntos que mais interesse despertam nos conclaves espíritas, ao lado da reencarnação e dos temas relacionados com a saúde. Não é difícil explicar tal fato, porquanto – apesar da antiguidade do fenômeno espírita no mundo em que vivemos – é ele ainda pouco compreendido e atrai, justamente por isso, a atenção das pessoas.
O Antigo Testamento é pródigo em fatos que atestam o valor da mediunidade, de que o profetismo foi em Israel, sobretudo a partir de Moisés, exemplo notável. Como se sabe, a origem do profetismo foi assinalada por imponente manifestação relatada nas Escrituras, quando Jeová, um dos protetores espirituais do povo hebreu, revelou sua presença diante do homem escolhido para conduzir os israelitas à terra prometida.
Moisés era, como ninguém ignora, médium vidente e audiente, e foi graças a tais faculdades que ele pôde ver e ouvir Jeová na sarça do Horeb e no monte Sinai.
Os fenômenos mediúnicos em sua vida foram numerosos e expressivos. O condutor dos hebreus ouvia vozes quando se inclinava diante do propiciatório da arca da aliança. Recebeu no Sinai, escritas na lápide, as tábuas da lei. Magnetizador poderoso, fulminou com uma descarga fluídica os hebreus revoltados no deserto. Médium inspirado, entoou um lindo cântico logo após a derrota do Faraó e apresentou, ainda, um gênero especial de mediunidade – a transfiguração luminosa – quando, ao descer do Sinai, trazia na fronte uma auréola de luz.
Samuel, outro profeta judeu, foi muitas vezes, quando dormia no templo, despertado por vozes que o chamavam, lhe falavam no silêncio da noite e lhe anunciavam as coisas futuras.
Esdras reconstituiu integralmente a Bíblia, que se havia perdido, com o auxílio de um Espírito.
Todo o livro de Jó está repleto de elucidações e inspirações mediúnicas e sua própria vida, atormentada por Espíritos infelizes, é um assunto que merece estudos acurados.
A história da mediunidade em solo israelita atingiu sua culminância com a vinda de Jesus, cuja passagem pela Terra revela, a cada hora, o seu intercâmbio constante com o Plano Superior, seja com os emissários de alta estirpe, seja dirigindo-se aos aflitos desencarnados, no socorro aos obsidiados do caminho, como também na equipe de companheiros, aos quais se apresentou em pessoa depois da sua crucificação. Mais tarde, os próprios discípulos conviveriam com o fenômeno mediúnico, especialmente a partir dos extraordinários acontecimentos registrados no dia de Pentecostes que se comemorou cinquenta dias após a Páscoa da ressurreição.
Afirma Emmanuel que naquele dia, como informa o livro de Atos em seu capítulo 2, versículos 1 a 13, os apóstolos que se mantiveram leais ao Senhor converteram-se em médiuns notáveis, ocasião em que, associadas as suas forças, os emissários espirituais de Jesus produziram, por meio deles, fenômenos físicos em grande quantidade, como sinais luminosos e vozes diretas, além de fenômenos de psicofonia e xenoglossia, pelos quais os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.
Pouco mais de dezoito séculos após a crucificação do Mestre, em 18 de abril de 1857, com o advento de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, a mediunidade foi, novamente, o instrumento com que o Alto se manifestou aos homens para adverti-los de que a existência terrestre é um período transitório e bem curto na vida da criatura humana, a qual prossegue, vibrante e magnífica, além dos umbrais da morte.




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