domingo, 23 de agosto de 2020



Uma civilização digna do nome

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De Londrina-PR

A Doutrina Espírita apresenta o progresso como um de seus pilares mais relevantes. O ser humano está fadado ao progresso e dessa caminhada rumo ao que o Espiritismo chama a ciência do infinito ninguém está excluído. O mesmo pode-se dizer dos mundos, que, tal como seus habitantes, também progridem e avançam numa escalada em que, no primeiro momento, não passam de mundos primitivos.
Em face desse princípio, causou espécie, sobretudo entre os espiritistas, o pensamento externado pelo pensador inglês John Gray no seu livro Cachorros de Palha, publicado no Brasil pela Editora Record, no qual afirma que a fé no progresso é uma ilusão e que nenhum avanço pode tirar a humanidade de sua condição natural.
Para Gray, a história tem mostrado que, quando pensamos estar progredindo, na verdade estamos regredindo e, por conseguinte, o progresso científico não é real e não basta para que o mundo efetivamente melhore.
É claro que, ao se referir a progresso, John Gray está-se reportando ao progresso moral, à ética nas relações humanas, algo que a Ciência, por si só, é incapaz de fornecer. Não é preciso ter qualquer estudo para se compreender tal verdade.
Kardec, o Codificador do Espiritismo, examinou o assunto em diversos momentos de sua obra. O progresso intelectual, ensina ele, realiza-se com mais rapidez do que o progresso moral. Várias razões existem para explicar esse fato e talvez a mais importante esteja ligada à concepção materialista da vida, em virtude da qual damos mais valor ao desenvolvimento do intelecto do que ao desenvolvimento moral de nossos filhos.
Não obstante, somente um cego não percebe o progresso moral, conquanto diminuto, que se tem verificado no mundo em que vivemos, onde há pouco mais de 130 anos mantínhamos num cativeiro ignóbil criaturas semelhantes a nós e, assim como nós, filhas do mesmo Deus, enquanto hoje organizações inúmeras defendem as florestas, os rios e os animais contra o egoísmo que ainda impera no planeta.
Claro que estamos longe de conhecer na Terra uma civilização digna desse nome, assunto a que os Espíritos Superiores se referem na seguinte questão que integra “O Livro dos Espíritos”:

Por que indícios se pode reconhecer uma civilização completa?
“Reconhecê-la-eis pelo desenvolvimento moral. Credes que estais muito adiantados, porque tendes feito grandes descobertas e obtido maravilhosas invenções; porque vos alojais e vestis melhor do que os selvagens. Todavia, não tereis verdadeiramente o direito de dizer-vos civilizados, senão quando de vossa sociedade houverdes banido os vícios que a desonram e quando viverdes como irmãos, praticando a caridade cristã. Até então, sereis apenas povos esclarecidos, que hão percorrido a primeira fase da civilização.” (O Livro dos Espíritos, questão 793.)

Oportunidades para chegarmos a esse ideal temos tido e teremos inúmeras, graças à lei da reencarnação, segundo a qual Deus nos concede meios de fazermos ou consertarmos numa existência aquilo que deixamos de fazer ou fizemos com imperfeição em existências passadas.


  
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