quarta-feira, 5 de agosto de 2020


Libertação

André Luiz

Parte 4

Estamos publicando neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – de onze livros escritos por André Luiz, integrantes da chamada Série Nosso Lar.
Concluído o estudo dos cinco primeiros livros da Série, prosseguimos nesta data o estudo da obra Libertação, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada originalmente em 1949 pela Federação Espírita Brasileira.
Eis as questões de hoje:

25. Que tipo de discurso foi ouvido pelos Espíritos nos instantes que precederam seu julgamento?
As palavras do juiz naquele dia foram enfáticas: "Nem lágrimas, nem lamentos. Nem sentença condenatória, nem absolvição gratuita. Esta casa não pune, nem recompensa. A morte é caminho para a justiça. Escusado qualquer recurso à compaixão, entre criminosos. Não somos distribuidores de sofrimento, e, sim, mordomos do Governo do Mundo. Nossa função é a de selecionar delinquentes, a fim de que as penas lavradas pela vontade de cada um sejam devidamente aplicadas em lugar e tempo justos. Quem abriu a boca para vilipendiar e ferir, prepare-se a receber, de retorno, as forças tremendas que desencadeou através da palavra envenenada. Quem abrigou a calúnia, suportará os gênios infelizes aos quais confiou os ouvidos..." O discurso foi todo nesse tom, mostrando que a consequência do mal é sempre o mal, sem nenhuma complacência ou esperança de melhora. "Seguidores do vício e do crime, tremei!", eis uma das frases proferidas pelo orador. (Libertação, cap. V, pp. 68 a 70.) 
26. Como se dá o fenômeno chamado licantropia?
Conforme o relato de André Luiz, o juiz determinou que uma determinada pessoa se aproximasse. Depois, incidindo toda a força magnética que lhe era peculiar, através das mãos, sobre ela, ordenou-lhe que confessasse. A mulher, batendo no peito e pedindo perdão a Deus, em desespero, falou em voz alta e pausada: "Matei quatro filhinhos inocentes e tenros... e combinei o assassínio de meu intolerável esposo... O crime, porém, é um monstro vivo. Perseguiu-me, enquanto me demorei no corpo... Tentei fugir-lhe através de todos os recursos, em vão... e por mais buscasse afogar o infortúnio em bebidas de prazer, mais me chafurdei... no charco de mim mesma..." O juiz, então, diante daquele quadro, considerou: "Como libertar semelhante fera humana ao preço de rogativas e lágrimas?" Em seguida, fixando sobre ela as irradiações que lhe emanavam do olhar, asseverou, peremptório: "A sentença foi lavrada por si mesma! não passa de uma loba, de uma loba, de uma loba..." A mulher, à medida que o juiz repetia aquelas palavras, foi modificando a expressão fisionômica. A boca entortou-se, a cerviz curvou-se para a frente, os olhos alteraram-se; simiesca expressão revestiu-lhe o rosto. Via-se patente o efeito do hipnotismo sobre o perispírito. Gúbio explicou: "O remorso é uma bênção, sem dúvida, por levar-nos à corrigenda, mas também é uma brecha, através da qual o credor se insinua, cobrando pagamento". Disse então que ali estava a gênese dos fenômenos de licantropia, inextricáveis, ainda, para a investigação dos médicos encarnados. (Obra citada, cap. V, pp. 71 e 72.)  
27. Como são considerados os homens de cultura que não utilizam seus conhecimentos em benefício dos outros?
No julgamento post mortem, o homem que ajunta letras e livros, teorias e valores científicos, sem distribuí-los a benefício dos outros, é irmão infortunado daqueles que amontoam moedas e apólices, títulos e objetos preciosos, sem ajudar a ninguém. São tratados, pelas leis eternas, como o são os avarentos. (Obra citada, cap. V, pp. 75 e 76.)
28. O Espírito Seletor usava pequeno instrumento cristalino. Que aparelho era aquele?
Gúbio disse tratar-se de um captador de ondas mentais. Como a seleção individual exigiria longas horas, as autoridades que dominavam a região preferiam a apreciação em grupo, o que era possível pelas cores e vibrações do círculo vital que rodeia cada um. O instrumento não era, porém, suscetível de marcar a posição das mentes que já se transferiram para uma esfera espiritual mais elevada. Era recurso para a identificação de perispíritos desequilibrados e não atingia a zona superior. (Obra citada, cap. V, pp. 76 a 78.)
29. As entidades desencarnadas daquela região exercem alguma influência sobre os encarnados?
Sim; uma influência considerável, visto que, segundo Gúbio, a determinadas horas da noite, três quartos da população da Crosta se acham nas zonas de contacto com os Espíritos e a maior percentagem permanecia detida em círculos de baixas vibrações, como aquele. "Por aqui – disse ele – muitas vezes se forjam dolorosos dramas que se desenrolam nos campos da carne. Grandes crimes têm nestes sítios as respectivas nascentes e, não fosse o trabalho ativo e constante dos Espíritos protetores que se desvelam pelos homens no labor sacrificial da caridade oculta e da educação perseverante, sob a égide do Cristo, acontecimentos mais trágicos estarreceriam as criaturas." (Obra citada, cap. VI, pp. 79 e 80.)
30. Como pode uma pessoa obsidiada por um Espírito libertar-se?
Gúbio diz que para isso lhe é preciso manter-se num padrão de firmeza superior, com suficiente disposição para o bem. Com esse esforço, nobre e contínuo, melhorará intensivamente seus princípios mentais e, ao invés de converter-se em material absorvente de irradiações enfermiças e depressivas, passará a emitir raios transformadores e construtivos, em benefício de si mesma e das entidades que se lhe aproximarem do caminho. "Em todos os quadros do Universo – aduziu o Instrutor – somos satélites uns dos outros. Os mais fortes arrastam os mais fracos, entendendo-se, porém, que o mais frágil de hoje pode ser a potência mais alta de amanhã, conforme nosso aproveitamento individual." (Obra citada, cap. VI, pp. 82 a 84.) 
31. Que significa o fenômeno chamado “segunda morte”?
Essa denominação é aplicada no plano espiritual aos casos em que há perda do veículo perispiritual, que é, segundo o Instrutor Gúbio, transformável e perecível, embora estruturado em um tipo de matéria mais rarefeita. Assim como há companheiros que se desfazem dele rumo a esferas sublimes, os ignorantes e os maus, os transviados e os criminosos também perdem, um dia, a forma perispiritual. Pela densidade da mente, saturada de impulsos inferiores, não conseguem elevar-se e gravitam em derredor das paixões absorventes que por muitos anos elegeram em centro de interesses fundamentais. "Grande número, nessas circunstâncias, mormente os participantes de condenáveis delitos, imantam-se aos que se lhes associaram nos crimes", informou Gúbio. De fato, diz André, pequenas esferas ovoides, cada uma das quais pouco maior que um crânio humano, estavam ligadas a duas mulheres que conversavam, rente à cela em que ele se encontrava. Grande número de entidades, em desfile nas vizinhanças da grade, transportavam essas esferas vivas, como que imantadas às irradiações que lhes eram próprias. As formas variavam profusamente nas particularidades. Algumas denunciavam movimento próprio, ao jeito de grandes amebas, respirando naquele clima espiritual; outras pareciam em repouso, aparentemente inertes, ligadas ao halo vital das personalidades em movimento. (Obra citada, cap. VI, pp. 84 a 86.)
32. Em que, afinal, consiste a existência terrestre?
Ela não passa de um estágio educativo, dentro da eternidade, e a ela ninguém é chamado para candidatar-se a paraísos de favor e, sim, à moldagem viva do céu no santuário do Espírito, pelo máximo aproveitamento das oportunidades recebidas no aprimoramento de nossos valores mentais, com o desabrochar e evolver das sementes divinas que trazemos conosco. Para tanto, faz-se indispensável a disciplina dos impulsos pessoais, o esforço perseverante no infinito bem e a aquisição de luz para a vida imperecível. "Cada criatura nasce na Crosta da Terra para enriquecer-se através do serviço à coletividade”, diz Gúbio. “Sacrificar-se é superar-se, conquistando a vida maior. Por isso mesmo, o Cristo asseverou que o maior no Reino Celeste é aquele que se converter em servo de todos." (Obra citada, cap. VI, pp. 86 e 87.)


Observação:
Para acessar a Parte 3 deste estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2020/07/libertacao-andre-luiz-parte-3-estamos.html





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