Desapego:
reflexões sobre seus sinônimos perfeitos
CÍNTHIA
CORTEGOSO
cinthiacortegoso@gmail.com
De Londrina-PR
Uma
caixa cheia de objetos – antigos ou atuais – é pesada para carregar a toda
hora. E tantos desses objetos nem são lembrados ou, muitas vezes, não se sabe
nem por que estão ali. É um peso e espaço ocupado sem utilidade, sem proveito,
apenas energia despendida, energia que se poderia transformar em grandes
realizações, em verdadeira felicidade.
É
assim, também, em nosso interior; inúmeras vezes, colocamos, enchemos, lotamos
de sentimentos, pensamentos que não nos deixam bem e, incessantemente, continuamos.
Nossos ombros chegam a pender para frente e ainda continuamos e... continuamos.
Na
vida, tudo é temporário; a dor não será eterna; a alegria diminuirá para em
outro tempo retornar com grande disposição; o amor sempre existirá, basta
deixá-lo entrar; a flor será linda, mas, ainda assim, transformará o solo
quando cair; as nuvens brancas tornar-se-ão nas chuvas torrenciais; os casulos
deixarão de existir para as borboletas voarem pelos campos e nos lembrarem de
quão maravilhosa é a liberdade.
Tudo é
tão efêmero e por isso não há tempo para apegar-se a nada. Os melhores
sentimentos são sem reserva, eles sabem que são infinitos, apenas o nosso ser é
que precisa aprender a compreendê-los. Se nada nos pertence – a não ser o que
em nós criamos – não há motivo para sofrimento; fluir com o momento é procurar
ser feliz. Fluir é sinônimo do sentido mais completo do verbo viver.
O apego
nos limita e nos traz a ansiedade que destrói as nossas células que foram
criadas para a vida. O apego causa dor, insegurança, tristeza e todo tipo de
sentimento contrário à nossa felicidade, enquanto desapegar-se é sinônimo
perfeito de sentir-se feliz.
Quanto
mais buscamos e queremos, menos tempo nos resta para vivermos e tudo o que é
real se afasta para que o ilusório tome conta. Quando o coração está leve,
sentimo-nos felizes e os verdadeiros valores são suaves e delicados, não são
exigentes, mas disciplinados, são doces e nos fazem bem.
E os
pássaros e as flores, há séculos, nos ensinam continuamente que liberdade é
também o sinônimo perfeito de desapego.
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