Fatos Espíritas
William Crookes
Parte 5
Damos prosseguimento nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Esta obra apresenta algum caso relacionado com a chamada
escrita direta?
B. Crookes tinha plena convicção de que os fenômenos
indicavam a ação de uma inteligência exterior?
C. Ele mencionou algum desses fatos em que a ação de uma
inteligência exterior parece evidente?
Texto para
leitura
83. Aparições de mãos, luminosas por si mesmas, ou visíveis à luz ordinária
– Sentem-se muitas vezes contatos de mãos durante as sessões às escuras, ou em
condições em que não é possível vê-las. Raramente tenho visto essas mãos. Não
darei aqui exemplos em que os fenômenos são produzidos na escuridão, escolherei
porém alguns dos casos numerosos em que vi essas mãos em plena luz.
84. Pequena mão de muito bela forma
elevou-se de uma mesa da sala de jantar e deu-me uma flor; apareceu e depois
desapareceu três vezes, o que me convenceu de que essa aparição era tão real
quanto a minha própria mão. Isso se passou à luz, em minha própria sala,
estando os pés e as mãos do médium seguros por mim, durante esse tempo.
85. Em outra ocasião, uma pequena mão
e um pequeno braço, iguais aos de uma criança, apareceram agitando-se sobre uma
senhora que estava sentada perto de mim. Depois, a aparição veio a mim,
bateu-me no braço, e puxou várias vezes o meu paletó.
86. Outra vez, um indicador e um
polegar foram vistos arrancando as pétalas de uma flor que estava na botoeira
do Sr. Home e depositando-as diante de várias pessoas, sentadas perto dele.
87. Várias vezes, eu mesmo e outras
pessoas observamos mão estranha comprimindo as teclas de uma harmônica, ao
passo que, no mesmo momento, víamos as mãos do médium, que algumas vezes eram
seguras pelas pessoas que se achavam perto dele. As mãos e os dedos não me
pareceram sempre sólidos e de pessoa viva. Algumas vezes, ofereciam antes a
aparência de nuvem vaporosa, condensada em parte, sob a forma de mão. Todos os
que se achavam presentes não a percebiam igualmente bem. Por exemplo, quando se
vê mover uma flor ou qualquer outro pequeno objeto, um dos assistentes notará
um vapor luminoso pairar em cima; um outro descobrirá uma mão de aparência
nebulosa, enquanto outros apenas verão a flor em movimento.
88. Vi mais de uma vez, primeiramente,
um objeto mover-se, em seguida uma nuvem luminosa que parecia formar-se ao
redor dele e, enfim, a nuvem condensar-se, tomar forma e transformar-se em mão,
perfeitamente acabada. Nesse momento, todas as pessoas presentes podiam ver
essa mão.
89. Nem sempre ela é uma simples forma,
pois algumas vezes parece perfeitamente animada e graciosa: os dedos movem-se e
a carne parece ser tão humana quanto à de qualquer das pessoas presentes. No
punho e nos braços torna-se vaporosa e perde-se em uma nuvem luminosa.
90. Ao contato, essas mãos pareceram
algumas vezes frias como o gelo e mortas; outras vezes me pareceram quentes e
vivas e apertaram a minha mão com a firmeza de um velho amigo. Retive uma
dessas mãos, bem resolvido a não deixá-la escapar. Nenhuma tentativa, nenhum
esforço foi feito para fazer-me largar a presa, mas pouco a pouco essa mão
pareceu dissolver-se em vapor, e foi assim que ela se libertou da prisão.
91. Escrita direta – É esta a expressão empregada para designar a
escrita que não é produzida por nenhuma das pessoas presentes. Obtive várias
vezes palavras e comunicações escritas em papel marcado com o meu sinete
particular e, sob as mais rigorosas condições de controle, ouvi na escuridão o
ranger do lápis a mover-se sobre o papel.
92. As precauções, previamente tomadas
por mim, eram tão grandes que eu estava perfeitamente convencido como se
houvesse visto os caracteres se formarem. Mas, como o espaço não me permite
entrar em todas as minúcias, limitar-me-ei a citar os casos nos quais meus
olhos, tão bem quanto meus ouvidos, foram testemunhas da operação.
93. O primeiro fato que citarei
produziu-se, é certo, em uma sessão às escuras, mas o seu resultado não foi
menos satisfatório. Eu estava sentado perto da médium, a Sra. Kate Fox; não
havia outras pessoas presentes, além de minha mulher e uma senhora nossa
parenta, e eu segurava as mãos da médium com uma das minhas, enquanto que seus
pés estavam sobre os meus. Diante de nós, sobre a mesa, havia papel e a minha
mão livre segurava o lápis. Mão luminosa desceu do teto da sala e, depois de
ter pairado perto de mim durante alguns segundos, tomou-me o lápis, escreveu
rapidamente numa folha de papel, abandonou o lápis e, em seguida, elevou-se
acima das nossas cabeças, perdendo-se pouco a pouco na escuridão.
94. O meu segundo exemplo pode ser
considerado um insucesso. Mas um grande revés ensina muitas vezes mais do que a
experiência mais bem sucedida. Essa manifestação se realizou à luz, em minha
própria sala, e somente em presença do Sr. Home e de alguns amigos íntimos.
95. Várias circunstâncias, das quais é
inútil fazer a narração, me tinham mostrado que o poder do Sr. Home era muito
forte essa noite. Exprimi, pois, o desejo de ser testemunha, nesse momento, da
produção de uma comunicação escrita, do modo pelo qual antes eu tinha ouvido
narrar por um dos meus amigos. Imediatamente nos deram a seguinte comunicação
alfabética: “Experimentaremos”.
96. Colocamos algumas folhas de papel
e um lápis no meio da mesa e, então, o lápis ergueu-se apoiando-se sobre a
ponta, avançou para o papel com saltos mal seguros e caiu. Em seguida, tornou a
levantar-se e a cair ainda. Uma terceira vez se esforçou, mas sem obter melhor
resultado.
97. Depois dessas três tentativas
infrutíferas, uma pequena régua, que se achava ao lado sobre a mesa, resvalou
para o lápis e elevou-se a algumas polegadas acima da mesa, o lápis levantou-se
de novo, apoiou-se na régua, e ambos fizeram esforço para escrever no papel.
Depois de terem experimentado três vezes, a régua abandonou o lápis e voltou ao
seu lugar; o lápis tornou a cair sobre o papel, e uma comunicação alfabética
nos disse: “Experimentamos satisfazer o vosso pedido, porém está acima do nosso
poder”.
98. Formas e figuras de fantasmas – Esses fenômenos são os mais raros
de todos os de que fui testemunha. As condições necessárias à sua aparição
dir-se-iam tão delicadas, e é preciso tão pouca coisa para contrariar a
manifestação, que só tive raríssimas ocasiões de os ver em condições
satisfatórias. Mencionarei dois desses casos.
99. Ao cair do dia, durante uma sessão
do Sr. Home em minha casa, vi agitarem-se as cortinas de uma janela que estava
cerca de oito pés de distância do Sr. Home. Uma forma sombria, obscura, meio
transparente, semelhante a uma forma humana, foi vista por todos os
assistentes, em pé, perto da janela da sacada, e essa forma agitava a cortina
com a mão. Enquanto a olhávamos, desapareceu e as cortinas deixaram de se
mover.
100. O caso que se segue é ainda mais
surpreendente. Como no caso anterior, o Sr. Home era o médium. Uma forma de
fantasma avançou de um canto da sala, foi tomar uma harmônica e em seguida
deslizou ligeira pela sala, tocando esse instrumento. Essa forma foi visível,
durante vários minutos, por todas as pessoas presentes, ao mesmo tempo em que se
via também o Sr. Home. O fantasma aproximou-se de uma senhora que estava
sentada a certa distância dos demais assistentes e, a um pequeno grito dessa
senhora, desapareceu.
101. Casos particulares parecendo indicar a ação de uma inteligência
exterior – Ficou já provado que esses fenômenos são governados por uma
inteligência. É muito importante conhecer a fonte dessa inteligência. É do
médium, de uma das pessoas presentes que estão no aposento, ou antes essa
inteligência estará fora deles?
102. Sem querer, presentemente,
pronunciar-me de modo positivo sobre esses pontos, posso dizer que, ao
verificar que em muitos casos a vontade e a inteligência do médium parecem ter
muita ação sobre os fenômenos, observei também vários casos que parecem
mostrar, de maneira concludente, a ação de uma inteligência exterior e estranha
a todas as pessoas presentes.
103. Desejo que se compreenda bem o
sentido das minhas palavras: não quero dizer que a vontade e a inteligência do
médium se empreguem ativamente de uma maneira consciente ou desleal à produção
dos fenômenos, mas que acontece algumas vezes que as suas faculdades parecem
agir de maneira inconsciente. O espaço não me permite dar aqui todos os
argumentos que se podem apresentar para provar essas asserções, mas entre grande
número de fatos mencionarei resumidamente um ou dois.
104. Em minha presença vários
fenômenos se produziram ao mesmo tempo, sendo que a médium não conhecia todos
os que ali estavam. Cheguei a ver a Sra. Kate Fox escrever automaticamente uma
comunicação para um dos assistentes, enquanto uma outra comunicação sobre outro
assunto lhe era dada para uma outra pessoa por meio do alfabeto e por
“pancadas”. E durante todo esse tempo a médium conversava com uma terceira
pessoa, sem o menor embaraço, sobre assunto completamente diferente dos outros
dois.
Respostas às
questões preliminares
A. Esta obra apresenta algum caso relacionado com a chamada
escrita direta?
Sim. Num dos casos a médium foi a Sra.
Kate Fox. William Crookes estava sentado perto da médium e não havia outras
pessoas presentes, além de sua mulher e uma senhora sua parenta. Crookes
segurava as mãos da médium com uma das suas mãos, enquanto que os pés dela
estavam sobre os seus. Diante de todos, sobre a mesa, havia papel e ele
segurava com a mão livre o lápis. Mão luminosa desceu do teto da sala e, depois
de ter pairado perto dele durante alguns segundos, tomou-lhe o lápis, escreveu
rapidamente numa folha de papel, abandonou o lápis e, em seguida, elevou-se
acima de suas cabeças, perdendo-se pouco a pouco na escuridão. (Fatos Espíritas – Escrita direta.)
B. Crookes tinha plena convicção de que os fenômenos
indicavam a ação de uma inteligência exterior?
Segundo ele, estava perfeitamente
provado que os fenômenos eram governados por uma inteligência, mas era ainda
necessário conhecer a fonte dessa inteligência. Seria do médium, de uma das
pessoas presentes, ou essa inteligência estaria fora deles? Cauteloso, ele não
desejava, por enquanto, pronunciar-se de modo positivo sobre esse ponto;
contudo, afirmou ter observado vários casos que pareciam mostrar, de maneira
concludente, a ação de uma inteligência exterior e estranha a todas as pessoas
presentes. (Obra citada – Casos particulares parecendo indicar a ação de uma
inteligência exterior.)
C. Ele mencionou algum desses fatos em que a ação de uma
inteligência exterior parece evidente?
Sim. Ele diz que certa vez, estando
presentes pessoas que Kate Fox não conhecia, ele viu a médium escrever
automaticamente uma comunicação para um dos assistentes, enquanto uma outra
comunicação sobre outro assunto lhe era dada para uma outra pessoa por meio do
alfabeto e por “pancadas”. E durante todo esse tempo a médium conversava com
uma terceira pessoa, sem o menor embaraço, sobre assunto completamente
diferente dos outros dois. (Obra citada – Casos particulares parecendo indicar
a ação de uma inteligência exterior.)
Observação:
Para acessar a Parte 4 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/06/fatos-espiritas-william-crookes-parte-4.html
Como consultar as matérias deste
blog? Se você não conhece a estrutura deste blog, clique neste link: https://goo.gl/h85Vsc, e verá como utilizá-lo e os vários recursos que ele
nos propicia. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário