Painéis da Obsessão
Manoel Philomeno de Miranda
Parte 1
Iniciamos hoje neste espaço o estudo – sob a forma dialogada – do livro Painéis da Obsessão, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco. Este estudo será publicado neste blog sempre às segundas-feiras.
Caso o leitor queira ter em mãos o texto condensado da obra em
foco, para complementar o estudo ora iniciado, basta clicar em http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/estudosespiritas/principal.html#MANOEL
e, em seguida, no verbete "Painéis
da Obsessão”.
Eis as questões de hoje:
1. Podemos dizer que só existem obsidiados porque há dívidas
a pagar?
Geralmente, sim.
Pelo menos é o que afirma o autor da obra que ora estudamos. Segundo ele, é na
culpa que se origina o fator causal para a injunção obsessiva. A culpa,
consciente ou inconscientemente instalada na casa mental, emite ondas que
sintonizam com inteligências doentias, habilitando-se a intercâmbios mórbidos.
A obsessão resulta de um conúbio por afinidade de ambos os parceiros. O reflexo
de uma ação gera reflexo equivalente. Toda vez que uma atitude agride, recebe
uma resposta de violência, tanto quanto, se o endividado se apresenta forrado
de sadias intenções para o ressarcimento do débito, encontra benevolência e compreensão
para recuperar-se. (Painéis da obsessão, pp. 8 e 9.)
2. Por que o materialismo – ou o comportamento materialista –
é tão nocivo ao homem da atualidade?
Compreender esse
fato é muito simples. O materialismo, na atual conjuntura moral e social do planeta,
tem respondido por alta carga de compromissos infelizes porque, ao negar os
valores éticos da vida, incita o indivíduo ao imediatismo do prazer a qualquer
preço e tira do Espírito os estímulos da coragem nobre, facultando assim o
desbordar das paixões violentas, que irrompem alucinadas em caudais de revolta
e desajuste. Preconizando da vida somente a utilização da matéria, estabelece a
guerra pela conquista do gozo, de que o egoísmo se faz elemento essencial.
Faltando ao homem os recursos para os cometimentos que persegue, tal ordem de
ideias pode arrojá-lo ao crime, em razão de assentar seus valores no jogo das
coisas a serem conquistadas, aumentando as frestas das competições insanas, em
que a astúcia e a deslealdade assumem preponderância em forma de comportamento
do ser. Obviamente, há pessoas que militam nas hostes do materialismo e mantêm
uma filosofia existencial digna e uma estrutura ética respeitável; mas a
doutrina, em si mesma, anulando as esperanças de sobrevivência, abrevia as
metas da vida e retira as resistências morais diante do sofrimento e das
incertezas, dos acontecimentos desastrosos e das insatisfações de variada
gênese. (Obra citada, pp. 9 a 11.)
3. Que é necessário para que possamos conduzir a mente com
equilíbrio?
A reflexão e o exame
da sobrevivência do Espírito, o posicionamento numa ética cristã e o estudo da
ciência e da filosofia espírita constituem seguras diretrizes para tal
cometimento. Conflitos que trazemos do passado ou das experiências de hoje
fazem parte da área de crescimento pessoal de cada Espírito, devendo ser
liberados através da ação positiva, diluídos no bem, sublimados pelas
atividades do idealismo superior, antes que constituam impedimentos ao avanço,
freio no processo de crescimento, amarra constritora ou campo para a fixação de
ideias obsessivas. Nesse desiderato, é ao próprio indivíduo que compete a parte
mais importante e decisiva, que é, de início, a mudança de atitude mental
perante a vida e, logo, o esforço por melhorar-se moralmente. (Obra citada, pp.
11 e 12.)
4. O que esta obra procura demonstrar?
Esta obra demonstra
como ao lado do desequilíbrio emocional, causado pelos perturbadores do
além-túmulo, a tuberculose mais facilmente se manifesta em razão do bombardeio
sofrido pelos macrófagos(1), degenerados pela contínua ação mental
leviana do próprio paciente e pela intoxicação por sucessivas ondas mentais
desagregadoras do seu perseguidor, fatores que favorecem a instalação e a
virulência do bacilo de Koch(2). (Obra citada, pp. 13 a 16.)
5. A crença racional e o conhecimento ajudam realmente as
pessoas?
Sim, quando o
indivíduo se resolve honestamente a vivê-los. Mas não representam recurso de imunização
se aquele que conhece não aplica, na vivência, as informações que possui. (Obra citada, pp. 13 a 16.)
6. É verdade que uma psicosfera de sombra dominava o ambiente
no Sanatório onde Argos, o personagem central deste livro, estava internado?
Sim. Reduto de
reparações espirituais e de aprimoramento moral, nem sempre vitoriosos, o
Sanatório reunia antigos estroinas e delinquentes portadores de vários delitos,
sob a inexorável presença da dor, moldando-os para futuros cometimentos; mas as
blasfêmias, os ódios, as revoltas, as perseguições e as animosidades criavam
ali uma psicosfera de sombra e desdita que, se não fosse a presença de
abnegados Benfeitores Espirituais vigilantes, transformaria em caos e cenário
de justas lamentáveis o abençoado reduto hospitalar. Além disso, misturados aos
enfermos aturdidos, pululavam chusmas de sofredores desencarnados em desalinho
emocional, de perseguidores inclementes e de Espíritos recém-desligados do
corpo que ignoravam o próprio estado, ou seja, que já se encontravam desencarnados. (Obra citada, cap. 1, pp. 19 a 21.)
7. Quanto ao personagem de nome Argos, qual o diagnóstico
feito pelo médico?
Segundo o médico,
num dos pulmões de Argos, os alvéolos, encarregados da transformação do sangue
venoso em arterial, graças à presença do oxigênio, encontravam-se gravemente
comprometidos, infestados pelos bastonetes de Koch, que os dilaceraram,
produzindo as contínuas hemoptises(3). A técnica do pneumotórax, que
objetivava impedir as contínuas hemorragias, não resultara positiva, em razão
do avançado estado de desgaste do órgão. Somente a ablação total da câmara
pulmonar poderia ensejar um prolongamento da vida física, agravado o problema
em razão da bilateralidade da infecção danosa. (Obra citada, cap. 2, pp. 24 e
25.)
8. A tuberculose de Argos fora programada antes do seu
nascimento?
Sim. O organograma
do corpo de Argos apontava claramente a presença da tuberculose pulmonar,
programada antes do berço, em razão dos compromissos negativos adquiridos por
Argos em reencarnação relativamente próxima, na Boêmia, quando traiçoeiramente
cravara um florete na região pulmonar de um desafeto. O crime ficara impune e
ignorado, exceto da sua mente e da consciência da vítima, que, nos estertores
de sua agonia, entre golfadas sanguíneas e asfixia cruel, jurara vingança. (Obra
citada, cap. 3, pp. 28 a 30.)
Notas:
(1) Macrófago: Célula que deriva do monócito
do sangue e tem o poder de destruir corpos estranhos por meio da fagocitose,
que é o processo pelo qual partículas estranhas ao organismo, como bactérias,
partes de tecido necrosado etc., são ingeridas e destruídas por fagócitos, células
capazes de englobar e digerir micro-organismos causadores de doenças, outras
células ou partículas estranhas. Monócito designa o leucócito granulócito, de
forma esférica, núcleo oval ou reniforme, que se forma na medula óssea e dá
origem a células fagocitárias presentes no sangue e a macrófagos que aparecem
no tecido conjuntivo ou em alguns órgãos.
(2) Bacilo de Koch: Espécie de bactéria patogênica do gênero Mycobacterium que é o agente causador da maioria dos casos de tuberculose. Foi descoberta pela primeira vez em 1882 por Robert Koch. Bacilo diz-se também da bactéria em forma de bastonete.
(3) Hemoptise: Expectoração de sangue
originário do aparelho respiratório que pode ter diversas causas, especialmente
a tuberculose.
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