A desencarnação e suas nuanças
ASTOLFO
O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@gmail.com
De
Londrina-PR
Morte
física e desencarnação são fatos distintos que não ocorrem simultaneamente. Uma
pessoa morre quando o coração deixa definitivamente de funcionar, admitindo-se há
alguns anos em diversos países como válido o óbito se registrada a morte
encefálica, ainda que o coração continue batendo.
Desencarnação
é outra coisa. A alma desencarna quando se completa o desligamento, o que pode
demandar algumas horas ou alguns dias.
Ensina
o Espiritismo que, de um modo geral, a alma continua ligada ao corpo enquanto
são nela muito fortes as impressões da existência corpórea.
Indivíduos
materialistas ficam retidos por mais tempo, até que a impregnação fluídica
animalizada de que se revestem seja reduzida a níveis compatíveis com o
desligamento. A demora nesse desprendimento é, às vezes, necessária para que o
desencarnante tenha menores dificuldades para ajustar-se à realidade
espiritual.
Ernesto
Bozzano, no livro A Crise da Morte,
depois de examinar 18 casos documentados sobre as fases inerentes ao transe da
morte, enumerou em 12 pontos suas conclusões. Dentre estas, destacamos as
seguintes:
· Todos
os que desencarnam afirmam que, durante algum tempo, ignoraram o que, de fato,
lhes havia ocorrido.
· Quase
todos informam haver passado, após a morte, por uma espécie de “sono
reparador”.
· Os
que desencarnam gravitam, automática e fatalmente, para a esfera espiritual que
lhes diz respeito, em obediência à “lei de afinidade”.
Léon
Denis, no livro Depois da Morte, diz
que a separação que se dá entre a alma e o corpo é seguida por um período de
perturbação, período que é breve para as almas justas e boas, que logo se
separam, mas longo, e às vezes muito longo, para as almas culpadas, impregnadas
de fluidos grosseiros.
O
assunto foi examinado também por Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, em que podemos ler nas questões 149 a 165
que o estado de perturbação é um fato natural em todas as pessoas e varia de
acordo com o grau de elevação moral do desencarnante.
O
desprendimento da alma – que é o que caracteriza a desencarnação – começa pelas
extremidades do corpo e vai-se completando na medida em que são desligados os
laços fluídicos que prendem a alma ao cadáver.
Há,
segundo informação constante do cap. XIII do livro Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, psicografado por Francisco
Cândido Xavier, três regiões orgânicas fundamentais que demandam um grande
cuidado nos serviços de liberação da alma:
· o
centro vegetativo, ligado ao ventre;
· o
centro emocional, sediado no tórax, e
· o
centro mental, localizado no cérebro.
Nessa
ordem é que a obra citada descreve como se processou o desprendimento de Dimas,
um dos personagens do livro.
A
oração é muito importante nesse processo e deve, por isso, estar presente
sempre nos chamados velórios. Kardec relata a propósito, no livro O Céu e o Inferno, um interessante caso
ocorrido em 1863 com o Espírito de Augusto Michel, que pediu a um médium fosse
até o cemitério orar no seu túmulo.
O
falecido suplicou tanto, que o médium acabou atendendo e, no próprio cemitério,
foi intermediário de uma mensagem do Espírito, agradecido por ficar aliviado da
constrição que antes o fazia preso à matéria.
Comentando
esse caso, Kardec questionou – para a nossa reflexão – se o costume quase geral
de orar ao pé dos defuntos, que é uma prática bem antiga, não proviria da
intuição inconsciente que se tem desse efeito.
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