Zilda Gama, uma educadora, escritora e médium de escol
JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
De Brasília-DF
Salve, leitor amigo!
Uma das médiuns brasileiras mais notáveis
do início do século passado, que, entretanto, quase não é lembrada, é Zilda Gama. É comum
ouvirmos referências a Chico Xavier, Yvonne do Amaral Pereira, Divaldo Franco e
outros médiuns dos nossos tempos. Entretanto, quase ninguém se lembra de falar
sobre Zilda Gama. Então, resolvi dedicar esta crônica a ela.
Nascida em Juiz de Fora, MG, em 11 de
março de 1878, e desencarnada no Rio de Janeiro em 10 de janeiro de 1969,
prestes a completar 91 anos, Zilda Gama foi professora, escritora e pioneira na
defesa dos direitos femininos.
Como era comum, na época, teve dez
irmãos, mas ao que sabemos, somente ela dedicar-se-ia à elevada missão da
mediunidade psicográfica. Órfã de pais, desencarnados com intervalo de cinco
meses, um do outro, aos 24 anos, assumiu a guarda de cinco irmãos menores.
Pouco tempo depois, a irmã mais velha desencarna também, e Zilda assume a
guarda de todos os seus cinco filhos.
Ainda assim, graduou-se em pedagogia e,
em 1929, foi aprovada em concurso estadual realizado pela Secretaria de
Educação sobre o tema "Aulas modelo" e, em seguida, foi nomeada
diretora de escola pública de Minas Gerais.
De tal modo destacou-se no magistério,
às artes e ao jornalismo que, após se transferir para o Rio de Janeiro, foi
articulista de periódicos como a Gazeta de Notícias, o Jornal do
Brasil e a Revista da Semana. Foi poeta e contista. Atuou em
congresso feminino, em 1931, a favor do direito da mulher ao voto, que acabou
sendo aprovado pelo Congresso Nacional.
Tornou-se espírita aos 34 anos, quando,
em 1912, psicografou uma mensagem ditada pelo Espírito Allan Kardec. Este,
segundo ela, nos quinze anos seguintes, foi seu mentor espiritual. As mensagens
de Kardec psicografadas por Zilda Gama compõem a obra editada pela Federação
Espírita Brasileira (FEB), titulada Diário dos Invisíveis.
Em 1916, Zilda psicografou a primeira
novela chamada Na Sombra e na Luz, ditada pelo Espírito Victor Hugo,
romancista, poeta, dramaturgo francês, autor de Os Miseráveis, O
Corcunda de Notre-Dame etc. Nos anos seguintes, Zilda recebe de Hugo outras
novelas, editadas pela FEB: Do Calvário ao Infinito; Redenção; Dor
Suprema; Almas Crucificadas. Obras belíssimas, que retratam fatos
reais.
Como demonstração da grandeza desse
Espírito, eis o que, em síntese, ela diz quando, em 1917, oferece à FEB, para
publicação, todas as obras que psicografara. Isto está sob o título In
Limine da novela Na sombra e na luz: "Não tem outro mérito, senão o da
lealdade, este conciso e despretensioso preâmbulo à novela epigrafada
[...]". Em seguida, relata que, desde muito nova, sempre gostara de
escrever poemas e contos, que publicava em jornais e revistas. Entretanto, em
1912, quando lia a obra de Léon Denis, intitulada O Problema do Ser, do
Destino e da Dor, sentiu-se tomada por "um ser invisível", que
logo depois soube ser seu pai desencarnado em 1903, e outro Espírito, que fora
sua irmã desencarnada antes do pai, aos 21 anos. Ambos se ofereceram para
orientá-la, durante alguns dias, e a fizeram adotar "deliberações"
ainda não pensadas, que a auxiliaram muito em momento difícil pelo qual
passava.
Na noite daquele mesmo dia, também
passou a receber mensagens do Espírito Mercedes, um dos seus "desvelados
guias espirituais". Esse Espírito avisou-a de que, a partir de então,
passaria a receber comunicações "não só de Espíritos familiares",
como também doutros renomados Espíritos. Surgiram então obras que compuseram
seis livros, ditados por Allan Kardec, Victor Hugo e D. Pedro de Alcântara,
além de "outros Espíritos tutelares". Todos grafados
"celeremente, sem nenhuma corrigenda", que ela cita em seguida.
O relato é longo, portanto não cabe
numa crônica, mas sugiro aos que me concedem a benevolência de ler, até aqui,
que adquiriram a primeira de suas obras, ditada pelo Espírito Victor Hugo, onde
lerão a belíssima, humilde e honesta declaração de Zilda Gama sobre como se deu
sua conversão ao Espiritismo e a recepção mediúnica, a meu ver pela psicografia
mecânica, de todas as suas obras espíritas, em especial das incríveis novelas
ditadas pelo grande poeta e romancista universal, em espírito, o francês Victor
Hugo. Eis o que diz o Portal Luz Espírita:
Conforme o testemunho do médium Divaldo
Pereira Franco, a aproximação do Espírito Victor Hugo a Zilda Gama não foi um
fato fortuito: ela, na precedente reencarnação, havia sido Léopoldine, filha
daquele memorável espírita francês, cuja morte foi uma tragédia: aos dezenove
anos, em plena lua de mel, caiu no Rio Sena e ali naufragou; seu esposo
igualmente teve o mesmo fim, na tentativa de salvá-la. A tragédia, porém, foi
providencial para que ele [Hugo] descobrisse a seriedade do Espiritismo; foram
as manifestações de Léopoldine, nas célebres sessões mediúnicas, na ilha de
Jersey, que o conquistaram para as realidades espirituais.
Sugestões de leitura:
Enciclopédia Espírita Online.
Disponível em: https://www. luzespirita.org.br
/index.php?lisPage=enciclopedia&item=Zilda%20Gama. Acesso em 06 de setembro
de 2021.
HUGO, Victor (Espírito). Na Sombra e
na Luz. Psicografia de Zilda Gama. Rio de Janeiro: Federação Espírita
Brasileira, 2007, (coleção Victor Hugo).
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