Fatos Espíritas
William Crookes
Parte 14
Damos prosseguimento nesta edição ao estudo metódico e sequencial do clássico Fatos Espíritas, de William Crookes, obra publicada em 1874, cujo título no original inglês é Researches in the phenomena of the spiritualism.
Nosso propósito é que este estudo
sirva para o leitor como uma forma de iniciação ao estudo dos chamados
Clássicos do Espiritismo.
Cada parte do estudo compõe-se de:
a) questões preliminares;
b) texto para leitura.
As respostas às questões propostas
encontram-se no final do texto abaixo.
Questões preliminares
A. Dentre os fenômenos mencionados no Relatório da comissão
de sábios, houve algum que podemos considerar inusitado, incomum?
B. Qual dos fenômenos os sábios consideraram dos mais
importantes e significativos?
C. Houve durante as experiências casos de contato entre a
aparição e os sábios presentes?
Texto para
leitura
246. Transporte de diferentes objetos enquanto as mãos e os pés da médium
estavam amarrados aos dos seus vizinhos – Para terem certeza de que não
eram vítimas de uma ilusão, ligaram-se as mãos da médium às dos seus dois
vizinhos, por meio de cordel de três milímetros de diâmetro, de maneira que os
movimentos das quatro mãos se verificassem reciprocamente. A ligação foi feita
da maneira seguinte: ao redor de cada punho da médium deram-se três voltas bem
justas com o cordel, apertadas a ponto de doer, e em seguida deu-se duas vezes
um nó simples.
247. Isso feito, foi colocada uma
campainha sobre uma cadeira, à direita da médium. Estabeleceu-se a cadeia e as
mãos e os pés da médium foram, além disso, seguros como de costume.
248. Fez-se escuridão e os sábios
exprimiram o desejo de que a campainha tocasse sem demora. Imediatamente eles
ouviram a cadeira virar, descrever uma curva no soalho, aproximar-se da mesa e
logo se colocar sobre ela. A campainha tocou; depois foi atirada sobre a mesa.
249. Tendo-se feito bruscamente luz,
verificou-se que os nós estavam perfeitos. É claro que o transporte da cadeira
não foi produzido pelas mãos da médium, durante essa experiência, que durou, no
máximo, 10 minutos.
250. Impressão de dedos obtidos num papel enfumaçado – Para terem
certeza de que realmente estava em jogo uma mão humana, os pesquisadores
fixaram na mesa, do lado oposto ao da médium, uma folha de papel enegrecida com
fumaça, exprimindo o desejo de que a mão materializada deixasse nele uma
impressão, que a mão da médium ficasse limpa e que o preto da fumaça fosse
transportado para uma das mãos dos pesquisadores presentes. As mãos da médium
estavam seguras pelas dos Srs. Schiaparelli e Du Prel.
251. Feita a cadeia e a escuridão,
ouviram logo uma mão estranha bater fracamente na mesa e, na mesma ocasião, o
Sr. Du Prel anunciar que a sua mão esquerda, que segurava a direita do Sr.
Fínzi, sentia dedos que a esfregavam.
252. Feita a luz, acharam no papel
várias impressões de dedos e as costas da mão do Sr. Du Prel enegrecidas,
enquanto que as mãos da médium estavam perfeitamente limpas. Essa experiência
foi repetida três vezes, insistindo-se para se ter uma impressão completa; numa
segunda folha obtiveram-se cinco dedos e numa terceira a impressão de uma mão
esquerda quase inteira. Depois disso, as costas da mão do Sr. Du Prel estavam completamente
enegrecidas, permanecendo as mãos da médium perfeitamente limpas.
253. Aparição de mãos sobre um fundo ligeiramente iluminado – Colocaram
os sábios sobre a mesa um cartão embebido de substância fosforescente
(sulfureto de cálcio) e outros sobre cadeiras, em diferentes pontos da sala.
254. Nessas condições, todos viram
muito bem um perfil de mão que descansava sobre o cartão da mesa e sobre o
fundo formado pelos outros cartões; e viram a sombra da mão passar e perpassar
ao redor dos pesquisadores.
255. Na noite de 21 de setembro, um
deles viu várias vezes, não uma, porém duas mãos ao mesmo tempo projetar-se
sobre a fraca luz de uma janela fechada somente com caixilhos (lá fora era
noite, mas a escuridão não era absoluta). As mãos agitavam-se com rapidez, não
tanto, todavia, que não pudessem distinguir nitidamente o perfil. Eram
completamente opacas e projetavam-se sobre a janela, em sombras absolutamente
negras. Não foi possível ajuizar-se sobre os braços, aos quais estavam ligadas,
porque somente pequena parte desses braços, junta ao punho, se interpunha à
fraca claridade da janela, no lugar em que era possível observá-la.
256. Esses fenômenos de aparição
simultânea de duas mãos são muito significativos, porque não podem ser
explicados pela hipótese de fraude da médium, que não teria conseguido, de
nenhum modo, tornar livre senão uma das suas, graças à vigilância dos seus
vizinhos. A mesma conclusão se aplica ao bater de duas mãos, uma contra outra,
o que foi ouvido várias vezes no ar, durante o curso das experiências.
257. Elevação da médium sobre a mesa – Os sábios colocaram entre os
fatos mais importantes e mais significativos essa elevação, que foi efetuada
duas vezes, em 23 de setembro e 3 de outubro. A médium, que estava sentada à
cabeceira da mesa, soltando fortes gemidos, foi levantada com a cadeira e
colocada com ela sobre a mesa, sentada na mesma posição, tendo sempre as mãos
seguras e acompanhadas pelos seus vizinhos.
258. Na noite de 28 de setembro, a
mesma médium, enquanto suas mãos estavam seguras pelos Srs. Richet e Lombroso,
queixava-se de mãos que a seguravam por baixo dos braços. Depois, em transe,
disse com voz mudada, muito comum nesse estado: “Agora vou levar a médium para
cima da mesa”. Ao cabo de 2 ou 3 segundos, a cadeira, com a médium que nela se achava
sentada, foi levantada sem precaução e colocada em cima da mesa, enquanto os
Srs. Richet e Lombroso asseveravam não terem ajudado em nada essa ascensão.
259. Depois de ter falado, sempre em
estado de transe, a médium anunciou a sua descida. Nessa ocasião, o Sr. Fínzi
substituía o Sr. Lombroso. A médium foi depositada no chão com inteira
segurança e precisão, e os Srs. Richet e Fínzi acompanhavam, sem a ajudar em
nada, os movimentos das mãos e do corpo e interrogavam-se a cada instante sobre
a posição das mãos. Além disso, durante a descida, ambos sentiram, por vezes
repetidas, mão estranha tocá-los levemente na cabeça. Na noite de 3 de outubro,
o mesmo fenômeno se repetiu, em circunstâncias bastante semelhantes, estando os
Srs. Du Prel e Fínzi colocados ao lado da médium.
260. Contatos – Alguns merecem notados, particularmente, por causa de
uma circunstância capaz de fornecer alguma noção interessante sobre sua
possível origem; e, antes de tudo, é preciso notar os contatos que foram
sentidos pelas pessoas colocadas fora do alcance das mãos da médium.
261. No dia 6 de outubro, o Sr.
Gerosa, que se achava à distância de cerca de um metro da médium, tendo elevado
a mão para que ela fosse tocada, sentiu várias vezes uma outra que batia na sua
para baixá-la e, como ele persistia, foi tocado com uma trombeta, que pouco
antes tinha produzido sons no ar.
262. Além disso, é preciso notar que
os contatos constituem operações delicadas, que não podem ser executadas na
escuridão com a precisão que os sábios notaram. Duas vezes (16 e 21 de
setembro), os óculos do Sr. Schiaparelli foram tirados e colocados sobre a
mesa, diante de outra pessoa. Esses óculos estavam fixados às orelhas por meio
de duas molas e seria preciso certa atenção para os tirar, mesmo para quem
opera em plena claridade. Foram, no entanto, tirados na escuridão completa, com
tanta delicadeza e prontidão, que o ilustre sábio só percebeu quando não mais
sentiu o contato habitual deles sobre o nariz e as orelhas e foi necessário
apalpar-se para ter certeza da realidade do fato.
263. Efeitos análogos resultaram de
muitos outros contatos, executados com excessiva delicadeza, por exemplo,
quando um dos assistentes sentiu acariciarem-lhe os cabelos e a barba. Em todas
as inumeráveis manobras executadas por mãos misteriosas, jamais houve uma
negligência ou um choque, o que é ordinariamente inevitável com quem opera na
escuridão.
264. Contatos com uma figura humana – Tendo um dos pesquisadores
manifestado o desejo de ser beijado, sentiu diante da própria boca o estalido
rápido de um beijo, mas não acompanhado de contato de lábios: isso se produziu
duas vezes (21 de setembro e 1° de outubro). Em três ocasiões diferentes
aconteceu a um dos assistentes pôr a mão em uma figura humana que tinha cabelos
e barba. O contato da pele era absolutamente o do rosto de um homem vivo, os
cabelos eram muito mais ásperos e arrepiados do que os da médium e a barba, ao
contrário, parecia muito fina.
265. Experiências de Zöllner sobre a penetração de um sólido através de outro
sólido – Os pesquisadores ensaiaram sucessivamente três das experiências de
Zöllner, a saber:
1°. O entrecruzamento de dois anéis
sólidos (de madeira ou papelão), antes separados;
2°. A formação de um nó simples numa
corda sem fim;
3°. A penetração de um objeto sólido
numa caixa fechada, estando a chave guardada.
266. Nenhuma dessas tentativas foi,
porém, bem sucedida, dando-se o mesmo com outra experiência que teria sido não
menos convincente – a do molde da mão misteriosa na parafina derretida.
Respostas às
questões preliminares
A. Dentre os fenômenos mencionados no Relatório da comissão
de sábios, houve algum que podemos considerar inusitado, incomum?
Sim. Para terem certeza de que
realmente estava em jogo uma mão humana, os pesquisadores fixaram na mesa, do
lado oposto ao da médium, uma folha de papel enegrecida com fumaça, exprimindo
o desejo de que a mão materializada deixasse nele uma impressão, que a mão da
médium ficasse limpa e que o preto da fumaça fosse transportado para uma das
mãos dos sábios presentes. Feita a experiência e acesa a luz, acharam no papel
várias impressões de dedos e as costas da mão do Sr. Du Prel enegrecidas,
enquanto que as mãos da médium estavam perfeitamente limpas. A experiência foi
repetida três vezes, com idêntico resultado. (Fatos Espíritas - Relatório da comissão dos sábios - Impressão de
dedos obtidos num papel enfumaçado.)
B. Qual dos fenômenos os sábios consideraram dos mais
importantes e significativos?
Foi o fenômeno pelo qual ocorreu a
elevação da médium sobre a mesa. A experiência foi efetuada duas vezes. A médium,
que estava sentada à cabeceira da mesa, foi levantada com a cadeira e colocada
com ela sobre a mesa, sentada na mesma posição, tendo sempre as mãos seguras e
acompanhadas pelos seus vizinhos. (Obra citada - Relatório da comissão dos
sábios – Elevação da médium sobre a mesa.)
C. Houve durante as experiências casos de contato entre a
aparição e os sábios presentes?
Sim, e tais contatos foram sentidos
pelas pessoas colocadas fora do alcance das mãos da médium. Em duas ocasiões
distintas, os óculos do Sr. Schiaparelli foram tirados e colocados sobre a
mesa, diante de outra pessoa. Esses óculos estavam fixados às orelhas por meio
de duas molas e seria preciso certa atenção para os tirar, mesmo para quem
opera em plena claridade. Foram, no entanto, tirados na escuridão completa, com
tanta delicadeza e prontidão, que o ilustre sábio só percebeu quando não mais
sentiu o contato habitual deles sobre o nariz e as orelhas e foi necessário
apalpar-se para ter certeza da realidade do fato. (Obra citada - Relatório da
comissão dos sábios – Contatos.)
Observação:
Para acessar a Parte 13 deste
estudo, publicada na semana passada, clique aqui: https://espiritismo-seculoxxi.blogspot.com/2021/08/fatos-espiritas-william-crookes-parte.html
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