A Gênese
Allan Kardec
Parte 7
Continuamos o estudo metódico do livro “A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, com base na 36ª edição publicada pela Federação Espírita Brasileira, conforme tradução feita por Guillon Ribeiro.
Este estudo é publicado sempre às
quintas-feiras.
Eis as questões de hoje:
49. De que natureza é o
fluido etéreo que preenche o espaço?
Esse fluido é o éter ou matéria cósmica primitiva, geradora do mundo e
dos seres. São-lhe inerentes as forças que presidiram às metamorfoses da
matéria, as leis imutáveis e necessárias que regem o mundo. Essas múltiplas
forças, indefinidamente variadas segundo as combinações da matéria, são
conhecidas na Terra sob os nomes de gravidade, coesão, afinidade, atração,
magnetismo, eletricidade ativa. Os movimentos vibratórios do agente são
conhecidos sob os nomes de som, calor, luz etc. Em outros mundos, elas se
apresentam sob outros aspectos, revelam outros caracteres desconhecidos na
Terra e, na imensa amplidão dos céus, forças em número indefinito se têm
desenvolvido numa escala inimaginável, cuja grandeza tão incapazes somos de
avaliar. (A Gênese, cap. VI, itens 10
e 11.)
50. Que devemos entender
por Via Láctea?
Via Láctea é o nome que se dá à nebulosa que forma longa mancha branca no
escuro do céu. Esse nome lhe foi dado por motivo de sua aparência leitosa. As
pesquisas dos observadores conduziram ao conhecimento de sua natureza e
revelaram que ali, onde o olhar errante apenas percebia uma fraca luminosidade,
há milhões de sóis mais luminosos e mais importantes do que o que nos clareia a
Terra. O nosso Sol e todos os corpos que o acompanham fazem parte desse
conjunto de globos radiosos que formam a Via Láctea, que, de acordo com os
conhecimentos atuais, sabe-se que é uma das inumeráveis galáxias que compõem o
Universo. É nela que se encontra o Sistema Solar e, consequentemente, o planeta
Terra. Ela recebeu esse nome (Via Láctea ou estrada do leite) em virtude do seu
aspecto esbranquiçado, de aparência leitosa, que pode ser visto em noites de
inverno em locais sem nuvens ou poluição. (Obra citada, cap. VI, itens 32 a
35.)
51. Deus tem criado
sempre? O que os Espíritos informam acerca de sua criação?
Existindo, por sua natureza, desde toda a eternidade, Deus criou desde
toda a eternidade e não poderia ser de outro modo. Acerca do modo da criação dos
Espíritos, o que se pode dizer é que o Espírito não chega a receber a
iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a
consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série
divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a
obra de sua individualização. Unicamente a datar do dia em que o Senhor lhe imprime
na fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lugar no seio das humanidades. (Obra
citada, cap. VI, itens 14, 15 e 19.)
52. De que são formados
os planetas?
A matéria cósmica se condensou sob a forma de imensa nebulosa, animada
esta das leis universais que regem a matéria. Em virtude dessas leis,
notadamente da força molecular de atração, tomou ela a forma de um esferoide, a
única que pode assumir uma massa de matéria insulada no espaço. O movimento
circular produzido pela gravitação, rigorosamente igual, de todas as zonas
moleculares em direção ao centro, logo modificou a esfera primitiva, a fim de a
conduzir, de movimento em movimento, à forma lenticular. Novas forças surgiram
em consequência desse movimento de rotação: a força centrípeta e a força
centrífuga, a primeira tendendo a reunir todas as partes no centro, tendendo a
segunda a afastá-las dele. Ora, acelerando-se o movimento, à medida que a
nebulosa se condensa, e aumentando o seu raio, à medida que ela se aproxima da
forma lenticular, a força centrífuga, incessantemente desenvolvida por essas
duas causas, predominou de pronto sobre a atração central.
Assim como um movimento demasiado rápido da funda lhe quebra a corda,
indo o projétil cair longe, também a predominância da força centrífuga destacou
o círculo equatorial da nebulosa e desse anel uma nova massa se formou, isolada
da primeira, mas, todavia, submetida ao seu império. Aquela massa conservou o
mesmo movimento que, modificado, se lhe tornou movimento de translação em torno
do astro solar, e seu novo estado lhe dá um movimento de rotação em torno do
próprio centro. Ela deu, pois, nascimento a centenas de astros destacados do
foco central, saídos dela pelo modo de formação mencionado acima.
Os planetas são, assim, formados de massas de matéria condensada, porém
ainda não solidificada, destacadas da massa central pela ação de força
centrífuga e que tomam, em virtude das leis do movimento, a forma esferoidal,
mais ou menos elíptica, conforme o grau de fluidez que conservaram. Um desses
planetas é a Terra que, antes de se resfriar e se revestir de uma crosta
sólida, deu nascimento à Lua, pelo mesmo processo de formação astral a que ela
própria deve sua existência. (Obra citada, cap. VI, itens 20 a 23.)
53. As leis que regulam
a formação dos astros presidem também à sua destruição?
Sim. São as mesmas as leis que presidem à formação e à destruição dos
astros, visto que a morte não é apenas uma metamorfose do ser vivo, mas também
uma transformação da matéria inanimada. Se é exato dizer, em sentido literal,
que a vida só é acessível à foice da morte, não menos exato é dizer que para a
substância é de toda necessidade sofrer as transformações inerentes à sua
constituição. (Obra citada, capítulo VI, item 49.)
54. Como surgiu a Lua?
Antes que as massas planetárias houvessem atingido um grau de
resfriamento bastante a lhes operar a solidificação, massas menores,
verdadeiros glóbulos líquidos, se desprenderam de algumas no plano equatorial,
plano em que é maior a força centrífuga, e, por efeito das mesmas leis,
adquiriram um movimento de translação em torno do planeta que as gerou, como
sucedeu a estes com relação ao astro central que lhes deu origem. Foi assim que
a Terra deu nascimento à Lua, cuja massa, menos considerável, teve que sofrer
um resfriamento mais rápido. Ora, as leis e as forças que presidiram ao fato de
ela se destacar do equador terreno, e seu movimento de translação no mesmo
plano, agiram de tal sorte que esse mundo, em vez de revestir a forma esferoidal,
tomou a de um globo ovoide, isto é, a forma alongada de um ovo, com o centro de
gravidade fixado na parte inferior. (Obra citada, cap. VI, itens 24 e 25.)
55. Que são os cometas?
Astros errantes, os cometas são os guias que nos ajudarão a transpor os
limites do sistema a que pertence a Terra e nos levarão às regiões longínquas
da extensão sideral. Esses corpos celestes são coisa muito diversa dos corpos
planetários; não têm por destinação, como estes, servir de habitação a
humanidades. Vão sucessivamente de sóis em sóis, enriquecendo-se, às vezes,
pelo caminho, de fragmentos planetários reduzidos ao estado de vapor, haurir,
nos focos solares, os princípios vivificantes e renovadores que derramam sobre
os mundos terrestres. (Obra citada, cap. VI, itens 28 a 31.)
56. Que é o Sol?
O Sol é a estrela mais próxima da Terra e é o responsável por manter todo
o Sistema Solar em sua interação gravitacional. O Sol não é fixo, nem central,
como se acreditava nos primeiros tempos da nova astronomia, mas avança pelo
espaço, arrastando consigo o seu vasto sistema de planetas, de satélites e de
cometas. Não é fortuita essa marcha e ele não vai, errando pelos vácuos
infinitos, transviar seus filhos e seus súditos, longe das regiões que lhe
estão assinadas. Sua órbita é determinada e, em concorrência com outros sóis da
mesma ordem e rodeados todos de certo número de terras habitadas, ele gravita
em torno de um sol central. Seu movimento de gravitação, como o dos sóis seus
irmãos, é inapreciável a observações anuais, porque somente grande número de
períodos seculares poderia marcar um desses anos astrais. (Obra citada, cap.
VI, itens 41 a 44.)
Observação: Para acessar
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