domingo, 12 de setembro de 2021

 



O que nos virá depois da morte?

 

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO

aoofilho@gmail.com

De Londrina-PR

 

Por que tememos tanto a morte?

Claro que variados são os motivos, mas o principal deles é, sem contestação, o desconhecimento de como se opera essa transição e o que nos aguarda no chamado além-túmulo.

O assunto pode parecer inadequado nos dias que correm, tantos são os problemas e vicissitudes que as criaturas humanas enfrentam neste mundo tão conturbado e confuso.

Há, no entanto, quem reconheça que a morte é, em verdade, um final de um ciclo iniciado com o nascimento e constitui a única certeza que todos temos com relação à nossa própria existência, ou seja, todos morreremos!

Quando? 

Ninguém sabe; pode ser hoje, pode ser daqui a 30 anos.

Que nos virá depois dela?

Lembremos inicialmente que nossa existência corpórea é apenas uma fase, mas não a única, das múltiplas experiências que todos nós deveremos enfrentar no longo caminho que nos levará à perfeição, uma meta que Deus assinalou para todas as suas criaturas.

As pessoas de nosso tempo têm lutado bastante para se darem bem na vida e poderem, dessa forma, desfrutar as benesses que o progresso da civilização engendrou. 

Muitos, é justo reconhecer, sonham com a felicidade, um objetivo compreensível e válido que pode, no entanto, revelar-se um desastre se, para alcançá-la, negligenciarem os chamados valores espirituais indispensáveis à vida, porque inerentes ao Espírito imortal que todos somos.

As comunicações transmitidas pelos Espíritos mostram-nos que a vida pós-morte é uma espécie de continuação da existência corpórea, com a diferença de que nela os valores e as preocupações levam em conta nossa condição de Espírito e nossas verdadeiras necessidades, enquanto que a existência corpórea se apresenta como um lance rápido, efêmero e transitório, como verdadeiramente ela o é. 

De fato, por mais longa que seja nossa estada neste plano, os anos passados numa existência corpórea formam um período de tempo irrisório se comparado com a eternidade que se abre à vida dos Espíritos.

No além-túmulo o homem se apresenta com as qualidades, os defeitos, os sentimentos e as recordações que o sensibilizam. As relações familiares verdadeiras se mantêm e se intensificam. Aqueles que se amam jamais se apartam...

A morte não deveria, por isso, assustar a ninguém, uma vez que nada perdemos com ela, a não ser os bens que desfrutamos provisoriamente enquanto reencarnados, como simples usufrutuários que somos, e até mesmo o nosso corpo material, que nenhuma falta fará ao Espírito liberto, que se expressará então em outro corpo, semelhante ao primeiro, ao qual Paulo de Tarso chama de corpo espiritual (*) e Kardec define como sendo o envoltório sutil da alma ou perispírito.

A desencarnação – ensinam os imortais – atinge-nos de modos diferentes, segundo a condição moral de cada um.

Lemos no livro O Céu e o Inferno:

 

“A causa principal da maior ou menor facilidade de desprendimento é o estado moral da alma. A afinidade entre o corpo e o perispírito é proporcional ao apego à matéria, que atinge o seu máximo no homem cujas preocupações dizem respeito exclusiva e unicamente à vida e aos gozos materiais.” (O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, 2ª Parte, cap. 1, item 8.)

 

Existe, pois, uma relação direta entre o modo pelo qual vivemos no mundo e o começo da vida além-túmulo, porquanto o desprendimento da alma, em seguida à morte corporal, é semelhante ao despertar da pessoa que renasce para uma nova existência corpórea.

Duas conclusões podemos tirar dos ensinamentos acima.

A primeira é que é preciso compreender melhor o sentido da vida, que não se resume aos poucos anos que compõem nossa existência corpórea.

A segunda é que, submetidos à lei do progresso, temos o dever indeclinável de trabalhar por nosso aprimoramento moral, identificando-nos com a vida espiritual e abdicando, se preciso, das vantagens imediatas em prol do futuro, sem nos esquecermos de que somos Espíritos e temos objetivos que transcendem as metas e as preocupações exclusivamente de natureza material.

 

(*) Semeado corpo animal, ressuscita corpo espiritual. Se há um corpo animal, também há um espiritual. (I Coríntios 15,44.)

 

 

 


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